ERLEBNISSE

▪ dreiundzwanzig

Já se passaram dois dias que eu ganhei o anel de Herbert, as duas últimas noites passamos conversando por horas no celular. Ele está a três noites dormindo no quarto de hóspedes e isso me traz uma paz imensa, saber que ele não está dormindo ao lado dela me deixa bastante tranquila. Ela é esposa dele e parece que de alguma forma eu não consigo me convencer disso, eu repudio qualquer proximidade dos dois mesmo sem ter qualquer autoridade para isso.

Estou em uma situação deplorável, já não bastava ser imoral o suficiente eu me envolver com o marido da minha tia eu ainda tinha que me apaixonar por ele. E o pior, eu não sei como ele se sente em relação a mim, eu não falei nada sobre o que sinto e nem sei se pretendo falar, tenho medo de que se ele precisar escolher, escolha ela e essa decisão parece muito óbvia para mim.

Mas isso não significa que eu desisti, eu não vou desistir dele. Não estou disposta a jogar sujo ou a entrar em uma disputa com Vivian pelo coração do homem, apenas vou o deixar livre para decidir o que ele acha ser melhor para si, no entanto eu vou me entregar, vou viver com intensidade cada segundo de nós dois e espero que isso seja o suficiente para que ele abdique da vida pacata que tem com a mulher.

Agora são 16h04 e eu estou terminando de me arrumar para encontra-lo. Hoje vou conhecer o apartamento que ele alugou para nos encontrarmos, estou ansiosa, não pelo apartamento, mas sim porque vou rever o alemão. Passei um hidratante por todo meu corpo, hidratei meu cabelo por horas, o sequei calmamente e ele está reluzente e sedoso. No rosto pouca maquiagem, apenas um corretivo e um blush, estou com um vestido leve na cor rosa e uma rasteirinha enfeitada com pedras, optei por colocar um colar simples banhado a ouro com um singelo pingente de coração pendurado nele. Passo meu perfume e dou uma última olhada no espelho, sorrio satisfeita com a imagem.

Meu celular vibra indicando que acabo de receber uma mensagem do europeu.

"Estou na rua de trás a sua espera."

Guardo o aparelho em minha bolsa e ajeito a alça da mesma em meu ombro, caminho para sair da casa e antes que eu saia encontro minha mãe sentada no sofá vendo algo na TV. Me despeço dela com a desculpa de que vou sair com Amanda, enfim saio da residência e vou em passos largos até a rua de trás, ando rápido na esperança de encurtar rapidamente a distância entre nós.

Avisto o Audi cinza e caminho risonha até ele, o homem não me viu ainda, pois está olhando atentamente para o celular, mas conforme eu me aproximo percebo que ele parece sentir minha presença. Ergue seu olhar para frente e seu sorriso encontra o meu, em poucos segundos estou abrindo a porta do carro e adentrando o pequeno espaço do automóvel, coloco o cinto de segurança e me ajuso no banco antes de dirigir meu olhar para ele que pela minha visão periférica me encara desde a hora que entrei.

Enfim nossos olhares se encontram, Herbert coloca sua mão em minha nuca e me puxa para um beijo sedento, um beijo de saudades, um beijo intenso. Afasta nossos rostos e eu sinto sua respiração quente juntamente com seu hálito que cheira menta.