▪ einundvierzig

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Confusos, tórridos e inquietos

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Confusos, tórridos e inquietos. É assim que defino os últimos dias.

Quando escolhemos um ao outro, não pensávamos que teríamos que lidar com a solidão e consequentemente ter literalmente apenas um ao outro.

A saudade que sinto de Camila me corrói mais a cada dia, já tentei aproximação por incontáveis vezes e com diversos tipos de abordagens.

Nada funcionou.

Lina ainda se encontra constrangida o suficiente para não ter tomado qualquer inciativa de aproximar-se da mãe e da prima. E eu a entendo.

O assunto se espalhou, ouço os burburinhos aleatórios quando chego e saio da minha empresa.

Os poucos colegas da minha área de trabalho que eu tinha perdi naquele dia, pois todos estavam presentes. Conservadores e defensores da família tradicional, é desse modo que se intitulam, menos quando estão em casas noturnas ou com alguma prostituta de luxo traindo suas esposas e seus férridos constumes.

Hipócritas.

Tudo nessa história cheira a hipocrisia, e isso me inclui.

Estou arrumando minha pasta para ir embora, um pouco depois do horário normal, esperei todos os funcionários sairem, pois tornou-se um fardo pesado demais ter que escutar acidentalmente os inúmeros comentários ofensivos que eles soltam achando que eu não consigo ouvir.

Me levanto e ajeito o blazer em meu corpo, caminho pela penumbra que o ambiente se encontra no momento, tranco o espaço assim que passo pela porta e com minha chave abro o veículo estacionado a frente.

Me adentro do carro e dou partida em silêncio, perdido em meus próprios pensamentos conflituosos.

Após alguns minutos de um percurso lento e tortuoso estaciono o automóvel na garagem do condomínio e pela primeira vez em horas quando desço do mesmo uma paz toma conta de mim, pois eu sei que no sétimo andar há uma linda jovem morena a minha espera, provavelmente sentada a mesa com os livros espalhados sobre a superfície nem se dando conta de que o horário que sempre chego se aproximou, concentrada em seus estudos perde a noção do tempo com facilidade.

Quando abro a porta do apartamento o que eu imaginava se concretiza. Sentada com um coque desarrumado se surpreende quando me vê passar pela porta.

- Já chegou? - diz dirigindo seu olhar a mim - Meu Deus, perdi a noção do tempo.

Me aproximo dela sorrindo, inclino meu corpo e selo nossos lábios a cumprimentando com um selinho.

- Qual foi o assunto estudado hoje? - questiono enquanto abro alguns botões da blusa social e me afasto indo em direção ao quarto e jogando a peça na cama.

- NÃO JOGUE SUAS ROUPAS EM CIMA DA CAMA - ouço seu grito e reviro os olhos retirando a peça do lugar - Já te falei que tem um cesto laranja na área de serviço e é lá que deve deixar suas roupas sujas - enfim a jovem se aproxima do cômodo em que estou, cruza os braços em minha frente e me lança um olhar autoritário.

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