Capítulo 29

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Maratona 6/8

MAJU

Eu não tava suportando mais ouvir a Anita falar de macho então só foi eu terminar o doce que eu fugi pro banheiro. Fiz um pips e lavei as mãos, arrumei meu cabelo e nisso o meu celular começou a tocar.

Ligação 📲
Tiago: Maria?
Maju: Oi, tudo bem?
Tiago: Você tá em casa?
Maju: Não, tô com a Leticia numa cafeteria. Por que?
Tiago: Tem como você ir pra sua casa? Tô indo pra lá agora.
Maju: O que aconteceu Tiago?
Tiago: Te conto lá, beleza?
Maju: Tá, tô indo.
Fim da ligação 📲

Estranhei mas agradeci mentalmente por ele ter me poupado de ficar ali com a doida da Anita. Fiquei preocupada pelo jeito que ele tava falando e esperava mesmo que não fosse coisa ruim, avisei a Leticia e fui a pé pra casa mesmo. Cheguei lá no prédio e o Tiago me esperava no sofá da portaria.

- Ei - falei assim que entrei e ele me olhou levantando - Vai me falar porque tá todo estranho?

- Dá pra gente subir? - perguntou e eu assenti. O caminho até lá cima foi silencioso e eu percebi o quão nervoso ele tava, e o Tiago não é de ficar assim.

- Desembucha - falei assim que abri a porta e tranquei a mesma depois que ele entrou.

- Sabe aquelas paradas que você viu no meu quarto aquele dia? - me encostei na parede enquanto pensava e lembrei das drogas, soltando o ar pela boca.

- Sim.

- Eu preciso que você esconda pra mim - eu ri debochada - Maju, só você sabe, e seria bem melhor aqui com você do que com os caras, por favor.

- Tá fodido né? E precisa da minha ajuda? - falei de braços cruzados e ele esfregou a mão no rosto - Quando você se meteu com isso não pensou nas consequências, agora se vira que eu não quero me meter nisso.

- Maria, é sério, a minha mãe quase que achou hoje, eu só preciso esconder por um tempo até eu me livrar de tudo, eu juro que vou o quanto antes. Me ajuda nessa, vai.

- Não vou, Tiago. Não gosto de me meter com isso, minha família já sofreu por conta dessas paradas e eu não gosto nem de chegar perto.

- Porra Maria, não dá nada - veio mais perto de mim - Por pouco tempo, por favor. Tá lá no carro.

- Eu disse que não, Tiago. Tá surdo? - falei mais alto e ele suspirou - Vai embora, por favor. Fez eu perder o meu tempo atoa - falei abrindo a porta mas ele nem se mexeu.

- Maju...

- Não. Pede pros seus amigos, pra outra pessoa, porque eu não quero fazer isso.

- Sério mesmo? - veio andando até a porta.

- Tô com cara de quem tá brincando? Você não me entende, não sabe o sufoco que foi quando o meu irmão se meteu com essas merdas e a gente perdeu ele por conta disso, agora sai que eu não quero me estressar mais - ele não disse mais nada e saiu. Fechei a porta e suspirei enquanto pensava nisso.

Meus pais não aceitaram quando descobriram que meu irmão usava drogas, vendia, e era conhecido por isso. Meu pai mandou ele embora de casa e ele acabou sumindo da cidade sem falar com ninguém. Nem comigo que era o rabinho dele, a melhor amiga, ele falou. A gente sofreu muito, principalmente eu, tentei ligar, chamar diversas vezes mas nada de ele me responder. Já faz dois anos e meio que ele foi embora mas toda vez aparece algo ou alguém me ligando com o que aconteceu.

Fui pro meu quarto e resolvi ficar por lá mesmo, agora que eu voltei pra casa não tinha quem me tirasse daqui. Troquei a roupa por uma mais confortável e me joguei na cama, liguei a TV e fiquei vendo série enquanto mexia no celular.

VITOR

Finalmente o beijo com a Martina tinha rolado e eu era um homem feliz. Ela tava tão quietinha nos meus braços que eu pensei até que estivesse dormindo, mexi no cabelo dela e joguei ele pra trás.

- Tina? - falei.

- Hm? - falou baixo.

- Tá com sono?

- Mais ou menos - ergueu a cabeça e olhou pra mim - Desse jeito que a gente tá não tem como não relaxar - a encarei nos olhos e viajei neles, na cor vibrante deles e no brilho natural que eles tinham, na verdade e na tranquilidade que eles passavam - Que foi?

- Gosto de olhar pra você - falei baixo e ela de um riso desviando o olhar - Sempre gostei.

- Como assim sempre? - voltou a olhar pra mim com um sorriso.

- Acha mesmo que eu nunca babei em você antes? - falei - Te observava muito e você nem tchum pro pai - riu.

- Então você é burro porque eu sempre te dava uma olhadas também - falou.

- Dava é? - sorri e segurei seu rosto enquanto puxava seu lábio - Linda.

- Sou mesmo - acariciou meu abdômen e roçou sua boca na minha de uma forma gostosa.

- Acho que vou brigar com meu padrasto mais vezes - falei sem tirar os lábios dos seus e ela riu de olhos fechados.

- Fala nem brincando, bobo - desci a mão pra sua bunda e dei uma apertadinha, deixei ela ali e aproveitei o tempo com ela trocado beijos e carícias por um bom tempo.

Era muito bom se desligar de tudo lá fora e aproveitar o momento com alguém. Na primeira vez que eu vi a Martina no elevador não esperava chegar nesse ponto com ela, mas agora eu só ia deixar rolar.

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