Cap 3

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Meu pai havia sido claro em relação à Karol.

Ele havia dito que eu devia deixá-la em paz, que não deveria ir com gracinhas para o seu lado e nem palavras dúbias e, até saber quem era, eu havia concordado.

Não estava nos meus planos ser indecente com a assistente pessoal do meu pai, porém, lá estava ela.
A esquentadinha do clube de mulheres.

Ela ainda era como eu me lembrava, porém os anos havia lhe feito um bem danado. Seus olhos verdes estavam mais profundos, seu corpo se destacava naquele vestido preto discreto que ia até um pouco a cima do joelho.
Tudo nela me chamava.

Mas eu não ia fazer merda só porque meu pau estava bombeando mais sangue do que meu cérebro.

− Não precisamos. – Respondi fingindo prestar atenção na caneca azul em minhas mãos.

Ela queria falar sobre aquela noite. A noite em que transamos de uma forma surreal, a noite em que nos conhecemos, a noite anterior ao dia que ela me abandonou naquele lugar e fugiu como se eu fosse o diabo.

Bom, talvez eu fosse.

− O quê? – Guinchou. – Claro que precisamos!

Deixei a caneca de lado e a encarei.

− Naquela noite eu estava sob contrato. Ou seja, a cláusula de confidencialidade estava contida ali. Independente de qualquer coisa, eu não posso falar sobre o que aconteceu. – Expliquei. – E, mesmo se não houvesse, que tipo de homem acha que sou? Eu nunca contaria a ninguém. Não seria legal da minha parte constranger uma dama.

Karol parecia estar processando tudo que eu havia dito e, nesse meio tempo, temi salivar enquanto descia os olhos pelas curvas bem acentuadas, me lembrando de como foi tocar cada parte daquele corpo.
Seu sabor.
Seu sabor passou horas nos meus lábios naquele dia.

− Então não pode falar que transamos?

Assenti.

− E mesmo que pudesse, não falaria. – Ri.

Agora foi a vez dela assentir, como se estivesse assumindo o controle de seus nervos que deveriam estar enlouquecidos com a possibilidade de ser descoberta.

Eu não precisava de dias para conhecer o tipo dela. Karol era o tipo de mulher exemplo. A garota exemplar, aquela que só tirava dez e que mataria as amigas de inveja por estar sempre em forma, sempre cuidando da saúde, mantendo tudo sob controle.

Menos aquela noite.

Eu fui seu pecado e parecia ser difícil para ela conceber a idéia de conviver com um erro.

− Graças a Deus! – Murmurou se encostando à beirada do balcão. – Não é nada contra você, mas eu sou compro...

Comprometida. – Ri, mas aquela palavra soava azeda nos meus lábios. – Eu imaginei. Ainda com aquele otário?

Dessa vez ela revirou os olhos, mas acabou sorrindo, como se eu fosse um caso perdido.

Parecia mais leve.

− Você nunca filtra o que diz, né? – Indagou. – E sim, ainda estou com o mesmo cara daquele dia, mas ele não é otário.

Tem razão, ele é corno também, pensei, mas não disse.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora