CAPITULO 32

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Eu estava ali, explicando para ela fazia uma hora e durante esse tempo Gwen me perguntou a mesma coisa diversas vezes. Não a julgo, pois eu estava me fazendo as mesmas perguntas desde que aceitei me render a chantagem desvairada de Theodore.
O que me causa mais alivio é saber que isso não durará para sempre, uma hora ou outra Theo perceberá que isso é tolice; obrigar alguém a ficar com outra é tão estúpido quanto chantagea-la para tal. Por outro lado, isso me apavora, pelo simples fato de que esse "segredo" não ficará escondido para sempre. Eu não conseguiria esconder algo tão delicado de Gwen a vida toda, um dia eu precisaria falar para ela, desabafar e quem sabe, futuramente, depois de tudo isso passar, ela poderá me perdoar. Mas por enquanto, eu arcaria, antecipadamente, com as consequenciais de gostar de alguém novamente.

Estamos na cozinha, enquanto Olguinha prepara o almoço da família Rivera. É muito estranho eu pisar aqui de novo, logo após eu descobrir tanto e não poder dizer nada. A mãe de Gwen estava em seu escritório quando cheguei e não saiu de lá desde então. De alguma forma, penso que a Srta. Rivera, anda investigando o paradeiro do marido. É muito suspeito, que ela esteja em Nova York e eu, acidentalmente, encontrar o Sr. Rivera aqui. Tirando as conversas estranhas que Gwen alega ter escutado a respeito de um homem, que o que tudo indica ser o seu próprio pai. Há uma enorme possibilidade de ela ter voltado definitivamente por conta dele.
Sei de todas as fases do luto e a aceitação foi uma das que a mãe de Gwen não soube lidar muito bem.

— Amo meu menino mas ele não é o cara certo pra você - Olga entra na conversa, sem tirar sua atenção das panelas. — O que aconteceu pra você, do nada, tomar essa decisão? - minha amiga me lança um olhar de "Pois é, me diga!" "O que aconteceu hein?". Legal, então pessoal eu fui chantageada, dai agora to nesse castigo. Já que você ressaltou, Olguinha, realmente, o Theo não é o cara certo pra mim! Forço um sorriso sem mostrar os dentes.

— Resolvi dar um chance ao pobre coitado - dou de ombros. — Vai que da certo. - blefo. As garotas assentem uníssonas e voltam a focar em suas atividades.

A porta aos fundos se abre e fecha em seguida. Suponho que seja a mãe de Gwen saindo do escritório, pois o tintilar de seus saltos a anunciam. Meu olhar percorre todo o local e meus olhos se encontram com o dela. A Srta. Rivera parece outra pessoa, mais jovial, deslumbrante. No pouco tempo em que a vi e convivi com sua presença na cidade, o seu estado era um dos piores devido o paradeiro e, suposta, morte do marido. Ela da um largo sorriso e vem, diretamente, a mim me puxando pra um abraço forte e caloroso. Desde que ela e minha família se conheceram e criaram laços, a Srta. Rivera, sempre que me vê, me chama, carinhosamente de "a jovem Cooper".

— Cada dia mais linda, a beleza da mãe. - ela passa suas mãos ao redor de meu rosto e sorri, retribuo envergonhada.

— Obrigada, Margot. - digo.

Por fim, ela caminha até a filha e deposita um doce e delicado beijo em sua testa. A Gwen se ilumina como um fogo de artifício. Um sorriso involuntário surge em meu rosto juntamente com uma lágrima, a limpo rapidamente e me viro.
Demos inicio a refeição assim que Theo chegou. Foi minha deixa para grande atuação, me portar como uma namorada perfeita na frente de sua família. Ou parte dela. Ainda me sinto incomodada, pelo simples fato de saber tanto e estar junto a eles a mesa como uma farsante.

Theodore fez questão de exibir sua maior "conquista", que no caso sou eu. Sua mãe, por outro lado, nem se espantou, de acordo com a mesma, ela já "sabia" que eu e seu filho ficaríamos juntos. Seria lamentável eu ter que decepciona-la daqui uns dias e dizer que toda sua intuição era em vão e que tudo isso não passa de uma farsa. Uma chantagem sem escrúpulos e cruel. Cheguei a questionar a Margot o motivo, repentino, de sua volta para casa, na espera de que ela me dissesse o que eu já sabia, mas ela nunca diria o que eu, de fato, queria ouvir, ainda mais na frente de seus filhos. Sua justificativa foi de que ela sentia falta dos filhos e de sua casa. Pode até ser que seja mesmo, mas não foi por isso; não é possível que ela só sentiu falta de tudo isso agora. Claro que eles acreditaram no que ela dissera, já eu não.

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