Maratona 7/8
MARTINA
Abri meus olhos e a primeira coisa que eu escutei foi a respiração do Vitor a cima de mim. Eu tinha cochilado por um tempinho e pelo visto ele também. Olhei pra janela e já estava escurecendo, peguei meu celular e vi que eram quase sete horas.
- Vitor - sentei e fiquei de joelhos enquanto erguia seu rosto com a mão - Vitor?
- Oi - falou de olhos fechados mas logo os abriu - Tá tudo bem?
- Sim, mas eu preciso ir - falei levantando.
- Não, ô - puxou minha mão de volta - Passa a noite aqui, po, eu não me importo - ri.
- Tá abusando demais, Vitor - falei apoiando um joelho na beira da cama e ele entrelaçou seus dedos nos meus - Eu tenho que ir, bobinho. A gente se vê amanhã, tá?
- Ah, Tina - reclamou - Tá tão bom assim.
- Eu sei, mas a minha mãe tá me esperando, é sério. A gente pode sair amanhã, duvido que o pessoal não queira - soltei nossas mãos e me afastei.
- E se eu desmaiar ou algo do tipo? Tem coragem de deixar um pobre cara indefeso aqui sozinho? - ri.
- Que drama, meu pai. Você sobrevive, Vitor.
- Então tá - levantou - Te levo até a porta.
- Agradeço - saí andando na frente e ele veio atrás, destrancou a porta e abriu dando espaço pra eu passar - Tchau bebê, se cuida - ia saindo mas como o Vitor é, me puxou pela mão e me grudou na parede aproximando o rosto do meu e apoiando um braço no batente da porta.
- Não vai se despedir direito? - falou em tom de malícia e eu sorri puxando sua nuca e dando um beijo final naquela boquinha.
- Agora tchau - dei mais um selinho e sai correndo pro meu apartamento antes que eu mudasse de ideia e ficasse. Arrumei umas roupinhas e umas coisas numa sacola e desci pro hall do prédio.
Fui a pé mesmo pra não ter que gastar mais dinheiro em uber e quando eu cheguei lá o Athur estava no jardim brincando com meu pai.
- Voltei, mores - falei abrindo o portão e o Arthur sorriu.
- Achei que não ia mais voltar, sua boba - ele disse e eu ri passando a mão no seu cabelo e dando um beijo no meu paizito.
- Mas voltei, meu gatinho. Esqueceu que vou dormir com você? - parei com as mãos na cintura.
- Acho bom, mocinha - veio até mim e saiu andando na minha frente com uma postura de homem.
- Fico tão feliz com você aqui, Tina - meu pai disse colocando as mãos nos meus ombros enquanto entrávamos.
- Também fico feliz de ficar com vocês, sinto saudades absurdas todos os dias - falei enroscando meu braço no seu pescoço e ele sorriu dando uma apertadinha no meu braço.
- Até que enfim, Martina. Já estava preocupada - minha mãe surgiu lá de dentro e eu larguei a sacola no sofá.
- Já assim? - perguntei rindo.
- Achei que você ia ficar nesse seu amigo - sussurrou em tom malicioso enquanto meu pai sentava no sofá e nem ouvia nada.
- Ele tava precisando da minha ajuda, mãe - segui ela até a cozinha - Aconteceu uma coisa séria.
- Ah, bom - puxou uma cadeira e sentou - O que aconteceu?
- Ele se machucou e eu como uma ótima pessoa cuidei dele, só isso - peguei o suco na geladeira e me servi.
- Ótima pessoa, sei - riu - E vocês são só amigos?
- É, acho que sim. Por que quer tanto saber? - ri e dei um gole no suco.
- Por que você nunca mais me contou dos boys, não sei nem se você tá solteira.
- Mas é claro que eu tô solteira, Mara Maravilha - ri - 0 boys no momento.
- Hummm. tá bom então - bateu as unhas na mesa - E o Theus? - bebi mais do suco pra disfarçar.
- Não sei dele, acabamos nos afastando - virei de costas e larguei o copo na pia.
- Ih, filha. Por que? - perguntou e eu suspirei antes de responder.
- Briguinhas bobas, né mãe - menti e me virei de volta pra ela - Tô bem assim, e ele também.
- Pelo jeito não é briguinha boba não - cruzou os braços - Te conheço, menina. Pode falar.
- Af, não queria te contar pra te poupar desse estresse, mas não consigo mentir pra você - puxei outra cadeira e sentei de frente pra ela. Não queria mesmo contar pra evitar as perguntas dela e ainda deixar ela de cara com o Matheus, mas acabou que eu contei tudo, todos os detalhes, deixando ela incrédula.
- Como ele teve coragem de te trair, Tina? - encarou a mesa e voltou a olhar pra mim - Esse não é o Matheus que eu conheço, ele é um menino tão bom. Meu Deus.
- Pois é, mãe. Fiquei muito surpresa, eu também não esperava, achei que esse namoro ia ser a melhor coisa que iria acontecer esse ano e blá blá, mas foi a pior. E o pior de tudo é que a gente tinha uma amizade boa, aí estragamos tudo com esse namoro, né.
- ELE estragou, Tina. Você não tem que se sentir culpada por ter dado o seu melhor - falou e eu lembrei das palavras do Vitor - Bom, pelo menos você tá bem agora, né? Tá seguindo a sua vida do melhor jeito, como você sempre fez - sorriu.
- Sim, tô muito bem, estudando, seguindo meu sonho, e os meus amigos me ajudam muito também. Mas agora eu penso que não tenho que precipitar as coisas e deixar elas acontecem naturalmente, seja com quem for, né? Acho que eu e o Matheus nem queríamos muito namorar mas acabou acontecendo e deu no que deu - falei e ela concordou. Ela me perguntou das meninas e eu já aproveitei pra contar dos meninos, fomos emendando um assunto no outro e o papo foi grande.
- O que as minhas mulheres tanto falam, hein? Posso saber? - meu pai chegou na cozinha com o Arthur atrás.
- Coisas da vida, papis - levantei da cadeira e me espreguiçei - E a janta? Tô morrendo de fome.
- Vou começar agora - minha mãe levantou e deu um selinho no meu pai antes de pegar os ingredientes - Você me ajuda, filha?
- Óbvio - sorri e ajudei ela a preparar enquanto o Arthur ficava sentadinho com a chupeta na boca nos observando.
Quando ficou pronto eu montei tudo na mesa e comi com os três. Assim que eu acabei fui lavar a louça e fui pro quarto do Arthur descansar. Peguei meu celular e fiquei vendo as mensagens de mais cedo.
Mensagem (1) 💌
Vitor: Ow, meu quarto tá com cheiro de Martina
Vitor: Tem vergonha não?
Martina: Então tá cheirando muito bem
Martina: Vergonha? Nem conheço essa palavra
Vitor: kkkkkkkk seeei bem
Vitor: Olha lá o grupo
Martina: IndoMensagem (2) 💌
CHAMA A SAMU 🍺
Tiago: Chopada na casa do Paulão amanhã, bora?
Vitor: Bora
Biel: Já tó lá
Leticia: Eu tambémm
Maju: Não tô afim pessu
Leticia: Ih, nesse angu tem caroço
Martina: Eu queruu
Martina: Ué bebê, você negando um rolê?
Maju: Ai gente, não tô afim, só isso
Maju: Preciso aceitar sempre?
Leticia: Claro que não, só estranhamos amiga
Vitor: Eita pretinha, relaxa aí
Maju: Estou relaxada, meu bem
💌Achei estranho a Maju agindo desse jeito, chamei ela no privado pra perguntar mas ela tinha sumido e nem respondeu. Tomei um banho rapidinho e coloquei meu pijama, arrumei a cama do Arthur e dei boa noite pros meus pais, deitando grudadinha com o Thur.
- Tá com sono, bebê? - sussurrei pro Arthur que tava de costas pra mim.
- Sim - sussurrou de volta e fechou os olhos enquanto eu acariciava seu cabelo.
Pela janela eu via a luz da rua iluminando um pouco do quarto e fiquei viajando enquanto olhava pra ela, e nisso senti que o Arthur tinha pegado no sono. Demorei um pouco pra dormir mas uma hora eu finalmente apaguei.
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Sintonia
RomanceTudo ocorria bem na vida de Martina, uma universitária que a recém tinha conseguido a liberdade que sempre quis se mudando para um apê com a amiga. Mas as coisas parecem mudar de rumo quando ela conhece seu vizinho, Vitor.