CAPITULO 42

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A manhã se arrastou, como se estivesse me torturando. Tentei, de todas as maneiras possíveis e impensáveis de convencer Enrico de me deixar ficar em Nova York durante o evento em Hamptons mas, como sempre a última palavra é a dele, falhei miseravelmente.
Peguei minha última mala e levei até o carro, resmunguei por todo caminho até, por fim, entrar no carro. Saco!

Paramos de frente pra clinica e, de fato, esse evento parece mais uma excursão de quinta série do que um final de semana de pessoas adultas. Enrico saiu do carro todo pomposo e foi em cada um de seus funcionários para cumprimenta-los.
Uma coisa que eu sempre admirei em meu pai é que, mesmo com toda sua fortuna e conquistas, ele jamais perdera sua essência humilde. Seja com quem for. Seu único erro é agir pela emoção e não pela razão; quando se trata de sua família, meu pai é um coração mole e ao mesmo tempo, um super herói; vale lembrar do incidente com o Carter, o homem virou uma fera, outra pessoa só pra me proteger, ele nem se quer pensou nas consequências e no que ele poderia perder, ele só fez, fez por mim.

Como é verão, o sol está de rachar, então suponho que o calor em Hamptons esteja de derreter cérebros. Espero que essa turma tenha se preparado adequadamente pro final de semana.
Como uma professora de primário, meu pai realizou uma chamada e, por fim, deu início a viagem. Os automóveis nos seguiram por todo caminho até lá, não fizemos nenhuma parada, também não havia necessidade já que da cidade até Hamptons são apenas duas horas de viagem.

Meus pés e meu corpo agradeceu quando pisei nas areias brancas e quentes da praia. Já sai de casa preparada pra que assim que chegasse, de cara, tomasse um banho de mar e me energizar. É o que eu preciso. Deixando todos para trás fui até a beira do mar, tirei minhas roupas, minhas sandálias e pulei na água. Minha mente se esvazia enquanto meu corpo boia sobre a água salgada, fico a observar a linha do horizonte; eu queria morar por aqui, nem que seja por um instante, o mar consegue, como todas as vezes, sugar toda energia negativa que havia em mim. O problema é que só o lado ruim de tudo que se foi, o que restou de bom ficou em mim como as lembranças da imensidão dos seus olhos, nada, nem mesmo o mar se compara a imensidão do seu olhar, com seu brilho.
Agito minha cabeça e dou meu último mergulho. Saio de lá, recolho minhas roupas e noto que nossa casa se agitou com a quantidade de gente, uma moto vindo ao leste chamou minha atenção, o veículo chegou levantando poeira e parou quando alcançou o deck de entrada.
Ainda de longe, fiquei a observar a pessoa na moto, a mesma se levantou e, naquele instante o mundo pareceu parar de girar, tudo ficou em câmera lenta. Quando, por fim, o capacete foi tirado, meu coração sorriu, é ele, ele voltou.

Caminhei até o deck com um sorriso de canto a canto, vi Zach pegar uma mala e me ignorar, indo reto em direção a entrada da casa. Meus ombros caíram e meus passos diminuíram quando ele virou as costas para mim. Já estou farta dessa palhaçada. Vesti minha roupa e o entrei pra dentro de casa como um foguete, eu só via minha frente, nada mais, senti meu ombro trombar com Zach na entrada e não me importei. A única coisa que eu espero é que meu pai não tenha cedido o meu quarto pra essas pessoas se hospedarem. Já to vendo que vou ter que tomar outro banho de mar, outro não, vários.

Meu pai veio até meu quarto e avisou me sobre um luau – previsível – que começará assim que o sol estiver se pondo. Como um bom Cooper, meu pai não mediria esforços para fazer desse luau uma noite de luxo com um grande buffet só pra agradar seus funcionários. Tomei uma ducha, vesti um maiô e uma saída de praia com meus chinelos de dedo e desci para a varanda, isso se é que tenha um espaço lá.
Atravessei a casa, que por sinal nunca esteve tao cheia desde o último réveillon que passamos aqui, há cinco anos atrás. Assim que pisei na varanda notei que não há espaço para mim, fui até os fundos da casa, em um lugar que eu torço pra ninguém ter descoberto ainda, ao pisar lá dou de cara com Zach, vestindo uma bermuda estampada, sem camisa e com seus óculos de leitura lendo um livro.

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