CAPITULO 38

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Sai da minha barraca e a bruma anunciou que ainda está cedo demais, mas mesmo assim segui para fora. Eu não conseguira pregar o olho durante a noite depois ocorrido, das "trocas" de olhar de Zach, já que o mesmo nem se quer tirava os olhos de mim. Fiquei matutando sobre o quão perigoso foi aquilo, sei que, por mais, que ele não aceite o fato de estarmos separados, sua atitude foi arriscada. Confesso que eu também não havia conseguido me desconectar dele e isso torna tudo pior.

Com meias nos pés, moletom, um beck bolado e um isqueiro em meu bolso, calcei meus chinelos e sai sem rumo. Numa busca, talvez falha de espairecer, ou, até mesmo, me cansar e dormir. Subi para o alto de onde estávamos, uma parte com mais arvores, eu diria que é até escondido demais. Ao subir lentamento, um barulho, repetitivo me chamou atenção, pensei que fosse os pescadores da região, ou até mesmo os campistas fazendo alguma peripécia logo pela manhã. De curiosidade, tentei checar o que é, caminhei furtivamente até onde o barulho vinha mas por um descuido me desequilibrei e escorreguei nos cascalhos e galhos soltos das arvores. Merda! Soltei um gritinho abafado sem querer chamar atenção de quem é que fosse mas foi inevitável. Escutei passos vindo em minha direção, tentei me levantar mas meus tornozelos falharam. Merda! Fudi com meu tornozelo, parabéns Jade. A curiosidade paralisa o gato.

— Por que está acordada? - a voz familiar me atingiu como um sopro ao pé do ouvido, me causando arrepios.

Ah não. Murmurei baixinho. O cara lá de cima só pode ta tirando uma com minha cara, não é possível. Com a cara mais lavada, levantei meu olhar e lá está ele com seus olhos negros como a noite, a me observar, aguardando uma reação. Parece que quanto mais eu tento fugir dele e de tudo que ele me trás, pra mais perto dele eu corro. Entrei em uma fuga circular, em que meu ponto de partida é sempre meu destino final. Um ciclo. Como se o destino não quisesse, me impedisse de escapar de minha sina.

Como eu não disse nada, Zach largou um machado - de onde surgiu isso? - no chão e se pôs a me ajudar a levantar. Disparei, involuntariamente, um gemido de dor. Sua estupida curiosa de merda! Ele disse algo mas estava focando minha atenção em minha contusão. Foco! Quando ele me colocou de pé, usei o resto de forças que ainda me restara para me firmar. Sobrepus o peso de meu corpo no outro pé. Agora você que se sustente.

— Valeu. - agradeci.

Ele deu um passo em minha direção porém recuei manca. Seu olhar se tornou brando, intrigado com minha atitude. Seja forte! Não se perca de seu objetivo. Saia dai! Merda de ondas magnéticas que me puxam para ele. Mandei estímulos para minhas pernas mas as mesmas não obedeceram, ridículas. Eu que mando em vocês! Travei uma batalha interna com meu cérebro e minhas pernas inúteis que não me obedeciam. Mais uma vez, eu o olhei, nada mudara, sua expressão era a mesma.

— Pare de me olhar assim. - pedi quase num murmurio. Ah ótimo, até minha fala está comprometida. Corpo fraco de merda, vou vende-lo no mercado negro.

— Não dá. - disse, ainda com seus olhos cravados nos meus. — Jade, deve haver um je..- meneei com a cabeça e o impedi de continuar a falar.

— Por favor, pare. - pedi. Mais uma vez ele deu um passo em minha direção e, novamente, recuei. — Pare. - minha voz, dessa vez saiu embargada; sabia que lagrimas, logo logo, se formariam causando meu caos.

Zach cessou seus movimentos, levou suas mãos até a nuca entrelaçando seus dedos. Por alguns segundos ele olhou para o céu, provavelmente perdido em meio a tantos pensamentos. Senti meu olho se inundar em lagrimas quentes e por fim se derramar.

— Isso ta muito difícil pra mim, Jade. Muito difícil mesmo. - ele desceu seu olhar, me encarando novamente. — Não chore, por favor. Você não sabe o quanto isso me dói. Parece que algo é arrancado de mim quando te vejo, ou até mesmo, te imagino assim. - respeitando meu pedido, ele fez uma suplica a distancia. Meu Deus como eu quero abraça-lo e fundir meu corpo no seu.

O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora