Cap 37

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Cinco anos depois...

─ Estou no saguão do aeroporto. Será que pode ficar calma, Valentina? – Falei enquanto puxava minha mala pelo piso escorregadio. ─ Eu juro que vou chegar pra sua despedida de solteira. Faz o seguinte: Vai andando com o Lio e a Chiara e já, já eu encontro vocês no Clube.

Valentina parecia estressada demais mesmo que estivesse fazendo aquilo que mais havia planejado nos últimos meses: se casar com Mário.

Mário era um rapaz gentil e amoroso, era modelo, mas estava se formando em economia para trabalhar na empresa do pai.
Mas, acima de tudo, Mário amava minha irmã com todas as forças. Era impossível não notar o amor transbordando entre eles quando estavam juntos.

─ Você será a minha madrinha, tem a obrigação de aparecer no Clube para a minha despedida de solteira, Karol! – Ralhou, mas não sei muito bem por que, já que eu estava indo fazer exatamente isso. ─ Acredita que o Lio contratou cinco caras pra dançar pra gente? Adorei isso!

Eu ri enquanto me aproximava da saída e esticava o braço para chamar um dos taxistas parados ali perto.

─ Bem a cara dele fazer isso! – Brinquei. ─ Eu vou entrar no táxi, já, já encontro vocês. Te amo!

Desliguei o celular e o coloquei dentro do bolso da bolsa.

Era estranho estar de volta ao Rio de Janeiro. Parecia que ali fazia mais calor e que existia mais vida pulsando por todos os lados; não que São Paulo não tivesse isso, mas... Estar em casa era outra coisa.

Já fazia três anos que eu não voltava ao Rio. A minha última visita havia sido em um momento muito triste, no enterro da Vó Margô.
Ainda doía profundamente pensar que não a veria mais e que ela não estaria no casamento da minha irmã e que não iria conhecer o futuro bisneto, já que Valu estava grávida.
Ela havia falecido à noite, enquanto dormia. De uma forma delicada e quase poética Deus a tinha levado de nós.

Quando Ana, a menina que mora do lado da casa dela, entrou para lhe dar bom dia e saber como ela estava, Vovó já não tinha mais vida, porém havia um esboço de um sorriso em seus lábios.
Eu queria tê-la visto e me despedido melhor, não me parecia o suficiente o nosso adeus anos antes; sempre iria me culpar por não ter vindo visitá-la no natal dos anos seguintes, mas a faculdade tomava a minha vida todinha e sem contar o trabalho, mas no fundo eu sabia que ela entendia.

Vovó sabia da minha alma e do meu amor por ela.

No fim, tudo que vivemos seria eterno.

Entrei no táxi e depois que colocar minhas bolsas na mala, o motorista tomou seu lugar ao volante e eu lhe entreguei o endereço do Clube que Valu tinha me passado por mensagem.

Quando Valentina me contara de Mário, eu havia ficado muito feliz, de verdade. Era bom saber que sua vida havia seguido bem, inclusive ela tinha até começado um curso de enfermagem e, sinceramente, era lindo vê-la tão animada com algo, sem contar que o futuro marido super apoiava e até lhe ajudava com os trabalhos do curso.

Eles costumavam ir me visitar nos feriados e em alguns fins de semana e eu adorava isso.

Minha vida ainda estava muito corrida, principalmente por que eu estava no finzinho do curso, logo seria a formatura e eu tinha conseguido uma proposta ótima de emprego em uma empresa onde apenas mulheres trabalhavam; era uma empresa que oferecia atendimento para mulheres vitimas de relacionamentos abusivos, havia psicólogas, terapeutas, psiquiatras e o setor jurídico que seria onde eu ficaria com mais duas colegas do curso.
Eu havia adorado a idéia. Eu as tinha conhecido enquanto procurava ajuda para mim mesma, afinal nunca se cura totalmente essas cicatrizes, mas com as psicólogas e as terapeutas, eu me sentia muito melhor e confiante. Era quase como se eu fosse outra pessoa.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora