Em plena segunda feira estou de bom humor, as meninas disseram que fiquei até mais bonita quando voltei do meu "encontro" com Vincent. Me sinto mais leve, feliz, eu diria. Depois daquela noite - intensa - não paramos de nos falar, espero não me enjoar dele como eu me enjoo de todos os caras que eu fico. Incontrolável. Dou toda razão a Cheryl agora, eu estava confundido as coisas com Zach, tudo não passava de carência. Tudo foi suprido. Entro na sala de Zach com um astral lá em cima, e ele, assim como Felícia, me olha intrigado. Não é possível que eu fique o tempo todo de cara fechada. É, eu sei que fico. Me sento e o olho bem alegrinha, extasiada com minha felicidade interna. Parte da minha alegria se da ao fato de estar aliviada.
— Qual o motivo por trás do bom humor? - dou de ombros.
— Vamos supor que eu conheci uma pessoa muito legal. - ele assente. — Na verdade, eu já o conhecia, apenas reencontrei e foi bem agradável. - dou de ombros novamente. — Me sinto bem, acho que ele me trás, em partes, boas lembranças, uma nostalgia, sabe?! - digo olhando para o teto incrivelmente branco de gesso. — Saímos sábado e foi tão divertido...tão gostoso - mordo o lábio, a sala fica em silêncio, um silêncio ensurdecedor e eu volto a olhar para Zach. Ele me olha com aquele olhar intimidador. Franzo o cenho e ele nota.
— Qual o nome dele? - pergunta intercalando a atenção uma ora para mim e outra para suas mãos que seguram uma prancheta.
— Vincent. Isso é relevante? - indago. Ele não responde.
— Vocês estão namorando? - Zach levanta o olhar voltando me encarar. Mas que merda?!
— Não, Dr. Montes, não estamos, e no que isso acrescentaria na minha consulta? - pergunto impaciente.
— Preciso saber de tudo, Jade. Isso entra nas diretrizes da terapia, todo detalhe, tudo que acontece na sua vida é de extrema importância para seu tratamento. - justifica. — É sua evolução. Nada demais. - titubeia. Assinto, já sem saco. Me levanto, indo em direção a porta.
— Não terminamos. Aonde pensa que vai?
— Mas eu terminei e estou indo embora. - digo ríspida.
Estou disposta a pedir arrego a meu pai. Isso não ta dando certo, me sinto desconfortável. Não sei se toda consulta com psicólogos são assim, se o profissional tem que ser tão invasivo pra arrancar algo de você. Não sei, mas isso me incomoda e muito. Caminho em passos largos, evito o elevador e desço as escadas correndo, vendo a hora de eu me estatelar de cara no chão. Chegando no hall de entrada passo feito um flash pela Felícia, indo direto para o estacionamento. A escuto murmurar o nome de Zach. Merda! Quando vou pegar minhas chaves no bolso de trás da calça, sinto as mãos quentes dele me pegar pelo braço. Uma onda elétrica atinge meu corpo me fazendo puxar o braço instintivamente. Levanto meu olhar para ele. Minha respiração está ofegante por correr.
— O que foi? - pergunto impaciente — Eu já falei tudo que tinha pra falar, quer saber mais o que? A cor da minha calcinha? Talvez isso, também seja relevante pra minha "evolução" - zombo, exausta.
Ele se aproxima do meu corpo me fazendo gelar, borboletas tomam meu estômago como se estivessem travando uma guerra. Não sei o que ta acontecendo. Pensei que isso passaria. Fico mais ofegante, noto alguns fios caídos em meu rosto se movimentar na medida que respiro.
— Desculpa, não foi minha intenção te deixar desse jeito. É que - o interrompo. Me afasto um pouco.
— É que, o que? Zach, você não entende que isso - gesticulo para mim e ele — Não dá! Não aconteceu nada, esquece isso, beleza?!. - busco firmeza nas palavras.
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O Despertar
RomanceVocê já escutou aquela frase que diz: "Nem todo mundo é quem diz ser"? Pois bem, assim é Jade Cooper, uma jovem adulta que se diz tão forte, extrovertida, cercada de amigos e feliz consigo mesma, e que na verdade é tão frágil e traumatizada. Ela bu...