▪︎ neunundvierzig

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Hoje é dia vinte e três de dezembro, todos atarefados e animados

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Hoje é dia vinte e três de dezembro, todos atarefados e animados. Aliso minha barriga em pé observando Vera arrumar o apartamento seguindo a risca todas as dicas de Herbert para que o mesmo esteja adequado o suficiente para receber a família do alemão, que segundo ele é extremamente tradicional.

Além disso minha mãe está sentada na mesa fazendo a lista da ceia de natal. Esse será o primeiro depois de muitos anos que nós passaremos com mais pessoas além nós duas e ela está entusiasmada com toda essa novidade.

Eu, sinceramente estou ansiosa e com medo. Minha história com o europeu não começou de uma forma natural, tampouco correta e isso causa um estranhamento em todos que descobrem como tudo aconteceu e tudo isso é obviamente compreensível, nosso relacionamento para alguns é considerado até mesmo um incesto, o que eu acho terrivelmente nojento, jamais consegui ver as coisas dessa forma.

E nem quero.

Com o passar dos meses todos foram amadurecendo a ideia de que realmente estamos juntos, realmente é sério e que eu não sou apenas um passatempo do homem.

Perdida em meus pensamentos sinto um singelo movimento feito pelo meu bebê, sorrio com o acontecimento e pela primeira vez a ficha cai.

Logo meu neném estará aqui e ainda que seja fruto de uma história tão complicada e imoral ele é puro, é limpo de qualquer pecado que eu e seu pai cometemos. Veio para unir a família, para apaziguar toda a bagunça que eu e seu pai deixamos no caminho. Mas além disso tudo, ele virá pra ser amado, para ser alguém consciente e respeitoso, para amar quem quiser e ser livre.

- Porque está chorando Maus? - Herbert se aproxima, sequer tinha percebido sua chegada até então e sou pega de surpresa.

- Pensando no nosso bebê.

- Ela está enorme e em poucos dias estará entre nós - diz carinhosamente depositando um beijo em minha testa, se ajoelha em seguida e beija minha barriga dando início a calorosa conversa que tem com a criança sempre quando chega - Estava com saudades do papai filha?

Não consigo conter as outras lágrimas que insistem em cair quando olho pra baixo e vejo uma das cenas mais lindas que divinamente se repete todos os dias. Meu coração se aquece em ver o tamanho do amor envolvido nesse gesto.

Estou tão melancólica, as vezes choro por estar muito feliz, e as vezes por estar me sentindo triste demais. Meus sentimentos se tornaram uma montanha russa, uma hora no pico e outra em decadência total.

- Lina - ouço a voz de minha mãe e dirijo minha atenção a ela - Pare de choradeira e me responda. Bacalhoada ou bacalhau no forno?

- Bacalhoada mamãe.

- Sobremesa acho que pode ser pavê e pudim - exclama para si mesma.

- Amor? - chamo pelo alemão que imadiatamente tira sua atenção da barriga e olha para mim - Vamos para o quarto? Precisamos ter uma conversa.

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