Capítulo 4O | A verdade

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[Sammy]

Saber da morte de Todd teve o efeito de uma doença que deixou meu estômago embrulhado e gosto ruim na boca por dias. Embora não nos déssemos bem, jamais desejei um final destes para ele.

Sei que não deveria me culpar pela morte dele, mas dentro de mim, eu me culpei involuntariamente. Era inevitável. Eu e mamãe decidimos que não iríamos contar nada para meu irmão no momento. Não adiantaria nada ter um Sky transtornado em outro lugar. Além disso, ele precisava estar bem para jogar. Se perdesse o jogo contra Jhun'Nipper Hills, não se perdoaria futuramente e muito menos eu ou minha mãe. O funeral de Todd foi pequeno. Como ele já não tinha família viva, só eu, mamãe e Alaska participamos da cerimônia. Foi um tanto deprimente ver o caixão de madeira, sabendo que lá dentro estava o corpo dele. Mamãe foi a que mais sofreu. Apesar de estar tentando ser forte, soube que ela se encontrava extremamente abalada por dentro. E o mais engraçado foi que nossa vida continuou. Simplesmente... continuou. Mesmo parecendo cruel colocar desse jeito, não paramos de viver porque Todd morrreu.

Eu e minha mãe nos ajudamos a cada dia; comíamos, bebíamos, respirávamos e desfrutamos da companhia um do outro, recolando nossos caquinhos parte por parte. Conforme o tempo passou, lidar com meus sentimentos se tornou mais fácil. Entretanto, meu ânimo para ver os Lobos De Skarye Fall versus as Águias De Jhun'Nipper Hills era abaixo de zero, encolhido debaixo da cama. Fui porque Lauren e Alaska insistiram. No caminho para o vestiário, meu coração palpitava alto de nervosismo. Eu não sabia como seria ver Sky tendo de omitir a informação que nosso padrasto morreu na cara dele. Rezei para que não me pegassem na mentira, para que ele não me interrogasse antes do jogo. Lá dentro, quando o vi, suei frio. Minha saída? Usar a saudade do meu namorado para poder apenas acenar para meu gêmeo e ir ao louro.

— Oi, bebê. — Travis me puxou, pela cintura, para o espaço com maior distância dos outros jogadores e moldou um sorriso lindo. — Morri de saudades de você, sabia?

Minha mente ainda circulava ao entorno de Sky e o grande problema da vez, no entanto, me deixou desfrutar a presença do meu namorado.

— Eu também. — Admiti.

— Fico feliz que tenha vindo me ver.

— Fico feliz que tenha vindo te ver.

— Ohwn, você é tão... fofo! — Willson exclamou, e me deu uma bitoca. — Como foi a semana em Skarye Fall longe de mim? Muito ruim ou extremamente ruim?

— Convencido. — Mostrei a língua. — Aconteceu muita coisa. Assunto para depois. — Interrompi-me. — E como foi sua semana sem mim, amor?

— Foi muito boa, sério. Me deu um tempo para descansar de você e... aí! — Nick parou de falar devido o beliscão e minha cara nada satisfeita. — Ei, tô brincando. Essa semana foi muito dura com os treinos e tudo mais. E principalmente por eu ter ficado longe de você. — Emendou. Cerrei as sobrancelhas. Ele não esperava que eu fosse acreditar no papo furado, né? Não cedi nem quando me trouxe mais para perto. — Deixa disso, bebê. Eu senti sua falta. De verdade.

Funguei.

— Não sentiu nada, mentiroso.

— Mais que namorado mais bravo eu tenho. — Ele alisou a lateral da minha cintura com os dedos e segurou meu queixo com a outra. Suas pupilas e acesas inspecionaram cada centímetro de minha expressão. — Você fica lindo assim. De qualquer jeito, na verdade. — E me beijou. Um beijo demorado, cheio de devoção, ternura e uma pitada de chama ardente. Minha postura se desfez por completo e quase amoleci nos braços dele. — Eu senti sua falta. Você não imagina o quanto.

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora