O Despertar

CAPITULO 27

Vincent queria conversar comigo, não sobre Carter ou qualquer outra pessoa mas sim sobre eu e ele. Optei a não voltar pra casa de Gwen naquela noite, sabia que ela insistiria pra Zach ficar e depois do ocorrido no banheiro eu não suportaria a ideia de dividir o mesmo ambiente que eles, por desconforto e culpa. Me senti horrível – mais uma vez – por ter mentido para ela quando a mesma me questionou o que eu estava fazendo no banheiro aquela hora, disse que estava indisposta e pedi pra que ela me deixasse sozinha, quando, na verdade eu estava com seu ficante. Santo Deus, eu sei que vou ser castigada por ser tão cruel com essa garota. Sou uma megera. Pelo menos – não tirando o meu da reta – eu optei não ficar empatando a foda deles. Sou uma megera, mas uma megera consciente. Eu não ficaria no mesmo ambiente que eles sabendo que quase tudo foi por água a baixo, por estupidez e crueldade minha, e dele.

Eu e Vincent almoçamos juntos naquela tarde e depois fomos caminhar no Central Park. Estou sem clima nenhum pra ficar falando sobre o que aconteceu. Parece que tudo fica mais pesado quando falo a respeito. Ele insistiu bastante pra que eu falasse o que Steven me contou, é tão perverso que até hoje não dilui as coisas. O fato dele ter sumido me deixa tensa, já que sua situação é de total miséria. Não sei como ele paga as drogas que ele usa, não faço ideia como ele administra tudo isso. O Sr. Carter jamais lhe daria "mesada" pro filho sustentar seu vício. Talvez ele não saiba e deposite pro filho uma quantia para ele se manter bem. O mínimo que seja.

Decidi não me comprometer a nada com Vincent. Sei que ele não tem parte com nada que aconteceu mas eu não tenho tesão pra ficar com ele mais. Querendo ou não, sua imagem me remete ao Carter e a agressão ao meu pai. Mas espero que isso passe um dia. Gosto mesmo dele. Bom, eu acho.
Chegando na casa dos Rivera, vou direto pra área da piscina, me sento em uma das cadeiras de sol, com meu moletom rosa bebê me encolho toda, acabo dormindo sob o sereno.

"Jade? Como se sente?"

Bem, eu acho. Onde estou?

"No hospital. Seus pais estão lá fora. Devo manda-los entrar?"

Não.

O que aconteceu?

"Você ingeriu uma dose alta de drogas e seu organismo não suportou. Achamos que não conseguiríamos te reanimar já que você chegou aqui desacordada. Passou duas semanas em coma induzido, você acordava e tinha surtos e crises de ansiedade, então medicamos você."

Mas agora está tudo bem?

"Parcialmente, sim"

Por quê?

"Jade..."

— Jade! - acordo num pulo, com o coração disparado e lágrimas nos olhos. As limpo rapidamente e tento focar minha atenção a loira estonteante na minha frente. — Ta tudo bem? Porque você deitou aqui? - pergunta preocupada. Gwen está toda agasalhada, perfeitamente arrumada.

— To bem, to bem. - digo. — Onde vai? - se ela estivesse saindo pra algum evento ou algo do tipo, estaria com um semblante melhor. Seus olhos parecem saltar para fora e sua pele ta branca como um fantasma. — VOCÊ ta bem? - dou enfase a "você", já que, fisicamente ela não está nada legal. Gwen se ajeita ao meu lado.

— Minha mãe me ligou. - ela pausa dramaticamente.

A mãe de Gwen deixou de ser presente na vida dos filhos logo após a morte do marido. Vive viajando e ganhando muito dinheiro, ao que ela diz ser tudo para os filhos. Como se fosse suprir a ausência dela. Sempre que ela liga, o que não acontece com frequência, Gwen se desestabiliza.