Prólogo 2/2

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O que eu estava fazendo?

Como se levasse um choque, me afastei de Ruggero e apanhei minha bolsa que havia caído sem eu me dar conta; murmurei um "preciso ir" e sai correndo para qualquer lado, sem saber muito bem para onde ficava a saída.

Só queria me afastar. Colocar minha mente no lugar.

Avancei por uma porta vermelha com dizeres que eu nem tive tempo de ler; segui por um corredor que eu não fazia ideia de onde iria dar e, de súbito, me assustei com os barulhos.
Parei.

Logo uma cena se desenrolou na frente dos meus olhos.

Uma moça gemia copiosamente com as pernas envolta da cintura de um homem que, sem piedade, mordia seu pescoço, sua boca e desferia tapas fortes em suas nadegas.
Ela gritava, mas não era exatamente de dor.

Eles pareciam procurar um lugar para se enfiar e terminar o que estavam começando – não que parecessem se importar com platéia –, mas logo temi um esbarrão.
Um vergonhoso esbarrão.

Por isso, tomada pelo desespero, entrei na primeira porta que vi aberta e a fechei atrás de mim.

Estava tudo bem.

Respirei.

Respirei de novo.

Eu ainda podia ouvi-la gemer lá fora.

Meu Deus.

Levantei a cabeça e... Onde eu havia me enfiado?

Estreitei os olhos estudando o quarto – sim, um quarto enorme – e constatei que aquilo era chique, mas ainda assim, cheirava a sexo. Por todos os lados.

Havia uma cama no centro, uma cama redonda com lençóis vermelhos de seda; logo abaixo, um tapete felpudo também vermelho; nas paredes, uma cor pastel com adesivos grudados – adesivos de silhuetas de pessoas transando, em posições que eu duvidava ser capaz de fazer; do outro lado, um divã vermelho de veludo; no teto, um ventilador ligado que aliviava o calor que eu sentia.

Meu coração pulsando.

Afastei-me um pouco da porta e caminhei até a cama, me sentei na beirada e liguei o abajur que estava em cima da cômoda pequena que estava ao lado, encarei a luz fraquinha e suspirei profundamente, afundei o rosto nas mãos e quis chorar.

Eu queria muito chorar.

Ainda podia ouvir a música lá fora.

Agora estava tocando Downtown e a voz da Anitta preenchia o ambiente em um ritmo que deixaria qualquer um com tesão, menos eu.

Eu estava furiosa e ao mesmo tempo me sentindo a pior traidora do mundo.

− Te encontrei!

A voz de Ruggero me faz saltar da cama e arregalar os olhos.

Aquele homem maldito não cansava de me torturar?

Ele fechou a porta, mas não sem antes espiar lá fora e arquear uma sobrancelha.

− O que você quer? – Indaguei, ríspida.

Ruggero abriu um sorriso cheio de segundas e terceiras intenções.

− Eles estão tendo uma baita noite, hein?

Ele estava se referindo ao casal barulhento lá fora.

− Bom pra eles. – Disse, sem emoção. – Sai daqui.

− Eu vi quando você entrou aqui nesse corredor, pensei em vir e dizer que aqui não é exatamente a saída.

− Acho que já percebi. – comentei.

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