ERLEBNISSE

▪ siebenunddreißig

- Bom dia - digo a minha mãe quando a vejo sentada tomando seu café matinal.

- Bom dia filha - me sento próximo a ela e sirvo um pouco do líquido escuro em uma xícara para mim.

- Vai tomar café? - questiona surpresa pois sabe que não tenho muito apresso pela bebida.

- Preguiça de fazer suco - exclamo e nós duas rimos.

- Acho que vou sair de um dos plantões - diz e nesse exato momento sinto um alívio se espalhar por mim.

- Mãe. Está falando sério?

- Sim. Estou exausta, não aguento mais - confessa.

- Eu fico tão feliz por ter tomado essa decisão, você merece descansar mamãe, já trábalhou muito durante toda sua vida. Não precisa se sacrificar tanto.

Ela me responde com um singelo sorriso o que consequentemente também me faz sorrir.

- Que celular é esse? - pergunta vendo o aparelho que eu deixei em cima da mesa.

- Meu celular novo - digo animadamente.

- Como conseguiu isso? - questiona com o cenho franzido - Custa uma fotuna, alguém te deu?

- Ganhei em um sorteio - minto.

- Porque está mentindo para mim? - indaga e eu vejo uma expressão de desconfiança começar a aparecer - Me fale quem te deu isso, porque dinheiro para comprar nós duas sabemos que você não tem.

Engulo seco e minhas mãos começam a suar, fico sem saber o que responder.

- Eu já disse..

- Me fala a verdade Lina - me interrompe.

- Eu ganhei da pessoa com quem estou saindo - admito.

- Você está se prostituindo?

- Claro que não - nego de imediato.

- Era só falar a verdade desde o início. Nunca precisou mentir para mim, não quero que comece a fazer isso depois de adulta.

- Me desculpa, eu tive medo - balbucio.

- Sou sua mãe, porque teria medo de mim? - seu tom de voz agora é mais calmo - E quem é essa pessoa, já passou da hora de me contar, não acha?

Nesse momento alguém começa a bater na porta, agradeço aos céus, pois eu não queria ser confrontada por ela. Só eu sei o quão intimidadora minha mãe pode ser.

- Bom dia - ouço a voz aguda se adentrar no ambiente e respiro fundo o nervosismo se apossa ainda mais de mim.

Vivian.

Vejo quando ela se aproxima e se senta na cadeira a minha frente do lado contrário da mesa, minha mãe volta a sentar-se no lugar de antes e sinto minha coragem se esvair.