Criminal Time \\N.H\\

1 Air

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O ar está a ficar quente dentro do saco de tecido o que me dificulta a respiração, tenho a cara suada, a boca seca e os olhos doem-me por estar a chorar à horas. O ar quente e desgastado faz-me ficar fraca e cada vez mais tonta que nem consigo sentir raiva de quem me fez isto porque não me consigo sentir, as correntes das minhas mãos já fizeram frida e as das pernas estão a magoar tanto que já sinto sangue quente a escorrer pela pele fria, o frio do quarto ou do que seja congela-me os ossos e a humidade está a fazer-me dores horríveis em todo o lado.

Com as porcarias das correntes a prenderem-me de tal maneira que não consigo fazer muita coisa se não mexer os dedos e já é muito.

Ganhei coragem e mexo um pouco as mãos para saber se ainda estou viva e consigo sentir que estou numa cama porque sinto o cobertor rasgado e aspro de baixo de mim.

No dia em que faço 18 anos sou raptada, melhor prenda do que esta acho que é impossível.

Ainda tenho a mesma roupa desde que me raptaram e pelas minhas contas já se passaram dois dias. Dois dias sem comer, sem beber e sem ir à casa de banho.

Se me raptaram pelo menos podiam me ter tratado de outra maneira.

E o meu gatinho? Ele deve estar sozinho em casa...pobre gato.

Oiço um estrondo vindo de algures e todo o meu corpo estremece e encolho-me mais, não quero que me magoem outra vez.

Os passos de alguém ficam mais próximos e a cada passo o meu coração fica mais rápido e o ar parece que ainda fica pior.

-Não te mexas!

Uma voz masculina fala rígida e sinto o tecido a ser separado da minha cara.

Com um movimento calmo corta o tecido com uma tesoura dando-me passagem para encher os pulmões com ar limpo mas logo começo a tossir por causa do ar poeirento e o meu coração acelera de maneira não saudavel quando o sinto a aproximar algo de mim.

-bebe isto.

Ele põe-me uma palha na boca mas eu não bebo.

-Despacha-te!!

Ele grita e abana-me.

Por favor que isto me mate!

Bebo o líquido que até é doce e quando acaba o homem quase me arranca a palha da boca.

-Linda menina! Agora...está quieta!!

Ele grita a última parte e a vontade de lhe acertar com alguma coisa na cabeça é muita! Mas a merda das correntes não me deixam nem mexer um centímetro.

-Porquê eu?

Eu pergunto com as poucas forças que me restam. Um riso seco e irónico ecoa pelas paredes e mesmo com o corte não consigo ver nada se não preto.

-Porque todas as Bad Girls tem um castigo...