Confusos, tórridos e inquietos. É assim que defino os últimos dias.
Quando escolhemos um ao outro, não pensávamos que teríamos que lidar com a solidão e consequentemente ter literalmente apenas um ao outro.
A saudade que sinto de Camila me corrói mais a cada dia, já tentei aproximação por incontáveis vezes e com diversos tipos de abordagens.
Nada funcionou.
Lina ainda se encontra constrangida o suficiente para não ter tomado qualquer inciativa de aproximar-se da mãe e da prima. E eu a entendo.
O assunto se espalhou, ouço os burburinhos aleatórios quando chego e saio da minha empresa.
Os poucos colegas da minha área de trabalho que eu tinha perdi naquele dia, pois todos estavam presentes. Conservadores e defensores da família tradicional, é desse modo que se intitulam, menos quando estão em casas noturnas ou com alguma prostituta de luxo traindo suas esposas e seus férridos constumes.
Hipócritas.
Tudo nessa história cheira a hipocrisia, e isso me inclui.
Estou arrumando minha pasta para ir embora, um pouco depois do horário normal, esperei todos os funcionários sairem, pois tornou-se um fardo pesado demais ter que escutar acidentalmente os inúmeros comentários ofensivos que eles soltam achando que eu não consigo ouvir.
Me levanto e ajeito o blazer em meu corpo, caminho pela penumbra que o ambiente se encontra no momento, tranco o espaço assim que passo pela porta e com minha chave abro o veículo estacionado a frente.
Me adentro do carro e dou partida em silêncio, perdido em meus próprios pensamentos conflituosos.
Após alguns minutos de um percurso lento e tortuoso estaciono o automóvel na garagem do condomínio e pela primeira vez em horas quando desço do mesmo uma paz toma conta de mim, pois eu sei que no sétimo andar há uma linda jovem morena a minha espera, provavelmente sentada a mesa com os livros espalhados sobre a superfície nem se dando conta de que o horário que sempre chego se aproximou, concentrada em seus estudos perde a noção do tempo com facilidade.
Quando abro a porta do apartamento o que eu imaginava se concretiza. Sentada com um coque desarrumado se surpreende quando me vê passar pela porta.
- Já chegou? - diz dirigindo seu olhar a mim - Meu Deus, perdi a noção do tempo.
Me aproximo dela sorrindo, inclino meu corpo e selo nossos lábios a cumprimentando com um selinho.
- Qual foi o assunto estudado hoje? - questiono enquanto abro alguns botões da blusa social e me afasto indo em direção ao quarto e jogando a peça na cama.
- NÃO JOGUE SUAS ROUPAS EM CIMA DA CAMA - ouço seu grito e reviro os olhos retirando a peça do lugar - Já te falei que tem um cesto laranja na área de serviço e é lá que deve deixar suas roupas sujas - enfim a jovem se aproxima do cômodo em que estou, cruza os braços em minha frente e me lança um olhar autoritário.
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ERLEBNISSE
Literatura FemininaTrilogia Europeus 1° ERLEBNISSE 2° SFOGARSI 3° INEFABLE Nascida e criada no interior de Minas Gerais Lina tornou-se uma jovem determinada e corajosa. Com a volta inesperada de sua tia para o Brasil ela encontra-se extremamente atraída pelo marido d...