CAPITULO 50

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O aroma da hortelã em mistura com kiwi e mirtilos me arrancam da memória cada momento marcante desses últimos meses, do ano todo em si. Um sentimento nostálgico me aperta o peito; pés sob a água cristalina da piscina, o reflexo do sol que bate sobre a mesma juntamente com a batida eletrônica ao fundo com sua letra melancólica me faz refletir. Eu vivi intensamente. São pensamentos confusos, são conclusões estranhas, sentimento angustiante, como se algo ruim fosse acontecer a qualquer momento, como se eu estivesse despedindo da minha vida.
Um grupo de pessoas pulam na água jorrando pingos em mim, despertando-me do meu momento melancólico. Me levanto num sobressalto e caminho até um dos bangalôs improvisados em volta da mansão dos Rivera. Vejo Cheryl ao longe, parece estar falando ao telefone, aflita. Uma ruga de preocupação e desconfiança aparece em meu rosto. Seu olhar encontra o meu e sua aflição se aumenta, suas sobrancelhas arqueiam de uma forma bizarra, ela se vira rapidamente e sai caminhando sem rumo. A pontada de angústia me toma novamente, como um sinal de alerta. Merda, Jade.

Escuto batidas em um microfone ao fundo me fazendo desviar o olhar. É Gwen, iniciando seu discurso de boas vindas aos seus convidados. Como sempre, ela agradeceu pela presença de todos, especialmente a família e a mim, que como a mesma dissera que eu faço parte de sua família, irmãs, esse é o termo usado. A loira, já levemente bronzeada estendeu a mão em minha direção e me chamou para que eu fosse até ela. Com gestos velozes e repetitivos neguei com a cabeça. Atitude inusitada e desagradável. Em passos largos, saltitando até mim, Gwen me puxou pela mão e me colocou ao seu lado, de frente para todos, no centro da festa. O sol em junção aos flash dos fotógrafos me cegaram. Merda.

— Obrigada por nunca soltar minha mão, por sempre fazer o que é certo para não me machucar. - ela me olhou, seus olhos brilham como a água em reflexo do sol. Acariciei seu rosto e sorri leve. — Essa mulher é o motivo da minha firmeza. Motivo pela qual eu devo toda gratidão. A Jade me trouxe a vida novamente e eu sei que ela, dentre todas as pessoas do mundo, jamais me fará cair. Obrigada por me reerguer, sua vagabunda gostosa. - meu olhos ficaram encharcados de uma hora para outra.

Meu peito se comprimiu até virar um amendoim. A abracei, a abracei forte, até quase nossos corpos se fundirem e torna-se um só. Seu perfume se tornou mais intenso em minhas narinas como nunca antes, seus cabelos ficaram mais macios ao meu toque e sua pele viraram plumas, das mais lisas e aveludada. Eu não quero soltá-la. Sinto que nunca mais vou tê-la em meus braços novamente. Que sentimento horrível.
Os aplausos ecoaram por toda festa. Meu corpo se desprendeu do dela com dificuldade. Gwen me olhou da maneira mais pura e doce, logo em seguida ela sorriu, com seu sorriso largo e honesto. Ai Gwen, me perdoa, por tudo! Beijei o topo de sua testa e sussurrei:

Perdão.

Ela me olhou intrigada, sem entender o motivo daquilo. Suavizei meu rosto para acalma-la, sorri sem mostrar os dentes e fiz um gesto como se não fosse nada. Seus pequenos ombros se arquearam e então ela deu início a festa, deixando comigo todo o sentimento de culpa e angústia.
Quando eu fui dar um passo em direção a casa uma mão masculina tocou a minha, o toque que eu já sabia quem é dono.

— Você ta com aquele olhar. - ele disse antes de eu me virar. Meu peito se apertou.

Me virei lentamente e encontrei seus olhos, serenos, olhar que me passara uma leve calmaria. Sorri de leve e ergui meu drink – seco. Sebastian deu um sorriso de canto, não muito convincente e ergueu sua taça de champanhe rosé. Um lorde.

— A Gwen só me pegou desprevenida. - dei de ombros. — Que bom que veio. - sorri leve.

Sebastian, em um ato inesperado, – por mim – pegou em minha mão me puxando para perto de si e colou nossos corpos após me agarrar pela cintura. Pensei que ele fosse me beijar mas o sujeito apenas olhou em meus olhos, com seu olhar ufano de rei e sorriu largo.

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