O Despertar

CAPITULO 31

Bom dia, Zach.

Não quis te acordar, você estava dormindo tão docemente, juro que ficaria te olhando por dias. A noite anterior foi incrível, não tive a oportunidade de dizer. Na verdade, não consegui dizer. Peço perdão por ser tão fraca a ponto de não corresponder a sua demonstração, inesperada de afeto. Estou apavorada, com medo. Minha ultima experiência com o "amor"  me deixou marcas, que, talvez, sejam irreversíveis.

Vi a verdade em seus olhos, sempre vejo quando paro para encara-los. Me sinto bem quando estou ao seu lado, segura. Confesso que você despertou algo que estava adormecido em mim a muito tempo, pena não saber se isso é bom ou ruim.

Espero que entenda.

Jade.

•••

Queria estar no clima quente e ensolarado de Hamptons, sentindo a brisa do mar agitado soprar meu cabelo, ouvindo as gaivotas mergulhando no litoral para pescar sua refeição. Ir até o restaurante e comer o melhor tartar de salmão com um bom vinho branco, sentada de frente pra costa. Depois ir para casa e deitar sob uma boa sombra na espera de um por do sol majestoso, sublime.
Contra partida, estou sob um céu cinzento e o sereno em Nova York, o lugar mais triste e caótico, no meu ponto de vista. Depois de deixar um bilhete na escrivaninha, ao lado de Zach, vesti minha roupa mais quente e sai para uma caminhada. O dia não tinha nem clareado quando pisei fora do hotel, presumo que seja, por volta de umas cinco horas da manhã. Os grandes executivos já estavam fora da cama, fazendo sua caminhada matinal antes de entrar em seus ternos caros, dirigir seus carros caros e sentar atrás de suas mesas caras para administrar suas empresas onerosas.

Em passos lentos, atravesso a rua e adentro ao Central Park. O gotejar de água das grandes árvores respinga em meu rosto e deslizam, até se secarem por completo. Coloco meu capuz e minhas mãos dentro do bolso de meu moletom, ficando, totalmente camuflada. A cada passo dado, uma lembrança surge em meu subconsciente, trazendo junto a elas, um turbilhão de sensações.

"Eu te amo, Jade Cooper, e nada que você me disser vai me fazer mudar o que eu sinto. Seus esforços de me manter longe serão em vão, porquê eu estou, completamente, apaixonado por você."

Apertei o passo e passei a correr, numa tentativa de espantar meus pensamentos e o ocorrido da noite anterior. Zach é um Deus na cama mas eu não esperava que ele se declarasse pra mim, não daquela maneira, como se estivesse falando com uma mãe, tão natural. As pessoas passam por mim como flashs, foco minha visão apenas a minha frente. Passo por cima da ponte do parque atravessando o mesmo. O ar gélido bate contra meu rosto fazendo meu capuz cair sobre meus ombros e meus cabelos voarem contra o vento.
Meu corpo se choca em outro e cai sobre o chão de cimento, resmungo ao desabar sobre meu braço lesionado. Olho para cima e me assusto com a imagem em minha frente. Travo completamente, sem conseguir dizer nada, nem mesmo seu nome. Ele está no seu estado mais decadente, a barba sem fazer, olheiras tão profundas, provavelmente causadas pelo seu emagrecimento súbito e aterrorizante. Me esforço para levantar, Steven se afasta, parece sentir medo, vejo pavor em seus olhos, que analisam todo local como se estivesse fugindo de alguém.

— Carter - minha voz sai rouca, falhada  — calma. - peço para que ele fique parado. Fico de pé e dou passos lentos e curtos em sua direção. Mais uma vez ele se afasta, assustado.  — Steven, sou eu, Jade. - por fim ele para e me encara como se estivesse me reconhecendo, olhando cada centímetro enquanto mexe sua cabeça de um lado para o outro.