Vinte e seis

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Tomo a terceira xícara de café enquanto tento me manter acordada. Eu estava em semana de provas na faculdade e estava dando tudo de mim para tirar boas notas. Eu precisava tirar boas notas. Era a minha obrigação.

Durante toda a minha vida eu sempre fui muito cobrada e sempre me cobrei muito. Em todos os aspectos.

Como eu era filha única sempre houve uma grande exigência em cima de mim da parte dos meus pais, e eu sempre dava a eles tudo o que eles queriam. Boas notas, amigos que eles aprovavam, idiomas que eles queriam. Tudo. E em troca eu recebia olhares orgulhosos e "Boa garota, continue assim e você terá um futuro brilhante"

Mas o pior não era a cobrança deles, era a minha. Eu sempre exigi muito e sempre quis que tudo saísse da maneira mais perfeita possível. Você não pode errar, Aurora. Tirar uma nota baixa? Jamais. Errar para mim não era tolerável. Era como se eu tivesse que ser absolutamente boa em tudo e isso era uma merda. Mas eu não conseguia mudar.

Decepcionar meus pais era tudo o que eu mais temia. E eu sabia que namorando Damon era o que ia acabar acontecendo. Meu pai estava diferente comigo. Eu temia o momento em que ele pararia de falar comigo e eu nem ao menos sabia o porquê. Na verdade eu sabia. Damon era o motivo do comportamento estranho dele. Ele não aprovava o nosso relacionamento e o fato de Damon nem sequer ter vindo aqui o fazia gostar ainda menos dele.

Olho pela janela do quarto e o céu está escuro, apenas a lua ilumina a rua lá fora. Eu estava sem comer há um bom tempo, quando eu fico muito ansiosa ou nervosa com alguma coisa é isso que acontece. Algumas pessoas comem para aliviar, já eu não consigo engolir nada. Volto meu olhar para a tela do notebook e tento fazer alguns outros exercícios que eu ainda estava com dificuldade. Eu estava pensando seriamente em trocar de curso. Talvez Economia não fosse para mim. 

Dou outro gole no café, quando ouço um barulho na minha janela. Viro meu rosto para olhar a não vejo nada. Novamente o barulho se repete e eu ignoro.

Meu celular começa a vibrar em cima da escrivaninha e o nome de Damon aparece na tela.

- Oi. - falo.

- Nossa. Sempre tão gentil. - diz e consigo sentir o sorriso em sua voz.

- Eu estou estudando.

- Eu estou aqui embaixo. Abre a porta.

- Não. - sorrio.

- Anjo, por favor.

- Não. Vai embora.

- Se você não abrir eu vou escalar essa parede.

Suspiro. Ele não irá desistir de qualquer maneira.

- Estou indo. Mas vê se não faz barulho. - me levanto.

- Pode deixar.

Abro a porta do quarto e desço as escadas. Atravesso a sala e vou até a porta de entrada. Quando abro a porta, Damon sorri para mim e vem me dar um beijo.

De repente eu me sinto tonta e eu me seguro nele para não cair.

- Anjo, você está bem? - pergunta preocupado, olhando em meu rosto.

- Estou. Acho que foi só uma tontura passageira.

- Tem certeza? 

- Sim. - reviro os olhos. - Está tudo bem. Vamos subir. - seguro em sua mão e vamos até o meu quarto.

Eu ainda me sentia tonta e levemente fraca, mas não iria fazer alarde por isso. Abro a porta e a bagunça na minha mesinha deixa evidente o tempo que eu passei ali.

Para Sempre Sua - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora