PRÓLOGO

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MARTINA

Passei meus vinte anos morando com meus pais e meu irmão pequeno na mesma casa, já estava na hora de eu me mandar de lá e ter a minha própria.

Depois de ter uma boa e longa conversa com a Maju, a gente decidiu dividir o aluguel do apartamento para ser mais fácil, e já havíamos acertado tudo com o proprietário e com os nossos pais, ou seja, a única coisa que faltava era tirar tudo das caixas e arrumar depois da aula. Mais feliz que a gente, só duas de nós.

- Tina, vamos? - a Maju apareceu perguntando enquanto eu conversava com um colega meu no gramado do campus.

- Vamos, nega - falei me despedindo dele e seguindo o caminho com ela.

Pra nossa sorte o apartamento não era tão longe, mas vou te falar hein, bater perna todo dia por esse trajeto de seis quadras não era comigo, eu andava dois passos e já tava com disposição zero. E pra isso existia o Matheus.

- E aí, minha cheirosa - ele disse vindo ao meu encontro no estacionamento.

- Minha? - perguntei com uma sobrancelha erguida e ele riu me abraçando.

- Não começa - falou durante o abraço e eu dei uma risadinha.

- Não adianta de nada eu ser linda pra caralho e gente boa desse jeito se eu tenho que ser a tocha humana desse casal que não se assume, mereço mais - a Maju falou fazendo eu sair do abraço.

- Parou meu docinho - falei indo em direção ao carro do Teus.

- Doce é o que vocês fazem um com o outro, eu parei de tentar entender - ela disse entrando no banco de trás.

- Po Maria, tá afiada hoje né? - o Matheus disse entrando no lado do motorista enquanto eu entrava do outro.

- Só verdades, nego - ela disse sorrindo e eu balancei a cabeça negativamente com um sorrisinho de lado enquanto olhava o celular.

Mensagem ✉ (1)

Meninas odonto 😷

Flávia: Social na casa nova da @Martina, né?
Bi: Óbviooooo, apoio super
Eu: Ihh, tô sabendo disso não
Lara: Ah amiga, faaazz
Eu: Nem eras, tô indo agora pro apê arrumar tudo e provavelmente vou dormir cedo por culpa do cansaço
Flávia: Ata que vai, mas beleza, deixa pra outro dia
Bi: 😞
Eu: Beijos

Mensagem ✉ (2)

Mãe: "Quero que você volte pra casa, Titina, não tenho ninguém pra brincar comigo e fazer brigadeiro de noite" (áudio)
Eu: "Ah, Arthurzinho, eu vou visitar vocês sempre, já disse. E um dia você vem me ver também aqui no apartamento novo, tá?" (áudio)
Mãe: 😘💖😻💕❤😍💋💚
Eu: ❤❤❤❤

Bloqueei o celular rindo dos emojis do Arthur e a Maju e o Teus riram do áudio dele.

- Saudades desse moleque, faz mó tempão que eu não vejo ele - o Matheus falou dobrando a esquina.

- Também né, amado. Nunca mais foi lá em casa - falei empurrando seu braço de leve e a Maju bufou ali de trás.

- Poupe-me - ela disse encostando a cabeça na janela e eu ri.

- Me poupe digo eu, você que não me convida mais Martina - ele disse e eu rolei os olhos.

- E precisa de convite com você, Matheus? - devolvi o ênfase no nome e ele riu — Chato.

- Reino em pessoa eu diria - falou.

- Diria nada, você não tem esse direito - falei zoando com a cara dele.

- Ah se eu tenho - falou dando uma risada sem humor - Convivo com você todo santo dia e não tenho direito? Ah tá.

- Chato é apelido - falei mexendo no meu cabelo.

- Você gosta - ele disse sorrindo e eu franzi a testa.

- Eu gosto? - olhei pra ele que devolveu o olhar.

- Gosta, Martina, você ama. Agora chega, ok? Grude do meu lado, não quero - a Maju disse fazendo a gente rir de novo. Sabíamos que ela se irritava com isso mas era inevitável.

Ele logo parou na frente do prédio e a gente desceu só com a mochila da aula em mãos.

- Não vai subir com a gente, Teus? - perguntei curvando as costas pra olha-lo da janela do carro.

- Foi mal Tina, tenho que ir lá pro meu tio resolver umas paradas do estágio - falou - Mas depois venho aqui ajudar vocês, beleza?

- Tá tranquilo. Beijo - falei levantando e ele não demorou pra arrancar o carro.

- Matheus é um desgraçado, puta que pariu - a Maju disse enquanto entrávamos no prédio - Prometeu que ia ajudar a gente, eu hein.

- Mas ele vai, menina. Deixa de ser chata - falei entrando no elevador e apertando o botão do sexto andar.

- Ah tá, vai nessa - falou - Gosto demais dele, você sabe, mas não duvido que isso de ele ir falar com o tio dele a essa hora seja uma desculpa.

- Ah, pronto. Começou você e as suas desconfianças - falei rolando os olhos.

- O Matheus de antigamente subiria e nos ajudaria na hora, ainda ia fazer uma bagunça e pedir comida com a gente - disse - Acorda.

- Tá bem Maria Júlia - falei bufando - Deu, vamos nos preocupar só com o apartamento.

- Beleza - ela disse e o clima tinha ficado tenso, mas assim que o elevador abriu no andar a gente foi andando até a nossa porta e eu abri a mesma.

- Porra, isso tudo é nosso, dá nem pra acreditar - falei largando a chave no balcão e admirando cada detalhe.

- Né, parece mentira - ela disse passando na minha frente.

- Só de ver essas caixas aí já bate uma preguiça - falei largando minha mochila no sofá.

- Nem vem, não aceito corpo mole aqui não - falou tirando o tênis - Pode vir ajudar que eu não vou fazer tudo sozinha.

- Se acalma aí - fiz um nó no cabelo e fui até ela no centro da sala, mas antes de começar a organizar pedi um rango pra nós duas no iFood e demoraria uns 30 minutos.
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