Dezesseis

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- Onde você estava? - meu pai pergunta assim que passo pela porta de entrada.

Porra.

- Eu dormi na casa de uma amiga. - minto.

Eu odiava mentir mas eu realmente não sabia o que falar. Não sei como meu pai reagiria se eu dissesse que estava na casa de um cara. Eu sei que eu já tenho dezoito anos e que tomo conta da minha vida, mas a impressão de que meu pai não ia gostar do nosso relacionamento me incomodava.

- Mentira. - diz

- Pai... - vou falando e ele interrompe.

- Eu vi você saindo de um carro diferente, Aurora, e pelo que eu sei o carro da Madison é bem diferente daquele. Onde você estava?

Sinto meu coração acelerado e a familiar sensação me atinge.

- Eu conheci um cara, pai, nós saímos ontem a noite e eu acabei dormindo na casa dele. - tento manter a minha voz firme.

- Então agora você vai para a casa de qualquer pessoa que você conhece? - suas palavras me atingem.

- O que o senhor está querendo dizer?

- Estou querendo dizer que agora você vai para a casa de qualquer um que conhece.

- Eu não fui para a casa de qualquer um. Eu e o Damon estamos namorando ou pelo menos eu acho que estamos, e eu não fiz nada de errado.

- Damon? Ah agora esse é o nome dele. - diz sarcástico. - Por que não nos disse antes que estava namorando?

Olho para ele indignada.

- Agora eu tenho que dizer tudo o que eu faço ou deixo de fazer? Eu já tenho dezoito anos, pai! Dezoito. Você não tem o direito de falar comigo desse jeito, eu não fiz nada de errado. - exclamo.

Àquele ponto meus olhos já estavam marejados e eu estava a ponto de explodir. Eu odiava discutir com meu pai porque embora ele fosse um pai incrível, ele também conseguia me transformar em uma criança chorona.

- Claro que sim. Eu sou o seu pai, Aurora! Não é porque agora você é de maior que não me deve satisfação alguma. Você está sendo irresponsável e imatura. - se exalta também.

- Irresponsável e imatura? O que foi que eu fiz de errado, Sr. Adrian? Sair com a pessoa que eu gosto e ir dormir na casa dela? - ergo as sobrancelhas.

- O quê está acontecendo aqui? - minha mãe pergunta, descendo a escada.

Me viro de costas e seco uma lágrima teimosa que caiu.

- A sua filha sendo mal educada e petulante. - a maneira como ele se refere a mim me irrita, ao mesmo tempo que me magoa.

- Ele que está sendo antiquado. Eu não fiz absolutamente nada demais. Me diz, agora é errado dormir fora de casa? - cruzo os braços.

- Não, mas você podia pelo ter avisado, filha. - minha mãe diz compreensiva.

Assinto para ela.

- Mas ela não entende, Clara. Desde que ela começou a sair com esse rapaz ela está assim, não para mais em casa, sai e chega tarde.

- Eu sou jovem!

Eu não acredito que ele ia querer ter essa conversa logo agora. Tudo isso por causa de uma noite só.

- Esse rapaz nem foi digno de vir aqui falar conosco.

- Você não pode falar assim dele! - falo.

Não sei o que me dá, mas o fato de meu pai se referir daquela maneira a Damon, me irrita. Eu sabia que ele não era a pessoa mais perfeita do mundo, muito pelo contrário. Ele tinha seus defeitos, mas eu não gostei do meu pai falando daquele jeito.

- Você vai defender ele agora? - debocha.

- Meu Deus, o quê que te deu? Está fazendo tempestade em copo d'água por um motivo besta. Eu cresci, pai. Eu não sou mais uma criança, eu sou uma mulher agora, uma mulher adulta, daqui a pouco eu faço dezenove anos! Eu sei o que eu faço. - explodo.

Ele me olha alguns segundos e posso ver o desgosto em seus olhos. Aquilo me machuca.

- O quê aconteceu com você?

- Eu me apaixonei! Isso que aconteceu comigo. Eu me apaixonei, e porra... Eu nunca estive tão leve em toda a minha vida. - sorrio. - Ele me faz sentir coisas que eu nem sabia que era possível! Eu posso até dizer que eu estou me sentindo feliz novamente. Eu não sei o que vai acontecer daqui para a frente, mas eu sei que agora, eu não me arrependo de nada. - desabafo.

Quando termino de falar me dou conta das minhas palavras.

Eu estava apaixonada por ele.

E eu não tinha me dado conta até agora.

Eu estava apaixonada por Damon Campbell.

Começo a sorrir que nem uma idiota e o meu pai me encara.

- É isso, pai. Eu estou apaixonada. Você não pode me condenar por isso.

Minha mãe me olha sorrindo e meu pai continua impassível.

- Amor, olha para ela, Aurora está bem. Ela está apaixonada pela primeira vez, vamos dar uma chance. - minha mãe se aproxima dele.

Meu pai me olha enquanto eu o olho de volta.

- Só uma chance, pai. - peço.

Ele volta a olhar para a minha mãe e suspira.

- Tudo bem, Aurora. Se ele te faz feliz, eu quero conhecê-lo. Mas vou avisando que se eu não gostar ou achar que ele não te faz bem, fique ciente que eu irei contra esse relacionamento. E nada me fará voltar atrás. - diz sério.

- Tudo bem. - falo e vou em direção as escadas.

Entro em meu quarto e me jogo na cama.

Eu sabia que eu devia ter avisado a eles, mas é que noite passada eu não conseguia pensar em nada mais além de nós dois.

Então depois de uma noite mágica, um café tranquilo, eu tive uma tarde turbulenta. Não estava nos meus planos brigar com meu pai, aliás eu odiava quando aquilo acontecia.

Flashes da noite passada invadem a minha mente e eu não consigo evitar o sorriso bobo.

Céus, eu estava me tornando quem eu sempre julguei. Garotas que ficavam imaginando momentos com o cara que gostavam e sorriam sozinhas.

Meu celular vibra em meu bolso e eu pego.

Damon: td bem?

Eu: Tudo.

Damon: já tô com sdds.

Sorrio.

Eu: não seja grudento. odeio grude.

Damon: já te falei q eu amo a maneira carinhosa que vc fala comigo?

Nós ficamos conversando por mais alguns minutos até que eu me despeço dele, para terminar um trabalho da faculdade. Já é quase de noite quando eu termino, e começo a guardar minhas coisas.

- Aurora? - ouço meu pai entrando no quarto.

Suspiro e me viro até ele.

- O quê? - falo.

Eu ainda estava magoada com tudo o que ele tinha me falado.

- Eu só quero conversar, não vim para brigar.

- Tudo bem.

- Olha filha, me desculpa por ter agido daquele jeito mais cedo, é só que eu realmente fiquei preocupado com você. - diz e eu continuo o olhando.

- Eu não sei quem ele é, mas você parece gostar mesmo dele, então eu irei dar uma chance. Me desculpa também pelas insinuações, não foi minha intenção.

- Tudo bem, pai.

Ele me abraça e sai do quarto.

Respiro fundo e entro no banheiro.

Tiro minhas roupas e entro embaixo do chuveiro quente.

O que eu não sabia naquele tempo, era que aquela era apenas uma das primeiras dificuldades que iriam aparecer.

Para Sempre Sua - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora