CAPITULO 24

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Estou cega pelo ódio. Ignorei todo e qualquer pedido que minha mãe me fez de não me envolver nesse assunto, que não era da minha conta mas foi o meu pai o violentado nessa história e pelo cara que estou dormindo, o cara que me pediu em namoro. Da pra acreditar?! Dias atrás ele estava disposto a ter algo sério comigo pra em seguida agredir meu pai, seu "futuro" sogro. Que pessoa em sã consciência faz isso?! Dirigi guiada pelo meu anjo da guarda até o apartamento de Vincent, com certeza lotaria minha carteira de multas pelos sinais que furei e radares que avancei. Não consigo processar uma informação se quer. Espero que tudo isso não passe de um grande mal entendido ou que, no mínimo, Vincent tenha uma justificativa muito plausível pra ter feito o que fez. Se eu não, eu mesma vou fazer, com as minhas próprias mãos, o que ele fez com meu pai.

— EU POSSO SABER POR QUE DIABOS VOCÊ ESMURROU O ROSTO DO MEU PAI? - chego gritando em seu apartamento.

— Da pra ficar calma? - pergunta e eu solto uma risada nervosa. Estou prestes a meter um murro em seu nariz. — Entra. - ele abre passagem pra que eu possa passar, dou um passo para dentro ficando bem próxima a porta.

Nunca se sabe a hora de dar fuga depois de espancar alguém até a morte. Ainda mais depois da pessoa te pedir "calma" quando você chega aos berros com o sangue borbulhando dentro de si. Meu sangue sobe de temperatura a cada meio segundo. Minhas mãos formigam e meu corpo se inquieta. Começo a andar pelo local aguardando uma resposta plausível.

— Eu não queria ter feito o que eu fiz. - protesta. Em um ato involuntário– ou voluntário – dou um tapa em sua cara.

— Desculpa! - zombo, ele leva a mão até seu rosto. — Eu não queria ter feito o que eu acabei de fazer.

Um lampejo de memória me atinge como um sinal enviado de Deus. Agora tudo faz sentindo, bom, algumas partes não se encaixam mas, com certeza eu daria um jeito de colocar todos os pingos nos "i". Vincent, de fato, não tinha jogo nenhum para aquele sábado, ele voltou para cidade por causa de algo, ou alguém e isso resultou na agressão ao meu pai. Mas o que?

— Você foi embora pra agredir meu pai? A troco de quê? - pergunto incrédula.

— Eu não vim embora pra agredir ninguém - ele pausa, parece pensar no que vai dizer. Fico mais impaciente — O Carter tava precisando de ajuda - diz por fim, não justificando nada do que aconteceu.

— Ah claro, tinha que ter esse garoto enfiado no meio dessa história - indago. Ando de um lado paa o outro — E o que o meu pai tem a ver com isso tudo? - minha pergunta faz com que Vincent desvie o olhar. Porque todos evitam me olhar quando eu as pressiono? — Anda, Vincent! Me responda. - o pressiono. — Isso daqui - gesticulo para mim e ele — depende da sua resposta. Agora! - olho fundo em seus olhos.

Vincent passa as mãos em sua cabeça, buscando palavras, a resposta pra aquela pergunta. Não sei, mesmo que ele responda tudo que eu quiser se eu ainda vou aguentar deitar na mesma cama que ele. Afinal, ele agrediu meu pai! Imagina eu chegando com o agressor num almoço de domingo, que perfeito seria. Santo Deus, eu nunca vou ter um relacionamento pacífico na vida. Agora sim, eu culpo Steven de TUDO de ruim que acontece, não só na minha vida como no mundo. Se nevar amanhã será culpa dele. Ele sempre da um jeitinho de se meter em alguma confusão, e isso acaba gerando uma bola de neve gigantesca capaz de exterminar toda raça humana.

— Carter estava sendo seguido - suspira — então corri de volta pra cá, queria averiguar, ver se era, de fato, verdade ou se Steven estava delirando. - Vincent se senta no sofá e coloca a cabeça entre suas mãos. Paro para observar. — Quando cheguei, - ele pausa dramaticamente, minha respiração fica entrecortada — seu pai estava o golpeando, quase o matando. O Steven já estava fora de si. Se eu tivesse chegado segundos depois...- levanto minha mão para que ele pare de falar.

O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora