Capítulo 13

9.9K 773 198
                                    

MAJU

Quando eu digo que não sou cega é porque eu realmente não sou, conheço muito bem o Matheus e sei do que ele gosta, e com certeza não é de namorar e de se prender a alguém. Ele gosta é da bagunça, de ser de todo mundo, de dar as fugas dele e o caralhos, mas a Martina não vê, e essa ingenuidade dela me irrita profundamente.

Eu vejo quando o Matheus mente pra Martina, quando ele diz pra ela que tá num lugar mas na verdade tá em outro, quando ele se declara pra ela e faz o apaixonado sendo que tudo que ele fala é de momento e só. Mas não tem o que fazer, se a Tina prefere acreditar nele, ela que tome no cu e se vire, eu tô fora. É por isso que quando eu percebo que tô me envolvendo com um molequinho sem rumo eu salto fora antes que a coisa piore.

A Martina tinha a recém saído e eu só arrumei a mesa da cozinha e sai também. Fui até a porta do Vitor ver se ele ainda tava em casa e ele abriu a mesma assim que eu bati.

- E aí, quer carona? - perguntou saindo e trancando a porta.

- Eu não ia pedir mas já que você ofereceu... - falei e ele riu andando comigo até o elevador.

- Bateu na porta porque então? - falou daquele jeito carinhoso que só ele tem.

- Porque eu queria uma companhia pra ir pra facul, po - falei.

- E a Martina? - perguntou assim que entramos no elevador e ele apertou o botão do térreo.

- Saiu puta da vida de casa, paciência zero pra ela hoje - falei e ele olhou pra mim.

- Puta por quê? - colocou as mãos no bolso com a testa pouco franzida.

- Não sei se você viu mas ela tá namorando né - falei e ele arregalou os olhos fazendo eu rir - Eu não acredito que você não sabia.

- Eu não, como assim namorando? - perguntou enquanto saiamos do elevador.

- Começou a namorar ontem e não falou pra ninguém, aí hoje eu fui conversar com ela sobre isso, disse o que eu achava e ela surtou. Eu tava tentando abrir os olhos dela sabe, porque o Matheus não é flor que se cheire.

- Porra, loucura - disse destravando o carro e eu entrei - Tá mas, ela também pode não ser flor que se cheire né Maju - sentou no banco e fechou a porta, dando partida.

- Ai Vitor, você não entende - suspirei - Ele é moleque demais sabe, e a Martina é uma mulher que merece mais, mas ela não percebe.

- Poxa, mas a Martina é esperta, inteligente, como ela não vê que ele é um moleque e faz as paradas com ela?

- Isso se chama amor - falei olhando pra janela - Ele era melhor amigo de nós duas antes, até os dois ficarem pela primeira vez e uma amizade colorida nascer, aí fudeu.

- Complicado... - falou com foco na rua.

- Tenta falar com ela - falei e ele me olhou rindo irônico.

- Eu? Falar com a Martina? Sobre o namoro dela? Quer que eu morra minha filha? - ri.

- Não sobre o namoro, mas sei lá, tenta entrosar com ela, chamar pra sair e tudo mais - falei.

- Ela já tem o Miguel, o Tiago e Biel pra isso, a gente não tem intimidade - falou entrando com o carro na faculdade.

- Ai Vitor, não fode - falei ajeitando a alça da mochila no ombro - Diz que a gente tá animando o bar a tardinha.

- Eu chamando ela do nada pro bar vai ser estranho, ela espera que vocês chamem e não o cara que ela tem ranço - falou parando o carro e pegando a mochila do banco de trás, ele desceu do carro e eu desci andando ao seu lado.

- Só vai, deixa ela esquecer de Matheus um pouco - falei.

- Tá, maluca - falei - Bar as 19h?

- Isso - falei sorrindo e ele balançou a cabeça negativamente enquanto girava a chave do carro nos dedos.

A gente se separou e cada um foi pro seu bloco, vi a Martina e o Matheus perto da cantina mas ignorei total.

- Fala, pretinha - o Biel surgiu do meu lado e colocou o braço em volta do meu pescoço.

- Oi bebê - falei dando um beijo no seu rosto.

- Qual foi? E essa cara aí? - perguntou.

- O namoro da Martina que mal começou e já me deu dor de cabeça.

- Ih, vou nem me meter nisso, ela sabe o que faz - falou.

- É, ela sabe - falei com a indignação estampada no meu rosto.

- Mas nem esquenta, Maria, cuida de você - falou - Vou indo lá, te vejo depois - beijou minha testa e saiu.

Segui meu caminho pensando sobre tudo isso e a única coisa que eu queria no momento era minha cama e meu cobertor.

SintoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora