VITOR
Achei a ideia da Maju meio nada a ver porque eu e a Martina juntos não dá coisa boa, mas mesmo assim ela é minha vizinha e amiga dos meus amigos, seria bom entrosar com ela.
Assim que a minha aula acabou eu fui pra casa almoçar e não encontrei nenhuma das meninas no caminho, terminei rápido e quando eu ia saindo do prédio pra ir pro trabalho vi a Martina descendo de um carro preto e um cara que deveria ser o "namorado" dela dirigindo, fingi que não vi e andei pro lado oposto deles. Eu trabalhava na empresa do meu primo que não era longe então eu ia a pé na maioria das vezes, cheguei lá e cumprimentei o pessoal, passei reto pela sala do meu primo que parecia ocupado e bati o ponto, sentando na minha mesa e já vendo uma pilha de relatórios me esperando.
Assim que eu terminei tudo fiquei sentado mais um pouco ali e desbloqueei o celular indo ver as mensagens.
Mensagem ✉ (1)
Duda: Oi Vitor
Duda: Não te vi o dia todo, tá fugindo de mim?
Vitor: Oi, tô não, só tô cheio de coisa pra fazer
Duda: Ah, ok. Posso ir aí depois?
Vitor: Nem eras, vou sair com os caras
Duda: TáA minha relação com a Duda tava murchando cada vez mais e eu não tinha mais o mesmo interesse de antes, eu gostava das ficadas e tudo mais, mas o jeito dela e como ela queria eu a todo momento estava me irritando. Tô bem sem compromisso, ela sabe disso e força pra caralho.
Acabei esquecendo de chamar a Martina antes então mandei uma mensagem mesmo e confesso que tava nervoso pela resposta, Martina é uma caixinha de surpresas e as repostas dela pra mim são sempre acompanhadas de patadas.
Vitor: Boa tarde
Vitor: O pessoal quer ir no bar as 19h, bora?
Martina: Vitor me chamando pro bar?
Martina: Algo de errado não está certo
Vitor: Deixa de graça, Maju disse pra eu chamar geral
Martina: Acabei de chegar do estágio e não vi ela por aqui, você sabe onde ela tá?
Vitor: Já deve estar lá, quer carona pra ir?
Martina: Aceito, mas sem gracinha
Vitor: Sem gracinha. ☑
Martina: Kkkkkk idiota
Martina: Tá aonde?
Vitor: Ajeitando minhas coisas aqui no trabalho pra ir embora, já chego
Martina: Vou me arrumando, quando chegar é só apitar
Vitor: BeleGuardei o celular e levantei da cadeira saindo porta fora, me despedi de geral e passei rapidão no escritório do meu primo pra ver qual é que eras, mas ele nem tava mais ali. Corri pro prédio e assim que eu cheguei bati na porta da Martina.
MARTINA
Meu dia foi cansativo mas nada fora do comum, almocei com o Theus e a vó dele, ela faltou explodir de felicidade em saber que estávamos juntos e não parava de falar um segundo. Depois ele me deixou no estágio e disse que ia no tio dele de novo. Não falei com a Maju o dia todo e ainda veio o Vitor me chamar pra ir pro bar, e eu que não iria recusar, tava precisando beber e sair um pouco.
Tomei um banho, passei meus cremes, coloquei minhas peças íntimas, um body bege, uma calça jeans preta de cintura alta e uma bota de salto de cano curto, deixei meu cabelo solto e penteei, passei só um rímel e um lip tint. Escutei batidas na porta e peguei minha bolsa na cama indo até lá, assim que eu abri vi o Vitor todo arrumadinho do trabalho e com muita cara de cansaço.
- Você espera eu me arrumar? - perguntou.
- Aham, mas não demora - falei.
- Vem aqui - falou indo até a porta dele - Não faz mal você entrar, po - pensei por meio segundo e sai fechando a porta.
Tranquei a porta enquanto ele entrava e deixava a porta aberta. Entrei ali devagar porque não conhecia e encostei a mesma.
- Vitor? - falei alto e ele apareceu sem camisa
- Só vou tomar um banho rapidinho, fica a vontade.
