CAPITULO 45

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Foi por pouco, eu devia ter falado o nome de Steven mais rápido na ligação, pelo menos assim meu pai saberia quem estar por trás do meu sequestro. Ele resolveria com mais facilidade, tenho certeza; Carter quer o dinheiro, disso eu sei. Desconfio que esses homens, os capangas sejam as pessoas que ele – Steven – deve, tudo é um plano, um bom plano. Sequestrar a filha de um filantropo, empresário renomado no país e no mundo e exigir que ele pague um resgate bem gordo para livrar sua cara. Queria que meu pai, ao menos desconfiasse. Enrico contataria o Sr. Carter e ele tomaria as providências cabíveis.

Tomei uma surra ao proferir duas letras sonoras: "St". Eles me amarraram no chão frio e não me deram, nem se quer um copo de água, passei a noite com frio e fome. Chorei por horas até que adormeci, abraçada as minhas pernas numa tentativa de me aquecer. Senti meus ossos doerem com o frio, parecia que a qualquer momento eles se quebrariam como um biscoito. Ainda é verão na cidade mas nada muda o fato de eu estar em algum lugar isolado, provavelmente próximo ao mar e dentro de uma caixa de metal, faz tudo piorar. Eu podia ouvir, uma ora ou outra, o barulho do mar, não é tão alto mas eu podia ouvir os pássaros e a água. Onde quer que eu esteja, não estou perto de casa.

O barulho estridente da porta de aço ensurdeceu meus ouvidos. Levantei meu olhar para a porta e vi a silhueta dos quatro homens, estremeci. O que mais eles poderiam fazer comigo? Me estuprar? Pedi a Deus para que isso não acontecesse, eu já estou apavorada demais com minha vida, não quero ficar em relação a sexo também. Senti uma mão me puxar para trás e me arrastar pelo local, me levantando e me colocando em cima da cama. Soltei um soluço involuntário; meus olhos estão inchados e vermelhos, sinto meu umbigo bater nas minhas costas de tanta fome.

— Seu papai vai pagar pela sua liberdade, boneca. - um deles falou.

Eu não consigo nem ao menos sorrir aliviada, meu corpo está tenso e apavorado; eles vão me tocar, eles vão me matar antes de me entregar. O cara que falara comigo pegou meu cabelo, fazendo uma volta em sua mão e puxou pra trás com força me fazendo encara-lo. Gemi de dor mas não demonstrei emoção, minha visão embaçada me impediu de olhar claramente, notar os detalhes e saber quem é.

— To falando com você, vagabunda mimada. - urrou. Pisquei lentamente e tentei assenti.

— Agradeço por ainda não estar surda. - disse ríspida. — Agora solte meu cabelo ou vou garantir que meu pai lhe passe dez vezes menos do que fora combinado. - ele gargalhou alto ecoando por todo local. Ele levantou sua mão a erguendo para trás tomando impulso; tomaria mais um.

— Não encoste nela, Bradd. - a voz de Steven soou como uma melodia. O agradeci mentalmente. — Você vai ter o que lhe prometi, deixe-a em paz. - vi o tal de Bradd sorrir de canto e me soltar num impulso bruto me jogando para trás.

Carter correu até mim me levantando e me abraçando por trás, num impulso eu lhe dei uma cotovelada afastando seu corpo do meu, os caras prenderam o ar e soltaram uma gargalhada. Um deles murmurou pro outro um "bem feito" me fazendo encolher no canto da cama. Steven deve pensar que me "defendendo" pra seus amigos BANDIDOS vai me fazer criar uma Síndrome de Estocolmo e me apaixonar por ele novamente. Babaca patético. Ele ta igual aqueles caras que ameaçam a mulher amada de ficar com ele, se não, caso contrário ele irá mata-la. Quem em sã consciência vai ficar com um psicopata? Isso é só em série de televisão.

— Você não está facilitando as coisas, boneca. - ele sussurrou ao pé do meu ouvido me fazendo ânsia de vômito.

Senti ele sorrir, Carter depositou um beijo em minha têmpora e se afastou. Assim que ele atravessou pela porta junto com os outros, esfreguei meu rosto no colchão numa tentativa de desintoxicar meu rosto, esfreguei a palma da mão com força até queimar minha pele. Caminhei, furtivamente até a parede metálica que dava o outro lado de onde eles estavam e colei minha orelha no metal gelado, tentando escutar algo que eles dissera sobre meu resgate.
Quando, por fim, eu pude escutar uns murmuros, escutei também passos me fazendo correr e pular na cama com o pouco de força que ainda me restara. A porta rangeu e se abriu, era os mesmos caras, tipo, todos eles. Bufei. Espero que tenham vindo me buscar.

O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora