▪ sechs

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Sempre gostei de agradar a todos, desde criança me sentia feliz em ser útil para alguém

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Sempre gostei de agradar a todos, desde criança me sentia feliz em ser útil para alguém. Arrumava a casa com gosto, ansiosa para que minha mãe chegasse logo do trabalho e elogiasse o quanto a casa estava linda e cheirosa. Na escola adorava dar assistência aos professores, tomava conta da sala quando eles precisavam sair por alguns minutos, apagava o quadro e ficava super feliz quando me usavam como exemplo enquanto explicavam algo para turma. Meus amigos sempre tiveram tudo de mim, gostava tanto de ser o ombro amigo e suporte quando precisavam e também costumava deixar de usar uma peça de roupa minha que amava muito para emprestar a alguma amiga e nunca ter de volta. Nunca namorei, mas em todos os relacionamentos não rotulados que tive me sacrificava para dar exatamente tudo o que aquela pessoa queria de mim, dar o meu máximo, dar a minha paz e no final sempre acabei sozinha, machucada e ignorada.

Com o tempo fui percebendo o quão mal a vontade de ser perfeita o tempo inteiro para as pessoas estava me fazendo. Para que serviria tudo aquilo? E com o que eu ficava se desse tudo de mim para eles?

Parei de me importar tanto com os outros, a empatia não se tornou um sentimento raro em mim, mas ao contrário de antes hoje eu seleciono bem quem a merece. As vezes as pessoas simplesmente não são dignas de nenhum sentimento bom de solidariedade que possamos ter para com elas.

O caminho de ida e volta até a padaria foi rápido, eu realmente queria que tivesse demorado mais, daria mais tempo para que pudéssemos conversar sozinhos. Ao contrário de mim eu vi o quanto Herbert estava desconfortável e tentado com tudo aquilo, ele não queria admitir, mas ele me desejava tanto quanto eu desejava a ele.

Traição não é algo honesto, tampouco correto, mas mesmo assim eu o quero muito, não sei o porque, eu só quero. E se eu tivesse no lugar da Vivian, como me sentiria? Será que ela faz parte da porcentagem de pessoas que merecem minha empatia? Acho que não. Portanto não me importo.

Quando chegamos na casa, as meninas estavam no quarto provavelmente muito ocupadas uma com a outra, Herbert pediu para que eu fosse chama-las, mas eu neguei. Preferi ficar ajudando ele a arrumar a mesa do café, assim dou mais alguns minutos a elas lá em cima e de quebra fico próxima a ele mais um pouco.

Depois de arrumarmos a mesa, subi e bati na porta do quarto de Camila chamando-as para o desjejum, desço na frente, sento-me na mesa e em instantes as meninas estão sentando-se também, começamos a comer em silêncio e logo eu e Amanda embalamos em uma conversa animada e Camila também entra no assunto, mesmo conversando com elas consigo observar o alemão provar um pedaço do pão de queijo, como alguém consegue comer um pão de queijo tão elegantemente?

Ele exala nobreza, a forma como anda, se senta e até come. Cada movimento é perfeito e parece minunciosamente ensaido e ele faz isso parecer tão natural. Ele dirige seu olhar para mim e nossos olhares se encontram, sorrio rapidamente e ele também.

- O pão de queijo de Suzana é bem melhor - indaga Herbert.

- Concordo, tudo que ela faz é incrível - Concorda Amanda.

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