- Agora a educação se encontra presente - falei baixinho lembrando da primeira vez que falei com ele.
- Hã? - apareceu de novo.
- Falei nada - eu disse e fiquei caminhando pelo apartamento dele e vendo as coisas, as fotos, as roupas bagunçadas, e não podia deixar de olhar o quarto dele. Vi uma calcinha rosa embaixo da poltrona do quarto dele e ri baixo, essa casa tava precisando de uma geral.
Sentei na ponta da cama dele e fiquei sentindo o cheiro do perfume dele que ficou pelo quarto e que não era ruim. Apoiei meus cotovelos na cama e joguei a cabeça pra trás enquanto fechava os olhos, eu tava bem cansada como de costume porque esse ano tá bem mais corrido do que o ano passado e eu ainda não sou 100% acostumada com essa rotina de aula, estágio e ainda a casa nova pra cuidar, é tudo novo pra mim e eu tô tendo que ter bem mais responsabilidade. Agora não tem mais minha mãe dobrando minhas roupas do chão, meu irmão me esperando todo dia pra jogar vídeo game, meu pai me dando carona sempre e os almoços em família no domingo, é tudo diferente agora e ainda não caiu a ficha que eu e o Matheus estamos namorando. Como eu disse, é tudo novo.
- Martina, ô - abri os olhos com o Vitor me chamando e eu tinha caído no sono enquanto pensava nisso tudo.
- Meu Deus - sentei rápido - Não acredito que eu dormi.
- Apagou - falou e eu percebi que ele tava sem camisa e tava com um samba canção, e que já tinha escurecido um pouco. Olhei no celular e eram 20 horas.
- Porra, Vitor. Por que não me acordou antes? E o bar? - perguntei levantando.
- Faltou coragem pra te acordar, tu parecia estar cansada e eu achei que o bar poderia ficar pra outro dia - falou bebendo um gole de uma long neck de Corona.
- Af - sentei na cama de novo e cocei os olhos, eu tava quase caindo de sono e não sabia mais pra onde ia.
- Quer? - mostrou a garrafa e eu concordei com a cabeça.
- Valeu - falei assim que ele me entregou e tomei um gole grande da bebida. Eu tava sentindo meu rosto meio inchadinho de ter dormindo e só queria dormir mais.
- Se quiser comer, ver TV ou sei lá, é só falar - falou e eu franzi a testa olhando pra ele - Só tô sendo educado, nem vem.
- Tá, agradeço pela mordomia - falei tomando goles seguidos da Corona.
- Idiota - riu se atirando na cama e colocando o braço atrás da cabeça. Ele pegou o controle do criado mudo e ligou a TV colocando na netflix, fui mais pra cima na cama e fiquei sentada na metade dela com uma perna cruzada e a outra pra fora.
- Por que a gente tá aqui? - falei - Vendo TV juntos e bebendo cerveja?
- Não sei - falou - A única coisa que eu sei é que eu tô na minha casa.
- Nossa Vitor, vou nessa então - levantei andando até a porta.
- Po, Martina - falou sentando - Eu não falei que você não pode ficar, e eu sei que tu não quer ir pra casa por causa da Maju.
- Hm? - falei me virando e andando até a cama - Tá sabendo demais, não acha?
- Ah, a Maju me contou meio por cima do que rolou, relaxa - deitou de novo - Senta aí - sentei devagar e terminei de secar a garrafa, fiquei pensativa mas não falei mais nada.
- Então você tá namorando agora? - perguntou depois de um tempo cortando o silêncio.
- É, tô - falei e ele esticou o braço pegando outra garrafa e me dando.
- Felicidades - falou e eu ri - Que foi?
- Nada, valeu - bebi uns goles e apertei os lábios pra não rir do "felicidades", até parece que o Vitor gostou de eu estar namorando.
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Sintonia
RomanceTudo ocorria bem na vida de Martina, uma universitária que a recém tinha conseguido a liberdade que sempre quis se mudando para um apê com a amiga. Mas as coisas parecem mudar de rumo quando ela conhece seu vizinho, Vitor.