CAPITULO 5

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Sempre acreditei, fielmente, no verdadeiro amor, na alma gêmea mas toda minha crença foi por água a baixo depois que conheci Steven Carter e descobri que toda essa história de "final feliz" não passava de histórias, que pelo visto, são muito mal contadas. Mas eu vi aqui contar pra vocês um lado do conto de fadas que a disney ocultou. 

Steven Carter. Amor de colégio, aquele tipo de amor que te doma e você pensa que durar pra sempre. É, era o que eu pensava. Namoramos por 2 anos – quase três – éramos completos, feitos um para o outro. Ainda tinha na cabeça aquela ilusão de "par perfeito". Eu achava ele o cara, vivíamos nas festas do ensino médio, bebíamos, usávamos drogas e transávamos como dois animais selvagens, mas éramos muito além de um desejo carnal, era passional, – aparentemente – um amor eletrizante e ardente. O casal perfeito, que causava inveja em quem via de fora. Éramos muito iguais e por isso vivamos discutindo, porém, como previsto, terminávamos juntos novamente. Steven era a minha droga mais viciante e tóxica.

Eu sempre chamava e chamo atenção por onde passo e Carter nunca gostou muito disso, ate então ele vivia esmurrando garotos por ai, vivia na detenção. Ele fazia muito bem a linha de bad boy. O que eu achava sexy. Até que um dia, no último dia de aula, estava ocorrendo a colação de grau na quadra do colégio, estava todo mundo lá, alunos, família, professores. Lembro como se fosse ontem, quando diretor Wislow soltou o vídeo no telão, era pra ser recordações dos alunos, fotos e recados da família, mas não foi o transmitido. No telão foi passado um vídeo da festa de despedida em que Steven disse não ter ido enquanto eu viajava com meus pais, no vídeo mostrava todos os alunos, loucos de álcool e drogas; quando eu menos esperava, o aluno que estava gravando filma Steven pegando, quase comendo uma das líderes de torcida e zombando. De mim.

"Que isso, Carter, cadê a Cooper? aparentemente você ta passando fome em casa hein"

"Quem se importa com a Jade? Ela é só meu passatempo, essa nem é a primeira da noite camarada..."

Eu queria sumir naquele momento, todos os olhares do lugar se voltaram para mim, meus professores, os alunos, e ate meus pais. Carter correu ate as tomadas e desligou tudo, ele tinha ódio no olhar, mas em nenhum momento eu vi arrependimento ou pena. Em nenhum momento ele, se quer, olhou em minha direção. Nada. Ele se preocupou apenas com sua imagem. Não houve compaixão por parte dele para comigo. Em nenhum maldito momento. 
Depois disso eu sumi por dias, meus pais ficaram loucos a minha procura, Gwen não sabia de mim, ninguém sabia. Era tudo o que eu queria. Até que um dia, me encontraram, eu estava num hotel moribundo quase morta, por overdose, meus braços estavam brancos, veias roxas e furado de tanto injetar heroína, eu estava por um fio. Quase um ano depois eu estava estável. Ouvir dizer que Steven tinha saído de Nova York misteriosamente, nem se quer me procurou ou quis saber de mim, ele apenas foi embora.

Meus pais não tinham paz, passei noite em claro, chorando. Minha mãe quase entrou em um estado grave de depressão, ela não cuidava de Emma, ainda recém nascida, da casa e muito menos trabalhava, meu pai foi o pilar daquela casa, cuidou de todas e de si próprio, até que tudo voltou ao "normal". 

Até agora.

•••

"Bom dia, Nova York, hoje é quarta feira e são 6:00 horas. Pelo visto o tempo fechou de vez...."

Sim, Johnson, o tempo fechou de vez mas não9 estou nem um pingo interessada na porra da meteorologia. Bato com força no despertador e volto a dormir, que venha o Papa me acordar que eu mando ele voltar pra sacristia de onde ele veio. Minha cabeça lateja, os efeitos dos remédios acabaram. To deitada desde o ocorrido, Gwen passou os dias comigo mas foi embora logo quando adormeci. Em momentos assim que eu boto as mãos pro ar e agradeço a Deus por ter a compreensão dos meus pais e eles me derem privacidade em momentos assim. Escuto meu celular tocar freneticamente, abro o olho de relance "Enrico". Atendo nervosa. 

O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora