CAPITULO 2

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Era pra eu estar me arrumando, me preparando pra sair pra mais uma noite épica com minha melhor amiga, mas não, estou indo pra mais um dos meus pesadelos. Ás sete em ponto meu pai bateu na porta do meu quarto, super empolgado, parecia um adolescente prestes a discursar em sua formatura. Formatura... Dou até calafrios só de lembrar da minha. Gwen chegou cinco minutos atrasada, tempo suficiente para Enrico soltar fogos pelas venta. Super entendi o atraso dela, foi proposital. Ela queria que ele desistisse e largasse ela pra trás, o problema é que ela não é mais esperta que eu, fiz meu pai esperar até o último segundo. 

O colégio já organizou inúmeras excursões no MoMa (Museum Of Modern Art) e dessas inúmeras vezes eu sempre recusava, até que um dia meu pai descobriu e me obrigou a ir. Como hoje. Devo confessar que a arquitetura do lugar é incrível, como o próprio nome diz, é moderno. Sua faixada é toda revestida de enormes janelas de vidro, seu interior é todo de piso corrido e paredes cinzas, dando todo um ar contemporâneo ao local. Ao entramos, notamos uma multidão de gente bem vestida, segurando suas taças do champanhe mais caro que as empresas e patrocinadores poderiam pagar. Enrico deve ter comentado sobre hoje e eu não, com certeza, não devo ter prestado atenção. Se eu tivesse me atentado, teria, ao menos, me preparado pra essa tortura. Saco!

— Vocês fiquem a vontade pra explorar por aí, vou resolver algumas coisas e encontro vocês no auditório daqui quinze minutos. - ele tocou em meu braço e saiu. Gwen diante daquela cena debochou da situação e saiu me puxando pro meio daquela gente toda. 

Um garçom - bem gato - nos parou oferecendo as bebidas, pegamos duas taças cada e atravessamos a porta. Nem sabia que esses lugares eles saíam distribuindo bebida pra qualquer um. Evento open bar. Um segurança barrou nossa "quase fuga", pois não podíamos sair com as taças, bebemos as duas em um gole só e as entregamos para o robusto homem de terno. Até que pra um evento empresarial, não é muito ruim. Eles dão bebida de graça! Se for parar pra pensar, é super lucrativo, você não gasta um centavo pra sair louco. Genial. 

— Vamos procurar um cantinho pra acender isso. - Gwen tira da bolsa um beck, faço cara de surpresa mesmo sabendo que ela sempre anda com um desse na bolsa, como se fosse um gloss labial. — Não me decepcione dizendo que não trouxe seu isqueiro.- lentamente retiro da bolsa meu isqueiro zippo, Igual o da Drew Barrymore em As Panteras. Charmoso. 

Fomos pra um beco, a uns cem metros de distancia do museu. O clima está bem fresco, o suficiente para demorarmos uns dois minutos tentando ascender. Demos rápidas tragadas no beck e rapidamente guardamos. Já faziam, exatos, quinze minutos que estávamos ali. Corremos até uma vendinha que tem ali perto e compramos chicletes pra disfarçar o cheiro forte da maconha. Por mais que não é só o hálito que teríamos que inibir. 

Como era de se esperar, chegamos atrasadas, a palestra já havia começado. Eu e Gwen, cautelosamente, nos sentamos nas ultimas cadeiras. Algumas das pessoas a nossa frente se viraram, provavelmente incomodadas. Por sorte, meu pai ainda não estava no palco, um alivio. Devido ao uso da maconha e seu efeito de retardo mental, ficamos zombando dos caras super engomados falando palavras difíceis pra parecerem mais inteligentes. Um casal de idosos ao meu lado ficaram mega incomodados e se levantaram. Velhos ranzinzas. 

— Agora iremos receber o nosso maior sócio no ramo da psicanalise. O homem que, com sua integridade se dedicou a dar novas oportunidades aos estudantes de psicologia, com estágios remunerados. - a mulher inicia — Recebam com aplausos o grande empresário e sócio majoritário da Sense Psychology Corporation, Doutor Enrico Cooper! - ela anuncia, todos presentes aplaudem. 

— Vai paizão! - grito, Gwen me acompanha com um "uhu" e todos os olhares se voltaram pra gente. 

Pessoas riem e outras, as mais carrancudas nos olham com desdém. Chatos e esnobes. Certeza que eu tomaria um esporro assim que pisasse em casa. "Você me fez passar vergonha" "Que atitude infantil" é isso que eu escutaria. Ingratidão, isso sim. Enrico começou a falar disparado sobre suas ideias para a empresa. Antes dele falar sobre o novo programa que a mulher havia citado ele chamou ao palco todos os vinte estagiários. Por que todo profissional de psicologia tem a mesma cara, sérios, do tipo que não saem de casa ou tem algum problema pessoal, cara de estudante nerd?! Não generaliza, Jade. Até porquê, papai do céu...

— Puta que pariu! - falamos uníssonas. 

Nós olhamos de queixo caído e logo voltamos nossos olhares para do palco. Caralho! Eu diria que nem com um guindaste eu sairia de cima. Não era qualquer estagiário, era O Estagiário. Alto, rosto perfeitamente moldado, estou de longe mas tamanha beldade eu enxergaria há quilômetros de distancia. Santa Maria das causas sem causas. Quem é esse e de onde ele veio?!

— Como a Stef disse, eu, juntamente com meus associados, aprovamos a ideia de dar oportunidades a estudantes que, como eu, escolheram a psicologia para seguir como carreira. O programa de estagiários consiste em ensinar na pratica aquilo que eles aprendem na faculdade, basicamente, um estagio mesmo. Porém com todos os benéficos de um contratado efetivo. - disse — Outra informação importante é que de inicio, nossos doutores e doutoras não vão cobrar pela consulta, só após a terceira consulta cada um poderá estipular seu valor. Os pacientes serão de escolha, em conjunto, dos sócios e estagiário. - prossegue — Agora, sem mais delongas, vou apresentar a vocês os nossos novos e novas integrantes. - meu pai deu início a apresentação, eles falou nome de um por um até chegar nele, O Estagiário. — E por último, Zach Montes.

— Gwen Rivera, interessadíssima! - gritei alto, o suficiente pra que ecoasse por todo auditório.

 O tal Zach Montes deu um sorriso sem graça. Senti o olhar de reprovação de Enrico e me calei, me encolhendo na cadeira. Estou lascada. Merda! Ele deu continuidade a apresentação, tentando ignorar o que tinha acabado de acontecer. Fim de palestra, todos foram se reunir no bar para um coquetel de "boas vindas" a todas as propostas, e claro as pessoas novas no ramo. Eu e Gwen sumimos no meio da multidão a procura do moreno espanhol esbelto, de molhar qualquer calcinha. E, obviamente, fugir do olhar mortal que meu pai lançaria pra mim assim que me visse desfilando pelo museu. De longe eu avistei um homem tanto quanto familiar marchando em minha direção, com aquele olhar. Parti dessa pra uma pior. Cada passo que ele dava, uma placa tectônica de afastava. 

— Você ta fudida, Jade Cooper. - murmurou, Gwen, resmunguei feito uma criança prestes a fazer birra. 

Meu pai se aproximou, não disse nada, apenas gesticulou com a cabeça um "vamos embora"; meu pai não era de fazer escândalo, ele sempre mantinha a classe e explodi quando chegava em casa. Lá que a filha chora e ninguém vê. Deus, tenha piedade dessa pobre alma.

Por isso todos meus amigos amam meus pais, na frente dos outros é algo surreal de diferente. Enrico deixou Gwen em casa sem dar um pio, nem se quer se despediu dela como sempre faz, apenas parou o carro, esperou e arrancou direto pra casa. Eu já estava super acostumada com os gelos dele, tudo momentâneo, papai é incapaz de ficar com raiva de sua garotinha. Enrico parou o carro na garagem e saímos, por algum motivo Emma estava acordada e abriu a porta, pulou no colo do meu pai e começou a resmungar algo irrelevante, ignorei aquela cena afetuosa e sai de mansinho. Valeu Emm.

— Quero você na clinica segunda feira, as oito em ponto. - quando pensei que não teria penitencia, surge isso. Suspirei alto, apertei minhas mãos me segurando pra não protestar — Caso contrario, sem carro, sem festa, sem Gwen por tempo indeterminado. Estamos entendidos?- apenas assenti e retomei meu caminho para o quarto. 

Mensagem de Gwen
fala, qual foi a penitencia???

Mensagem de Theo Rivera
Poxa Jade vc vai me deixar na vontade mesmo??
Nem veio na festa do Simon
Oq aconteceu?

menção de @rivgwen: boiolinha por um estagiário....tio Cooper me apresentou ao amor ahsuhsauhauh @jadecups help!!!!!!!!

Com essa nova ordem de Enrico me obrigando a bater ponto na empresa em plena segunda feira é a minha certeza que eu veria o dito cujo, estagiário novamente. É antiético eu dar em cima de um funcionário do papai? Eu não pensei em ética quando agarrei o motorista executivo dele no ano passado. Por Deus, não era só o motor do carro que era potente.

Não entendi muito bem o motivo de Enrico querer que eu vá, cedo, para a a clinica. Só falta ele me dar um serviço. Odiaria ter que decepciona-lo, porem odiaria mais ainda ter que abrir mão dos meus bens mais preciosos. Quem arrisca não petisca. Vamos ver o que o papai Cooper tem reservado pra mim.

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