Cap 17

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Ruggero era engraçado.

Eu gostava do senso de humor dele, mesmo que às vezes me fizesse ficar vermelha igual a um tomate; porém, mesmo assim, ele sempre me fazia rir.

─ Você precisa experimentar! – Ele frisou, pela décima vez, acho. Ruggero insistia que eu precisava provar uma macarronada que ele fazia sempre que estava em casa, mas eu apenas ria enquanto negava com a cabeça. Rugge não parecia o tipo de pessoa que sabe cozinhar. ─ Isso é preconceito seu, sabia? Sei cozinhar muito bem, mocinha!

Apoiei os cotovelos em sua mesa.

Estávamos no escritório e era hora do almoço. Precisaríamos ir a um determinado lugar entregar algumas coisas, mas por enquanto decidimos almoçar juntos.
Fazíamos isso fora das vistas dos outros funcionários curiosos, inclusive da Candelária.

─ Aposto que cozinho muito melhor. – Me gabei, entornando um pouco do meu suco de laranja. ─ Faço um bolo de chocolate que é dos deuses!

Meu chefe riu.

─ Isso é uma competição, coração? Eu sou muito competitivo.

Estreitei os olhos e depois acabei rindo.

─ Você gosta de me desafiar, isso sim!

Ele já ia revidar, mas meu celular vibrou ao meu lado e o peguei para ver a mensagem que piscava na tela.

Era da Ana, a filha de uma vizinha da Vó Margô; Sem que nossa avó soubesse, Valu e eu estávamos pagando a Ana para fazê-la companhia e, de certa forma, vigiá-la, pois por mais que negasse, sabíamos que ela não estava tão bem assim, principalmente por causa de sua pressão que vivia nas alturas.

Ana dizia na mensagem que os remédios para hipertensão haviam acabado e que a Vó Margô se negava a comprar mais, por que alegava que estava muito bem e não precisava daqueles "venenos", então Ana sentiu que precisava me avisar.

E fez certo.

Agradeci a menina e disse que iria resolver aquilo.

Vó Margô era teimosa demais!

─ Algum problema? – Ruggero perguntou ao me ver recolhendo o resto do meu almoço e enfiando dentro da embalagem para colocar no lixo. ─ Não vai nem se despedir, coração?

Balancei a cabeça.

─ Desculpa, mas a minha avó está precisando de uns remédios, mas é teimosa demais! – Parei por um segundo e esfreguei a testa. Se algo acontecesse com ela... Não suportaríamos. ─ Ela não aceita o tratamento pra pressão, acha que não precisa, mas sabemos que ela precisa sim!

Levantei da mesa e fui até o lixeiro que ficava no banheiro dentro do escritório mesmo, mas no meio do caminho, Ruggero passou na minha frente e me segurou pelos ombros, fazendo-me olhá-lo nos olhos.

─ Tem uma farmácia aqui perto, fica tranquila, coração.

Não era só pela farmácia...

Eu queria dizer que... Que se acontecesse algo, por menor que fosse... Valu e eu não iríamos conseguir viver.
Vó Margô havia nos criado, ela foi nossa mãe e nosso pai desde que os mesmos morreram; só de pensar nessa coisa da pressão e que era grave...

─ Rugge... Você não entende. A minha avó é tudo pra mim. Se algo acontecer, se ela parar com os remédios...

Ruggero arrancou a embalagem da minha mão e colocou em cima de uma mesinha e, quase imediatamente, me puxou para seu corpo.

O cheiro dele, pra mim, era calmante.

Afundei o rosto em seu peito e deixei que suas mãos acariciassem meus cabelos e afagassem minhas costas em um carinho silencioso.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora