Capítulo 11 | Amigos

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[Sammy]


— Sammy, o que eu vou fazer? Eu estou perdida!

— Se acalme, Alaska! — segurei-a pelos ombros. — Agora respire fundo, ok? — seguindo meu conselho, Marie inspirou e expirou repetidamente. — Ótimo. Me diga o que aconteceu depois que Alex e Allison entraram em sua casa.

— Meu pai e minha mãe desceram as escadas e viram os dois.

— Qual o motivo de voltarem?

— Allison disse que teve um vazamento de gás na faculdade e o diretor suspendeu as aulas por duas semanas até resolverem o problema. Foi grave. Também tinham que fazer outras manutenções ou algo assim. Unindo o útil ao agradável, ela e Alex decidiram que seria melhor passar um tempo em Skarye Fall. Ela sente muita falta de casa. E seria maravilhoso... se eu não tivesse uma baita queda no namorado dela!

— Não precisa gritar. Estamos no meio da rua. — Sussurrei para a baixinha, que obviamente não viu os pedestres na calçada esticando o pescoço para saber o motivo de tanta euforia. — Sei que você está super nervosa, mas vai dar tudo certo. Se você conseguiu antes, consegue agora.

— O problema é que antes Alex não tinha pegado na minha mão. E também, acho que desde a última vez que ele nos visitou, nos aproximamos mais... Argh, sou muito emocionada. Me odeio.

— Alaska, você não pode dar mole...

— Fala isso pro meu coração faltando sair pela boca toda vez que o vejo.

— Eu sei que não escolhemos de quem gostamos, só que você não pode deixar esse sentimento te dominar. Tente agir normalmente quando estiver perto de Alex. E você fica na escola quase que o dia todo, não? É só chegar e se trancar no quarto.

— E o jantar?

— Vai ser pouco tempo. Coma rápido e suba.

— E nos finais de semana?

— No sábado você vai estar ocupada com o show de talentos. No domingo pode passar o dia lá em casa ou sei lá.

— Até me esqueci dessa droga de show.

— Ah, se anime. Já está quase na hora. Depois de amanhã é o grande dia.

— Aí, meu Deus!

— O que?

— Meus pais vão e provavelmente Allison e Alex também!

— E qual o problema?

— Eu não quero que Alex vá! Vou me sentir envergonhada se ele ficar me observando!

— Você nem é de se envergonhar... Relaxa, talvez eles nem vão.

Ela mordiscou a unha do dedão.

— Tomara que você esteja certo.

— Estou. E vamos andando se não quisermos chegar atrasados na escola.

Alaska fez careta.

— Já que não tem outro jeito...

❤︎ ❤︎ ❤︎


Eu me perguntava por que Educação Física era uma matéria importante. Quer dizer, eu era meio descoordenado e sem jeito para esportes. Não servia para nada. Fora que o uniforme — camisa branca de gola redonda azul-marinho e um círculo com duas asas no centro e "S. F. H." destacado na altura do peito — ficavam feios em mim. Alaska dizia que eu devia usar shorts mais vezes porque minhas pernas eram bonitas. Pelo lado bom, eu as mantinha sem pelos — eles me deixavam agoniado. Mesmo já estando vestido, decidi que não ousaria de forma alguma participar — ainda mais porque o esporte do dia era vôlei e da última vez levei uma bolada na cabeça, caí e ainda bati o crânio no chão. Eu quase desmaiei. Não estava à fim de repetir a dose. Uma ideia surgiu. Andei até o treinador Mayne e simulei dor. O senhor Mayne tinha miopia e, como estava sem óculos, esperei que ficasse convencido pela visão embaçada.

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora