Cap 24

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O fato de Ruggero está certo e apaixonado por mim, não me fazia ficar menos irritada com esse afastamento.
Sem contar que nada parecia dar certo naquele dia.

Eu estava debruçada sobre o vaso sanitário com a cabeça quase toda dentro dele, colocando pra fora até o que não comi e mesmo assim parecia não ter fim.

O maldito estresse estava acabando comigo; eu andava cansada, emotiva demais e, sem contar, não conseguia comer nada.
Vó Margô deveria ter visto isso em suas cartas e talvez eu tivesse me preparado melhor pra esses tempos difíceis.

Mais uma onda de enjôo e volto a enfiar a cabeça no vaso. Tudo está girando quando me arrasto até a parede do cubículo e respiro fundo.

─ Karol? Karol, cadê você?

Com a ponta dos dedos consigo empurrar a porta e na mesma hora Lio aparece no meu campo de visão com seu cabelo azul e sua cara de preocupação.

Ele se agacha perto de mim e torce o nariz.

─ Oi. – Sibilo.

─ O que aconteceu aqui? Karol, você está péssima! Eu vi você correndo pra cá, por isso eu vim. Mas... Amiga, você precisa ir ao médico.

Balanço a cabeça negando.

─ É o estresse. Já aconteceu isso antes. O que está fazendo no banheiro feminino? Não pode ficar aqui.

Lionel estreitou os olhos pra mim.

─ Tenho alma de mulher e, além do mais, não mude de assunto. – Meu amigo se levanta e me oferece a mão, eu aceito, mas custo para conseguir levantar. – Karol, isso não é normal. Você está abatida demais, sem contar que parece a ponto de desmaiar a qualquer momento.

Exagerado.

─ Claro que não. – Abaixo a tampa do vaso e aciono a descarga. – Eu só preciso lavar o rosto.

─ Ah. Claro. Me engana que eu gosto. – Provoca, me seguindo até a pia. – O que aconteceu?

Abri a torneira e coloquei as mãos em forma de concha embaixo para aparar um pouco de água e lavar o rosto.

Quando a água gelada escorreu pela minha pele, senti um alivio imediato e o enjôo começou a abrandar.

Lionel estava certo. Eu parecia péssima.
Tinha olheiras profundas, meus cabelos pareciam secos e não havia cor no meu olhar.

─ Ruggero. Foi Ruggero que aconteceu, Lio. – Falo de uma vez. – Ele quer se afastar de mim, porque está apaixonado e eu sou burra demais para dizer que sinto o mesmo. Foi isso que aconteceu.

Os olhos do meu amigo saltam de tanta surpresa e mesmo pelo reflexo, percebo que está querendo dar pulinhos, porém ao ver minha cara de poucos amigos, ele se controla.

─ Mas... Você sente o mesmo? Tipo, o tesão já dá pra saber que sente, né? Mas quem não sentiria... Aquele homem é um Deus!

Seguro a vontade de revirar os olhos, porque ele está certo.
Ruggero é maravilhoso. Mas não é só fisicamente falando; ele é gentil, engraçado, tem um coração lindo, sua voz parece uma melodia e seu cheiro... Ah. Aquele cheiro... Mas nada ganha do sorriso dele. É o sorriso mais bonito e cheio de luz do mundo. Eu poderia passar a vida inteira admirando seu sorriso.

─ Não importa o que eu sinto. – Dou de ombros. – Eu estou confusa demais. E mesmo que eu sentisse algo, o Ruggero já deixou claro que me quer longe.

─ Ele só quer porque você está confusa, amiga. Aquele cara é um lord, ele jamais iria te pressionar, muito menos ficar no seu pé. – Ele tocou meus ombros e eu relaxei um pouco. – É assim que o amor é: liberdade. Quando amamos alguém, quando amamos de verdade, deixamos essa pessoa livre. Um coração que ama, não sabe o que é egoísmo.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora