Cap 25

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Pego Peter no meu colo e acaricio seu pelo amarelado e macio.

Eu o havia achado na rua, dentro de uma caixa de papelão e naquela noite chovia muito. Eu fiquei morrendo de pena. Ele era magrinho e muito pequenininho, mas aos poucos foi retomando seu peso e cresceu bastante.
Ele era tão importante pra mim quanto minha família. Eu o amava.

Era muito cedo e uma brisa gélida entrava pela janela aberta do meu apartamento, me avisando que talvez chovesse e, no fim das contas, seria até bom.

Talvez eu nem fosse à empresa.

Não queria ver a Karol. Era até melhor não vê-la.

Passei anos sem me apaixonar e quando isso acontece, eu não sei o que fazer. Não sei lidar com o tanto de sentimento que brota de uma vez, muito menos sei frear a imagem dela que vive na minha cabeça.

Só consigo pensar no sorriso dela. Naqueles olhos verdes...

Peter mia e eu o coloco em cima do sofá, ele fica dando voltas até finalmente se deitar; me sento ao lado dele e suspiro pesadamente.

─ Você que faz bem não se apaixonar, sabia? – Digo a ele. – Isso é ruim pra cacete.

Meu gato apenas me olha, mas eu prefiro pensar que ele me entendeu e está concordando comigo.
Peter sempre me escuta, mesmo que seja subornado por um sachê fedorento.
Pelo menos é mais barato que um terapeuta.

─ Ela é linda, Peter. – Continuo falando. – E o problema é esse, sabe? Ela é linda demais e tem um cheiro tão gostoso... E tem um cabelo tão lindo... Sem contar no sorriso... Ela é maravilhosa.

Ergo os olhos até um determinado porta-retrato que está pousado entre alguns outros na estante onde ficam meus livros; a pequena Karol me fita e eu acabo sorrindo pra ela.
Pelo menos ainda tenho a foto.

─ Eu estou todo fodido, Peter. – Suspiro e meus ombros caem. – Ela me fudeu e nem foi no bom sentido.

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Independente de qualquer coração partido, eu precisava ir à empresa.

Um temporal caia quando parei minha Mercedes no estacionamento do edifício e soltei o volante, mesmo que a minha vontade fosse de dar a volta e fugir dali.
Eu tinha clientes na Argentina e na Itália, podia ir para lá e ocupar minha mente com qualquer outra coisa, mas, depois de alguns minutos planejando minha fuga, cheguei a conclusão que seria impossível esquecê-la.

Mesmo que eu fosse pro Japão, ela ainda estaria dentro de mim.

Desafivelei o cinto e me estiquei para pegar minha carteira no porta-luvas, mas assim que o abri, um envelope branco caiu no chão do carro e antes mesmo de pegá-lo, eu sabia do que se tratava.

Era uma carta que eu havia escrito para a Karol no dia em que sai da casa do Jorge. Eu pretendia entregá-la e depois... Bom, depois eu ia embora, pra sempre.
Mas assim que voltei a si, percebi que não podia abandonar a empresa do meu pai. Ele havia confiado em mim.

Peguei o envelope e o dobrei com cuidado, depois enfiei dentro do bolso do terno.

Eu iria jogá-lo fora assim que entrasse na minha sala.

Abri a porta do carro e, quando coloquei o primeiro pé para fora, fui puxado com violência e minhas costas bateram com força na porta traseira.

O estacionamento estava silencioso e vazio, e nesse momento eu tive a certeza que Michael havia esperado o melhor momento.

─ Surpresa, playboy!

Eu tive que ri, mesmo que ele estivesse segurando o colarinho da minha camisa.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora