Cap 7

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Eu tremia descontroladamente quando desci do táxi que peguei.

Por sorte eu havia encontrado um casal gentil que eram donos de um bar à beira da estrada e, por terem muito bom coração, haviam ligado para um parente que era taxista e ele logo apareceu para me socorrer.

Eu queria parar de chorar, mas não conseguia.

Dona Lúcia, a dona do bar, havia me feito beber dois copos de água açucarada, mas não adiantava.
O choro não passava, nem os tremores.

Mike havia me abandonado ali, sozinha, a mercê de qualquer pessoa ruim e eu nem sabia o motivo.

Assim que cheguei à empresa, tirei o dinheiro da bolsa para pagar ao motorista, mas ele havia dito que não era necessário e que não se cobra de uma mulher em desespero. Eu agradeci entre soluços e caminhei de cabeça baixa para dentro.

Valentina não estava na recepção, mas Otávio sim, porém apenas acenei brevemente para ele e me enfiei dentro do elevador.

Eu não entendia.

Michael nunca havia me tratado assim, nem em nossas piores brigas. Sempre que ele começava a ficar irritado, saia de perto de mim, socava a parede ou empurrava alguma cadeira para liberar sua raiva, mas logo voltava e me envolvia em seus braços pedindo perdão pela explosão. Entretanto, dessa vez, havia uma faísca de ódio em seu olhar.

Eu senti tanto medo.

Nunca havia passado pela minha cabeça que ele seria capaz de algo assim, principalmente porque cuidava de mim acima de tudo, mas dessa vez não havia pensado em nada.

E o pior era que eu sabia que a culpa era minha. Se eu tivesse falado firme e encerrado o assunto sobre Ruggero.

Ele só queria que eu falasse, mas eu me contive.

Talvez eu tivesse causado isso... Talvez se eu tivesse explicado... Eu sabia que ele entenderia.

Quando dei por mim as portas metálicas se abriram e uma jovem ia entrando, porém parou para me olhar, curiosa, mas eu apenas disfarcei e sai correndo para o banheiro feminino.

Precisava me recompor, quem sabe ligar para Mike, tentar explicar que Ruggero não significava nada... Não sabia o que fazer.

Mas doía.

Adentrei no banheiro às pressas rezando para não haver ninguém nos cubículos e, ao inspecionar rapidamente, me dei conta que estava sozinha.

Melhor assim.

Caminhei até a pia e abri a torneira, coloquei a mão embaixo da água corrente e depois levei a mão molhada até o rosto apagando os vestígios das lágrimas e da maquiagem borrada.

Respirei.

Respirei de novo.

Puxei o ar, prendi por alguns segundos e depois soltei devagar.

Meu reflexo estava péssimo, mas o pior era os tremores nas mãos que não cessavam. Meu sistema nervoso se contorcia em descontrole e eu precisava me acalmar.

Mas os gritos dele reverberavam nos meus ouvidos.

─ Calma, Karol. Respira. – Ordenei para mim mesma.

Mas o choro vinha aos montes me fazendo apoiar as palmas das mãos no mármore da pia e deixar a cabeça pender para frente.

As lágrimas pingavam dentro da pia e eu não conseguia parar.

Me sentia tão... sozinha. Se eu contasse... Se eu contasse todos iriam cair em cima dele, mas eu não podia fazer isso. Precisávamos conversar, nos acertar. Eu precisava entender o motivo daquilo.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora