Capítulo 17

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MAJU

Eu tava de boa conversando com o Tiago e o Miguel até sentir uma mão no meu ombro.

- Maria, a gente pode conversar? - o Matheus me perguntou com uma cara de inocente mas que não me enganava.

- Aham - mantive a calma e a paciência e puxei ele lá pra fora.

- Você tá puta né? - perguntou e eu ri sem humor.

- O que você acha, Matheus? A coisa mais ridícula que você fez foi pedir a Martina em namoro.

- Tem certeza que foi isso? - perguntou.

- Claro que foi, porra. Tá achando que é o que?

- Eu acho que você tá com ciúmes - e foi aí que eu ri mesmo.

- Eu tô preocupada com a saúde mental da minha amiga, Matheus. Pelo amor de Deus, você não se toca mesmo. Quer um semancol? Te dou.

- Mas o que eu fiz pra você, poxa? Eu só quero fazer ela feliz.

- Tava tudo certo quando vocês ficavam sem compromisso e não tinha sentimento envolvido, porque aí você podia ser o canalha que você quisesse. Mas quando a coisa começou a ficar séria, ou você abria o jogo na hora, ou você deixava de ser esse canalha. Você não merece a Martina, e você sabe - falei e ele ficou quieto - Acabamos?

- Sim - ele desviou o olhar pra rua e eu entrei novamente, indo até a mesa e sentindo meu corpo mais leve.

- Esse é o namorado da Tina? - o Tiago perguntou e eu concordei com a cabeça.

- Tu não bateu no moleque não né? - o Miguel disse e eu ri alto.

- Bati nada, mas vontade não me faltou - falei secando a garrafa.

Depois dessa cerveja eu bebi mais umas 84 garrafas e só lembro de concordar com o que o Tiago disse e ir com ele pro carro.

- Tem certeza que tá bem? Não quer ir pra casa? - ele perguntou dando partida.

- Tô ótima - falei deitando mais no banco - Quero ir pra sua casa.

- Então tá - falou e eu ergui o volume da música.

A gente demorou um pouco pra chegar e quando chegamos ele estacionou na garagem, eu desci e fui caminhando devagar até a porta com ele atrás.

- Você mora sozinho? - perguntei.

- Não, moro com a minha mãe mas ela já tá dormindo - falou e destrancou a porta.

Entrei na sua frente e observei a casa, ela era pequena mas bonita, eu tinha gostado. Ele largou a chave na mesa da sala e me puxou pro quarto dele.

- Posso dormir aqui? - perguntei depois de criar coragem fazendo ele olhar pra mim.

- Claro que pode. Mas se for só por causa da Tina, você sabe que tem que encarar isso uma hora ou outra né. Fugir não ajuda em nada. - falou e eu sentei na cama.

- Amanhã a gente vai se falar - eu disse enquanto ele tirava a blusa do corpo.

- Espero que sim - falou jogando a blusa num canto - Vou tomar um banho, vai tomar também?

- Depois de você - falei e ele concordou, entrando no banheiro.

Fiquei sentada na sua cama e tirei os sapatos, colocando eles num cantinho. Levantei e fiquei andando pelo quarto, olhando os detalhes e vendo as coisas do Tiago, mas teve uma coisa na mesa do quarto dele que me chamou atenção, era uma caixa meio aberta com saquinhos, e dentro deles tinham nada mais nada menos que drogas, baseados soltos, cocaína... Não gosto disso porque me lembra o meu irmão, que se meteu com isso e nunca mais saiu. Ele deixou eu e meus pais a uns anos por conta disso e mais umas paradas dele, e doeu muito na gente, principalmente em mim que sempre fui muito grudada nele, nem contato temos mais.

- Maju? - eu tava tão pensativa mexendo na caixa que nem vi o Tiago sair do banheiro - O que tá fazendo? - veio até mim rapidamente e fechou a caixa jogando ela embaixo da cama.

- Por que você faz isso? Sabe que não precisa - falei.

- Você não sabe do que eu preciso ou não - falou parado em minha frente.

- Sua mãe sabe? - perguntei.

- Não, e nem vai - falou virando pra cama e pegando o celular - Vai tomar banho, Maju.

-Tá - falei sabendo que não tinha como faze-lo mudar de ideia agora.

- Espera aí. Vou pegar uma camisa aqui pra você - falou antes de eu entrar no banheiro e levantou indo até o guarda-roupa e pegando uma blusa preta.

- Valeu - peguei a camisa e fui pro banheiro.

Tomei um banho quente e rápido, não lavei o cabelo e coloquei a blusa grande do Tiago sem nada além da minha calcinha por baixo. Sai do banheiro e só o abajur tava ligado, ele tava deitado mexendo no celular e parou quando me viu.

- Obrigada por ter deixado eu ficar aqui - falei deitando no outro lado da cama - E por ser meu amigo quando eu precisei.

- Ah, que nada. Gosto de você e amigo é pra isso - falou virando de frente pra mim.

- É.. - falei mexendo no meu cabelo - Tá com sono?

- Pior que sim, e você?

- Nenhum um pouco - suspirei.

- Vira aí - ele disse.

- Hã?

- Vira pro outro lado - falou e eu franzi a testa mas virei, logo senti sua mão nas minhas costas e me arrepiei. Fiquei quieta enquanto ele acariciava minhas costas lentamente e ia me relaxando.

- Tá tentando me fazer dormir?

- É o intuito - riu.

E funcionou, demorou mas eu dormi com ele passando seus dedos nas minhas costas. Acordei no outro dia com uma leve claridade vinda da janela e olhei pra trás vendo que só tinha eu na cama, levantei devagar e coloquei minha roupa de ontem, fiz um coque no cabelo e sai do quarto seguindo o caminho que eu achava certo pra cozinha.

- Bom dia - o Tiago falou assim que me viu e tomou um gole do café - Senta aí.

- Acho que eu já vou ir pra casa - olhei no relógio e vi que eram sete horas - Preciso ir pra aula daqui a pouco.

- Tá, eu te levo - levantou da mesa.

- E a sua mãe? - olhei pros lados não vendo ninguém.

- Tá dormindo ainda, po - riu - Essa aí dorme até meio dia.

- Eu toda quando for mais velha - falei rindo e sai com o Tiago que tava vestido de qualquer jeito.

O trajeto foi curto e assim que eu desci do carro agradeci e subi as pressas. Fiquei surpresa por não ter rolado nenhum beijo mas gostei de estar com ele dessa forma. Assim que entrei em casa escutei barulhos na cozinha e deduzi que fosse a Tina.

- Oi - falei vendo ela concentrada no celular mas logo olhou pra mim.

- Oi - disse levantando e servindo mais café.

- Tudo certo? - perguntei me espreguiçando.

- Sim, e com você?

- Também, só tô cansada - falei saindo da cozinha e indo pro quarto me trocar.

Coloquei uma roupa rapidamente, lavei o rosto, escovei os dentes e fiz uma make básica, guardei as coisas na mochila, passei desodorante, perfume e arrumei o cabelo. Quando eu voltei pra sala a Martina tava sentada no sofá.

- Vamos juntas? - perguntou.

- Vamos sim, pego algo pra comer na rua - falei e ela levantou pra vir comigo.

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