CAPITULO 46

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2 semana após o sequestro...

— Jade, você tem certeza que está preparada pra sair depois de tudo? - Enrico me perguntou pela segunda vez. Bufei alto.

— O que de pior pode me acontecer? - me virei apontando o pincel do rímel para ele. Suas sobrancelhas subiram e, foi ai que eu entendi aonde ele queria chegar. — Não vou me entupir de drogas, pai. Já passei dessa fase. - o tranquilizei mesmo tendo todas essas intenções em mente.

Depois de todo o ocorrido, fui levada as pressas para o hospital – normal –, o lugar que eu mais frequentara em toda minha existência. Fizeram uma bateria de exames, durante os três dias mais pavorosos da minha vida, desenvolvi uma série de complicações, dentre elas: anemia, desidratação, pneumonia, crises de pânico, aumento na ansiedade e outras coisas que estou descobrindo com o passar do tempo, por exemplo, sonambulismo e insônia, bem contraditório eu diria.
O meu novo psicologo me explicou que os dois andam juntos. Eu passo horas ou até dias em claro e quando, por fim, durmo, atinjo um estágio tão profundo de sono que minha mente se "desconecta" dos meus membros. Meu pai disse que não dura muito mas que em todas as vezes que ele escutou meus passos pela casa eu sempre fazia as mesmas coisas, caminhava até a porta e tentava a abrir e quando via que não conseguia voltava para o quarto e me encolhia no canto do mesmo. Em conversa com o psicologo, disse que era exatamente isso que eu fazia todas as noites no cativeiro e, com isso, eu auto esclareci minhas ações sonambulas. Tirando as noites em que eu acordo aos berros.

Mal consigo tomar banho, a sensação da água caindo sobre meu corpo é como a do sangue de Carter escorrendo em meu ombro. Julie, Gwen e até mesmo a Cheryl revesam as noites comigo, elas me ajudam em tudo, até tomar banho – só tomo escutando música, conversando com uma delas ou com elas, sozinha jamais. É agoniante e patético. Só espero que isso passe.

Estou tentando não pensar nas hipóteses do Zach não ter me telefonado nenhuma vez se quer. Com certeza ele ficou sabendo sobre tudo, não tinha como não saber, saiu em todos os noticiários.

"Filho de magnata no ramo mobiliário é morto pela policia americana após tentativa de sequestro" 

"Herdeira do grande filantropo Enrico Cooper é sequestrada e mantida em cativeiro por 84 horas"

"Fui covardemente agredida por uma pessoa que eu achei que conhecia a vida toda, disse Jade Cooper, filha do grande empresário Enrico Cooper dono da Sense Psychology Coporation"

Meu pai teve que montar um cerco em volta de nossa casa por conta da impressa, eles queriam um pedaço meu e da minha família para encher seus tabloides e jornais. Emma ficou dias sem ir a aula, minha mãe passou uma semana em casa, tudo por medo da perseguição doentia dos jornalistas. A unica nota que demos a eles foi quando estava ainda no hospital. Só. Quando achamos que tudo tinha acabado, o "magnata imobiliário" apareceu em nossa porta, devastado. O Sr. Carter estava, e ainda está sem chão depois da perda do filho; por mais que ele estava ciente de que isso uma hora fosse acontecer, ele não esperava que fosse de tal maneira e ainda mais me envolvendo. O mesmo se retratou, sem razão alguma já que quem cometera o crime fora seu filho não ele. O pobre coitado alegou sentir culpa por não ter ajudado o filho e, por isso, ele chegara a tal ponto. Minha família jamais o culparia por tal acontecido, até então, meus pais se despuseram a comparecer no funeral, o que gerou mais pano pra manga da impressa. Mas isso foi tudo. Hoje eles cessaram. Amém, né! Eu odiaria ser parada na balada pra falar sobre meu sequestro.

Terminei de me arrumar, amarrando o meus vans old skool. Me olhei pela ultima vez no espelho, analisando cada detalhe, dos pés a cabeça; visto uma mini saia de estampa quadriculada preta e branca, um sutiã top preto, uma jaqueta tipo mom jeans de lavagem clara e meus vans. Fazia tempo que eu não me vestia para uma festa, pra qualquer ocasião na verdade, ultimamente só troco meus pijamas e roupas extremamente largas. Gwen mandou uma mensagem dizendo que já estava na porta, peguei meu celular rapidamente e desci.

O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora