Capítulo 11

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MARTINA

Já era umas seis da tarde quando eu decidi subir, guardei tudo na bolsa e coloquei meu shorts, calcei o chinelo e disse pro pessoal que eu tinha compromisso. No caminho pro elevador vinha o Miguel e o Vitor lá de dentro e é óbvio que o Miguel me parou.

- Não vai ficar pro bar, Tina? - colocou o braço em volta do meu pescoço e o bafão de cerveja veio forte.

- Não, bebê. Vou sair com um amigo - falei.

- Amigo - o Vitor falou e riu olhando reto e eu arqueei uma sobrancelha.

- Tá sabendo mais da minha vida do que eu agora? - falei com as mãos na cintura e ele olhou pra mim com cara de bosta, fazendo o Miguel rir - Vai cuidar do bebê aqui que cê ganha mais - apoiei o Miguel no Vitor que só bufou e saiu andando com o mesmo.

Subi pro meu andar e entrei correndo pro meu apartamento pra tomar um banho rápido. Assim que eu sai do banho coloquei um short jeans preto, um tênis da vans e um body preto também com a frase "Sweet Girl" em paetê rosa escuro, passei perfume, escovei meus dentes e meu cabelo, deixei ele semipreso e fiz uma make de leve, não sabia aonde o Matheus iria me levar, mas mesmo se fosse numa padaria eu tinha que estar gata. Ele me mandou mensagem uns minutos atrás dizendo que tava vindo então eu só coloquei meu colar e desci as pressas. Dei de cara com o pessoal todo subindo e tive que rir desse encontro.

- Misericórdia - a Leticia disse - Gata e gostosa do jeito que o povo gosta.

- É surra de beleza que vocês querem? - o Miguel disse bêbado e eu ri.

- Gente, já vou indo ok? Beijos em todos - falei andando com a bolsa no ombro e o celular na mão mas a Maju puxou meu braço.

- Pra onde cê vai, querida? - ela disse baixo pra eles não escutarem.

- Sabe que eu não sei? Theus já ta aí, vou saber agora, beijo - sai andando mas ela puxou meu braço de novo.

- Olha discretamente pra trás de mim e vê quem é que tá babando na sua pessoa - falou baixo e discreta e eu olhei devagar pra trás dela vendo o Vitor com o olhar nas minhas pernas, que subiu o mesmo pro meu rosto e viu que eu tava olhando, fez uma cara de surpreso e um "ok" com a mão, fazendo eu rir e rolar os olhos.

- Tchau, gente - falei alto e dei as costas.

Fiz questão de sair desfilando e já vi de longe o carro do Matheus parado.

- Oi, chuchu - sentei no banco e olhei pra ele.

- Cacete, Tina - ele disse passando a mão no rosto - Tá linda demais, po. E eu aqui com meus trapos.

- Para - ri e ele deu partida - Eu não sabia o que vestir né, você não me dizia pra onde iria me levar.

- Surpresa, conhece? - falou dando partida.

- Hm, ok - falei observando seu rosto que tava com o olhar fixo na estrada e disfarcei olhando pra janela.

Fomos trocando algumas palavras durante o caminho até chegarmos no tal lugar. Era uma casa grande e um pouco longe da onde eu morava e assim que eu sai do carro tentei observar o que tinha a sua volta, nunca tinha visto ela na minha vida.

- Se quer me assassinar vai logo que eu não tenho paciência pra gente lerda - falei e ele riu me puxando pela mão até o portão - Que casa é essa, menino?

- Você já vê - falou entrando e eu fui atrás. Ele foi até a porta e destrancou a mesma, ligando as luzes do primeiro cômodo que era uma sala de estar - Espera aqui, tá? Não sai.

- Ah não, Matheus - falei mas ele saiu correndo lá pra dentro me deixando com cara de tacho. A casa estava silenciosa, eu não ouvia um barulho sequer e acho que deveria ter me arrumado menos, mas estando linda e bem com si mesma é o que conta.

Com certeza estávamos só nós dois ali, e depois de uns minutos parada ali na porta sozinha o Theus apareceu com um sorriso.

- Vem - falou encostado na parede da entrada do outro cômodo e assim que eu andei até lá vi uma sala de jantar enorme, com flores e velas na mesa, pacotes de comida, fondue, taças, champanhe e uma música baixa na TV, que eu reconhecia ser "Vem Cá".

- Eu tô em choque - falei com a mão na boca - Pra que tudo isso?

- Ó, é o seguinte - sentou na cadeira da mesa e me puxou pro colo dele, fazendo eu olha-lo - A gente se conhece a bastante tempo, você sabe, começamos a ter uma amizade forte do caramba que ninguém conseguia estragar. Eu, você e a Maju éramos mais que isso, éramos tipo irmãos, eu estaria perdido sem vocês duas na minha vida e vocês sabem, até porque eu sempre digo isso. Mas com você as coisas foram tomando outro rumo, eu nunca esqueço do nosso primeiro beijo na rodinha dos desafios, ainda tenho que agradecer a sua prima por ter te desafiado a fazer o que fez, nunca esqueço você rindo de nervoso depois desse beijo sabendo que não seríamos mais só amigos como antes, a Maju ainda abriu os meus olhos sobre essa relação entre nos dois e é por isso que eu tô aqui - falou e meus olhos já lacrimejaram enquanto minhas mãos tremiam - Eu não sei bem se isso é um pedido de namoro, até porque nem sou bom com essas coisas - rimos - Mas eu tô disposto a abrir mão de tudo pra ficar com você, somente com você. Só não sei se você quer isso também... Quer?

- Ma-Matheus...- falei e as palavras tinha fugido da minha boca, uma lágrima escorreu e eu sorri - É o que eu mais quero, juro - falei e ele me puxou pra um beijo, e esse beijo foi o melhor de todos que demos, certamente. Talvez pelo momento, pela música e pelo cheiro das coisas da mesa, pelas palavras que ele tinha falado pra mim, pelo toque diferente das outras vezes... Se eu pretendia não me apaixonar por ele, já era.

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