Capítulo 6

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MARTINA

Acordei com uma dor horrível no pescoço e mexi ele devagar. Vi o Matheus ainda dormindo no meu colo e coloquei sua cabeça no braço do sofá com cuidado.

Vi pelas janelas que ainda tava escuro e peguei meu celular pra ver a hora e eram a recém 03h50min. Fiquei surpresa porque achei que iria acordar somente no outro dia de manhã e já fui abrindo o whatsapp pra ver se o Biel podia me buscar.

- Vai se fuder, eu não tenho o número do Biel - falei baixinho e suspirei levantando.

Liguei pra Leticia e nada, depois liguei pra Maria Júlia e ela demorou, mas atendeu.

Ligação 📲

Eu: Maria?
Maju: Tina, aonde cê tá? - ela disse gritando um pouco devido ao barulho.
Eu: O Gabriel tá por aí?
Maju: Tá não, acho que ele saiu com o Tiago
Eu: Puts, e o... - pensei bem - Vitor?
Maju: Tá com o Miguel aqui. Por quê?
Eu: Passa pra ele
Maju: Ué... então tá
Maju: Martina? - reconheci a voz grossa.
Eu: Vitor, tem como você me buscar aqui na casa de um amigo?
Vitor: Agora precisa de mim, né?
Eu: É sério, Vitor. Preciso ir embora e não gosto de pegar uber essa hora
Maju: Tá, me passa o endereço que eu vou
Eu: ...

Fim da ligação 📲

Passei o endereço e ele disse que vinha. Não sei se foi boa ideia chamar o Vitor, até porque nem uma conversa descente tivemos ainda e eu entrosei bem mais com o Biel e o Miguel do que com ele, mas vamos ver no que dá.

Fiquei esperando ao lado do Matheus dormindo até escutar a buzina. Levantei e dei um beijo na testa do Teus que não acordava por nada, devia estar bem cansado. Depois sai pela porta e joguei a chave na mesa pela janela que tava um pouco aberta. Esperava mesmo que o Miguel ou uma das meninas tivesse junto, mas assim que eu me virei pra ir até o carro só vi o Vitor. Ótimo.

- Oi - falei entrando no carro com os saltos na mão e com o moletom do Matheus.

- E aí - falou e eu podia sentir o cheiro de cerveja misturado com o perfume dele - Noite foi boa? - apontou pro moletom.

- Não - ri fraco e ele deu partida - O meu amigo só me emprestou porque eu tava com frio. Sem maldade.

- Hum, beleza - falou - Quem tava mal? - perguntou num tom de curiosidade.

- A vó dele, ela tá bem doente - falei - E é tipo uma vó pra mim, sabe? Eu nunca tive uma presente e ela é maravilhosa.

- Hm, sinto muito - falou sem tirar os olhos da rua - Você é filha única? - ele aproveitou o momento pra saber mais sobre mim e eu cedi.

- Tenho um irmão de cinco anos - falei lembrando do meu parzinho de olhos azuis - E você?

- Uma de dezessete, me dá um trabalhão - falou com um sorriso de lado.

- Imagino - falei mexendo nas unhas.

- Tá boazinha por que? - falou finalmente me olhando e eu ri.

- Não começa - falei - Em vez de reclamar, aproveita que eu tô sem a minha armadura - riu.

- Então tá. Aproveitando o momento que ela tá toda de boa, vou fazer uma pergunta - falou e eu já sabia que pergunta viria - Por que o ranço comigo? - ri do jeito que ele disse.

- Só te achei folgado - falei - Tava tentando te por no seu lugar - falei e ele chegou na frente do prédio, abrindo o portão.

- Meu lugar? - riu olhando pra mim - Será que sou eu o folgado? - ele disse e eu empurrei seu braço de leve.

- Você bebeu? - perguntei vendo que ele tava meio bobo.

- Só um pouco - falou entrando com o carro na garagem - Relaxa que se eu ainda não capotei o carro, não capoto mais.

- Cala a boca - falei rindo e olhando pra janela.

- Vem calar - falou dando uma risada e estacionou o carro. Ele falando isso, entrando no jogo, e dando essa risada, dá uma mexida sim, não vou negar né. Mas eu mortinha de sono, olhar pesado, com o core quase todo do Matheus e mal conhecendo ele, não rolava.

- Ah, ele brinca? - falei colocando meu salto ainda dentro do carro e olhando pra cara dele.

- Quem disse que eu tô brincando? - ele falou firme olhando nos meus olhos e depois pra minha boca, fazendo eu dar uma estremecida.

- Olha só, chegamos - falei fingindo surpresa e apontando pra janela. Abri a porta mas ele segurou meu braço com cuidado, e um toque desses é de arrepiar qualquer uma, mas eu consegui me conter - Vitor, acho que deu né?

- Poxa, Martina. Assim cê quebra o pai - ele falou com uma cara tão boba que foi impossível não rir.

- Vamos ô bebado - desci do carro com um pequeno desconforto nos pés.

Ele desceu sem falar nada e correu pra me alcançar.

- É como falaram né, delicadeza acompanhada de chuva de coices: Martina - ele disse me empurrando de leve, fazendo eu dar um pulinho pro lado.

- Meu amor, acho que você bebeu um pouquinho demais - falei entrando no elevador com ele.

- Porra colabora comigo, vai - falou encostando o corpo na parede do elevador enquanto me olhava e eu olhei pro outro lado pra disfarçar.

- Aonde é que eu fui me meter, senhor? - falei olhando pra cima - Por que que eu fui te chamar, hein? Doido.

- Porque talvez o carro seja meu... - disse fazendo eu bufar - Ou porque talvez você esteja afim de ficar comigo - ele falou chegando perto com o intuito de me provocar, mas gloria a Deus eu estava sóbria e besteira eu não ia fazer.

- Tô afim é de dormir, Vitor - falei dando um empurrãozinho nele - Você tem que tomar um banho, um cafézinho, e ir dormir também - falei saindo do elevador e ele veio do meu lado.

- Você dormindo sozinha nesse friozinho é pecado, não acha? - falou e eu cheguei até a minha porta, destrancando a mesma.

- Acho, porém é melhor sozinha do que mal acompanhada - falei entrando e ele ficou com cara de bosta - Boa noite Vitor, obrigada pela carona - mandei um beijo no ar e tranquei a porta, começando a rir de novo.

- Você se escapou hoje, mas outro dia não vai - falou alto e eu ri enquanto tirava o sapato de novo.

- Ai, ai, esse querido viajou legal - falei pra mim mesma e fui até o meu quarto trocar de roupa.

SintoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora