CAPITULO 3

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Abri minhas cortinas automaticamente, a luz do dia me cega, fico longos minutos de olhos fechados, me acostumando com a ideia de estar acordada tão cedo. Meu corpo dói. O céu está nublado, mas sem chance de chuva; com certeza lá fora está frio. Castigo me fazer levantar com um tempo desse e uma hora dessas. Vai ser um custo tirar a roupa e enfiar meu corpo nu e quente debaixo do chuveiro. Fico choramingando por horas até que, finalmente, eu tomo coragem e me levanto. Gratidão, Enrico. Tomo um banho rápido, visto um conjunto de moletom preto da Adidas, tênis e uma bolsa tira colo branca. Passo reto pela cozinha, evitando até tomar café pra não ter que me socializar, conversar com alguém. Silêncio matinal deveria ser lei. 

— Bom dia, Srta Cooper! - Felícia diz feliz (nossa)  — Seu pai está te aguardando no escritório. - ela sorri mostrando todos os dentes pra mim. Forço um pra ela. Chata. 

Assim que entrei vi que Enrico não estava sozinho, pelo contrario, a sala estava lotada, todos os estagiários estavam com ele, num tipo de reunião. Um verdadeiro teste pro meu humor matinal, quem sair vivo vence. Valendo. Foi ai que o Enrico notou minha presença. Nem forço um sorriso, continuo com minha cara fechada. Espero que meu pai não tire nenhum coelho da cartola uma hora dessa pra me deixar constrangida. 

— Ai está ela, - sorrio forçadamente. Deus me leva. — a primeira paciente de um de vocês. - meu olho se arregala. Por um instante eu quase me engasgo com o ar.  O que?? Espera, vamos ver se eu entendi direito. Eu o que?? — Pessoal, essa é minha filha, Jade Cooper, ela avaliará um de vocês. Passado as três consultas iniciais, eu arcarei com as despesas dela. - Enrico me abraçou de lado me esmagando. Deus, é sério, me leva! — Esse é seu castigo pela vergonha que você me fez passar ontem. - sussurra. Lhe dou um sorriso forçado, chorando por dentro. Ai eu quero a minha mãe!! Certeza que ela não compactuaria com tamanha barbaridade. 

Tento não dar-me por vencida, eu vou sair dessa. Me desvencilho do abraço falso de Enrico e dou os primeiros passos para o centro da enorme sala executiva de papai. Corro os olhos por cada um ali presente até focar nele. Cérebro perde até os compasso do pensamento. De perto é ainda mais gostoso, nossa mãe das causa injusta. Se eu não sair dessa, pelo menos, tirarei um bom proveito do castigo. Como sempre, Jade vence. 

— Por onde eu começo as avaliações? - digo impaciente. 

— Vou te dar uma colher de chá. Deixarei você escolher, já que é a primeira. - nossa que castigo em, papai. Estiquei meu braço e apontei pro cantinho da sala, com toda vontade do mundo. Meus dedinhos dedilharam, como uma dança, na direção de Zach. 

Meu pai olha na direção em que estou apontando e, de uma forma bem estranha, ele da um sorriso de canto. Não importa. Eu venci. O espanhol me olha fixamente, assente com a cabeça e da um passo para frente. Perfeito! Me delicio com a bela escultura, vestido em um terno impecável, cabelo simetricamente alinhado ao seu belo rosto. Seu maxilar marcado me causa espasmos loucos. Por Deus, quero possuir este homem. 

— De acordo, Sr. Montes? - o estagiário se aproxima do meu pai e assente a pergunta. — Perfeito! A partir de hoje, vocês terão uma relação estreita de paciente e psicólogo, ficarei sabendo de cada comportamento seu, Jade, para com ele, e seu, Zach, como profissional, para com, sua paciente. Tendo isso em mãos, saberei se irei ou não mantê-lo na empresa. Isso vale para todos vocês. - Enrico tagarela mais uma vez. Estou ficando impaciente. 

Finalizado os avisos e toda baboseira burocrática do meu novo serviço, Enrico nos liberou, deixando apenas os outros estagiários para a seleção de seus pacientes. Eu também deveria receber uma comissão, vou ter que acordar cedo toda semana, andar até aqui pra ficar sentada fingindo me interessar pelo serviço de um cara extremamente gostoso. Só Deus sabe o tanto que eu vou ter que me conter pra não pular em cima dele e fazer desde homem um cavalinho de shopping. 

O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora