CAPITULO 6

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Vê-lo novamente é como estar revivendo o dia mais pavoroso da minha vida. Como se eu estivesse, literalmente, na beira do precipício. Seu olhar está fixo ao meu. Quero gritar, esmurra-lo, joga-lo lá em baixo. Olho para baixo e vejo seus dedos pressionados em minha pele, a ponta dos dedos até esbranquiçadas devido a força. Tento puxar meu braço mas ele o segura mais forte. Me pergunto como ele soube que eu estava aqui e como ele entrou. Meus ouvidos zumbem, me impossibilitando de escutar qualquer palavra que sai da boca de Carter. Num instinto, vomito tudo que eu tomei em suas coturnos desbotadas. Malditas coturnos surradas. Ele nem se quer trocou esses sapatos horrendos. Steven continua igual.

— Jade! - o som volta soar em meus ouvidos ensurdecidos — Ta me escutando? - o olho, ainda sem entender que merda ta acontecendo. Preferia ser surda do que ouvir sua voz novamente.

Com o resto de força existente em meu copo eu me desvencilho dele. Minhas pernas estão fracas e minha cabeça rodando, lanço um olhar de morte pra Gwen que esta deitada no chão me olhando incrédula. Sério mesmo?! Respiro fundo antes de dar um passo para fora desse lugar, o meu lugar. 

— Ou você morria, ou ele te salvava, eu nem vi. Foi mais rápido que a luz, só vi o vulto preto. - da de ombros. Cretina! Pego minha jaqueta no chão e caminho ate ela esticando minha mão pra que ela possa pegar. Seguro o corpo de Gwen pra ela não cair e vou caminhando até a porta. Preciso sair daqui, nem que seja a pé.

— Eu levo vocês. - rezo para todos os santos numa súplica de tira-lo da minha frente.  

— Cara, você não serve nem pra ser gentil. - Gwen murmura.  — Afinal, oque você faz aqui?  Você não devia nem estar vivo. - ruge. Prendo o riso com a audácia de suas palavras. 

— Jade, por favor! - insiste. 

As mãos nojentas me seguram pelo braço. Meu corpo se estremece, o puxo com força, ao ponto de bambear e quase deixar Gwen cair. Mas que inferno. Onde eu vou ter que me esconder dessa vez pra ter um pouco de paz?! Como e por quê Monroe deixou um estranho entrar no prédio? Mil perguntas me cercam e nenhuma com explicação aparente. 

— Que porra, Steven, volta pro buraco de onde você saiu - em questão de segundos Gwen firma o corpo e empurra o corpo de Steven. — Vem, Jade. - ela me puxa, cambaleando. A porta se bate atrás de nós, o deixando para trás.  

— Desculpa, Srta Jade. O garoto entrou como um foguete. - assinto a cabeça e saio de lá. Cansada dessa desculpa de vultos e foguetes. 

 Ficamos vagando por todas as avenidas e ruas de Nova York, ate que paramos em um Food Truck na Times Square. Ainda estávamos sobre efeito do álcool, eu precisava comer algo, minha boca estava amarga devido ao vômito. Pedimos dois sanduíches artesanal com batata frita. Minha comida favorita descia rasgando minha garganta e eu mal sentia o gosto. Meu corpo inteiro estava tenso e tudo que eu precisava no momento é um bom banho e minha cama quente. Me sinto como uma morta viva, vendo todos ao meu redor.  O telefone de Gwen toca, interrompendo minha mente barulhenta. Um sorriso malicioso surge em seu rosto. Essa carinha só poderia significar uma coisa:

Teteco ta chamando a gente pra uma festa da universidade. - faço cara feia —Parece que vai bombar viu. - "Teteco" é o apelido mais ridículo que a Gwen pode ter escolhido pro irmão dela. Ele odeia! — E nós vamos. - gemo em negação. — Ai. imagina os universitários, sem camisa na piscina, fortes, molhados, gostosos, sensu...- levanto as mãos em rendição.

— Ta ta ta ta, nós vamos! - ela bate palminhas. — Mas vamos passar em casa pra trocar de roupa, estou fedendo. 

•••

8:00 pm

Hoje minha mãe não tem plantão, ou seja, foi difícil ela deixar eu sair em plena quarta feira a noite. Prometi voltar cedo e blá blá e, por fim, ela deixou. O irmão de Gwen nos buscou as oito em ponto. A festa de hoje é da turma de educação física com a de psicologia. Uma bagunça, já que os cursos são totalmente distintos. Eu estou vestindo um blusão branco com um coturno de couro preto e Gwen veste uma mini saia jeans, uma t-shirt do Will Smith rosa e um all star de cano médio preto. O clima ficou mais fresco, não tão frio como de manhã que estava ameaçando chover, e nem tão quente. Só que o álcool no meu corpo tornava o clima bem mais abafado que o normal. Theodore veio o trajeto inteiro tentando me convencer a passar a noite com ele, como uma namorada troféu. Senti vontade de saltar para fora do carro. 

Lotado, tumultuado, bagunça, assim eu definiria a festa, não são nem meia noite e já tem pessoas jogadas no gramado, visivelmente mortas. Logo na entrada trombamos com alguns amigos – BEM GATOS – do Theo e umas parasitas coladas com eles. Nos arrasto de lá a procura de algo mais divertido. Gwen pega nossos copos e, como de costume, para batizar o evento e nossos organismo, tomamos o primeiro drink da festa de "golão", tudo de uma vez, sem restar uma gotinha se quer. Viramos os copos pra mostrar que não restou nada e, ai sim, começamos a festa. Antes que pensávamos aparecem dois universitários, muito bem apresentados pra nos cumprimentar. A magia do campus. 

Buenas noches, meninas! - nossa, que bosta — Vocês são calouras? - um alto moreno de olhos claros pergunta. Sua beleza compensou o cumprimento de merda.

— Pra você sou ate veterana se quiser, guapo. - Gwen responde. 

Nossa, amiga, que lixo de cantada. Penso. Mas em um flash rápido ela já está agarrada no pescoço dele, sem cerimônias. O outro olha pra mim, perplexo, rindo mas sem que eu esperasse ele me puxa forte pela cintura e me beija. Wow! Suas mãos descem até minha bunda e ele aperta, dou um gemidinho entre o beijo e ele sorri. Um pigarrear nos interrompe. Olho para trás em câmera lenta. Ainda inebriada.  Ah não! Steven. Esse cara é uma assombração. 

— O que tá acontecendo aqui, boneca?  - sua voz entra em meus ouvidos me causando enjoo.

 — Isso é perseguição, Steven. Baixo até pra você. 

— Você poderia, por gentileza, tirar suas mãos grandes da minha namorada. - Carter pede ao universitário que está comigo. Eu e Gwen rimos alto. Alto suficientemente para que os caras nos olham intrigados. Agora foi longe demais. 

Tento ignorar sua presença voltando minha atenção pro universitário gostoso. Mas sinto uma mão puxar meu braço por trás, fazendo meu corpo chicotear. INFERNO! Por que ninguém mandou matar esse cara?! Teria feito um favor enorme pra humanidade. Peço pra Gwen sair dali e com ela os dois caras somem do meu campo de visão. Vejo um sorriso presunçoso surgir no rosto de Carter me deixando mais ainda furiosa. É preciso muito equilíbrio pra não comprar uma arma e meter uma bala no meio da cara de pessoas assim, mas como não tenho nada em mãos, acabo usando as mesmas. 

— Você fica tão sexy assim - Carter passa a mão no lugar onde eu o atingi antes de me puxa pela cintura. 

— Acho que você não entendeu né, Steven. — o empurro olhando no fundo de seus olhos — É, percebi que você tinha um certo atraso mental - debocho, ele permanece calado só observando —  Ninguém estava sentindo sua falta. Deveria ter ficado, sei lá, onde você estava. Nova York até perdeu a cor quando você colocou seus pés imundos aqui. 

— Voltei por você. Eu senti sua falta. - ele diz se aproximando. Rio com a cena. Dessa vez as palavras certas não me amoleceria, isso perdeu a graça. 

— Ai, Carter, você é desprezível. Tenho nojo de você. - cuspo as palavras em sua cara — Agora se você puder fazer o favor de sumir da minha frente, da minha vida, eu vou ser eternamente grata. - saio mas novamente ele me puxa pelo braço. Solto um grito nervosa, irritada com seus joguinhos. Ligeiramente, como um raio, alguém acerta um murro em cheio na cara dele, o nocauteando. Ainda paralisada, e grata, escuto um grito em comemoração ao fundo. 

— Ta tudo bem, Cooper? - meus olhos se arregalam. Ai Gwen, o que você fez?! Merda! Merda!

O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora