▪ achtundzwanzig

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Estou tentando de alguma forma entender e organizar meus pensamentos e sentimentos

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Estou tentando de alguma forma entender e organizar meus pensamentos e sentimentos. Sou um homem casado a nove anos, economicamente estabilizado e com a vida milimetricamente organizada, até conhecer ela.

Lina chegou com sua determinação e seu jeito atrevido mostrando que de alguma forma eu podia ser um homem feliz.

Sempre tive a concepção de felicidade como algo diretamente ligado a ética, mas nas últimas semanas consegui ser muito feliz agindo com tamanha imoralidade.

A felicidade, portanto, pode tratar-se de momentos que nos façam sentirmos vivos, que nos proporcionam intensidade, calor.

O caminho de volta para casa é lento, por diversas vezes faço menção a desviar do meu caminho e ir até a casa dela e mais uma vez pedir para que me escute, mesmo essa vontade sendo predominante em mim, permaneço fixo em meu trajeto.

Perdi as contas de quantas vezes tentei ligar para Lina, eu preciso falar com ela, preciso que me ouça mais uma vez. A idéia de tê-la distante me assusta, eu não quero imaginar que não a verei mais e que não tocarei mais em seu corpo.

O tempo que tivemos juntos fez com que eu me apegasse a sua companhia, sempre contava os minutos para poder vê-la e também aproveitar cada segundo ao seu lado. Agora eu não sei o que fazer, como agir e como me comportar diante toda essa situação.

Me sinto um covarde.

O grande portão automático se abre, adentro o ambiente e estaciono meu carro descendo logo em seguida.

Caminho até a porta abrindo-a com facilidade e me surpreendo em ver minha esposa sentada no sofá com o rosto enterrado em suas mãos enquanto chora, me aproximo sentando-me ao seu lado.

- O que aconteceu? - questiono a confortando em um singelo abraço. Ela não me responde, continua a soluçar freneticamente, me levanto calmamente um pouco preocupado - Vou chamar Camila.

Subo as escadas em passoa longos, ando pelo corredor a bato na porta do quarto de minha filha, ela estranhamente não me atende. Faço mais uma tentativa chamando-a e batendo levemente em sua porta, quando mais uma vez não obtenho resposta viro a maçaneta da porta e adentro o cômodo.

O quarto está vazio. Varro meu olhar pelo local e vejo o guarda roupa da jovem aberto, os cabides estão vazios e não vejo nenhum sinal dela por aqui. Saio do espaço confuso, desço as escadas e Vivian continua sentada, agora as lágrimas pararam de molhar seu rosto e ela fixa seu olhar na parede em sua frente parecendo estar avulsa.

- Onde está Camila? - pergunto.

- Ela foi embora - responde somente.

- Como embora? - questiono nervoso - Aqui é a casa dela, porque ela iria embora? - a mulher não responde nenhuma das minhas palavras, ela se levanta e caminha até mim abraçando-me.

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