Cap 31

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Ruggero estava calado demais.

Tínhamos escolhido um filme de romance e em momento nenhum houve alguma piadinha sem graça ou saliências da parte dele; ele simplesmente havia sentado ao meu lado e fechado a boca.
Aquilo me deixava nervosa.

Em determinado momento do filme, peguei o controle e dei pausa e apenas quando fiz isso foi que ele esboçou reação; me olhou com a testa franzida.

─ O que houve, Coração?

Coloquei o controle em cima do centro de vidro e ajeitei a almofada que estava sobre meu colo.

─ Me diz você, Ruggero. Você está esquisito. Aconteceu alguma coisa com a empresa? Não me diga que eu deixei algo errado ou que...

─ Não, não, não... – Ele tocou minhas mãos, acariciando-as em seguida. ─ É só que... Que eu preciso te contar uma coisa, mas não sei como...

Eu sentia pelo tom de voz dele que algo muito ruim estava por vir, mas apenas assenti, temendo pelo que viria, mas mostrando firmeza.

Eu não queria que ele me escondesse as coisas. Precisávamos ser sinceros.

─ Pode falar qualquer coisa pra mim. – Comecei, meio incerta mas tentando parecer inabalável. ─ Sem segredos, lembra?

Ruggero assentiu devagar, não parecia muito convencido, eu até podia ver sua mente funcionando a mil por hora.

─ Primeiro eu quero que você saiba que eu te amo. – Falou devagar e eu concordei, disso eu sabia. ─ Eu te amo mais do que já amei na vida. Não me lembro a última vez que fui tão feliz quanto sou agora do seu lado. Você é a minha vida todinha, Coração.


Levei sua mão até meus lábios e a beijei com delicadeza.

Poderiam ser os hormônios da gravidez, mas eu já sentia vontade de chorar, porém me segurei.

─ Eu também te amo, Rugge... Você é tudo pra mim. Quero que nunca se esqueça disso, tá?

Ele riu e depositou um beijo delicioso na minha boca, depois encostou nossas testas e sorriu mais.

─ Nunca irei me esquecer disso, Amor.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, absorvendo o calor de nossas peles e de olhos fechados, apreciando o momento.
O mundo parecia paralisado. Por fim ele deu um longo suspiro e se afastou e, quando Rugge fez isso, senti um grande vazio.

Ouvimos a campanhia tocar e o barulho ecoou por todo apartamento, mas Ruggero me pediu para não ir atender, para fingirmos que não havia ninguém em casa, para que pudéssemos conversar à vontade, mas continuavam apertando diversas vezes a campanhia e eu acabei me aborrecendo e resolvendo ir atender.

─ Eu vou dizer que já estava indo deitar. – Eu disse à ele quando me levantei, mas ele continuou segurando minha mão. ─ Eu já volto.

─ O porteiro nem avisou, talvez seja só algum vizinho chato. – Contrapôs. – E o que eu tenho pra falar é muito importante.

Balancei a cabeça.

Continuavam tocando a campanhia e aquilo estava me dando nos nervos.

─ Eu sei que deve ser importante, por isso eu voltarei logo. – Me abaixei e beijei sua bochecha. – Te amo.

Ajeitei meu vestidinho de dormir e calcei as sandálias. Meus pés pareciam inchados, mas segundo a Vó Margô, era normal, então tentei abstrair e não pirar com a idéia de estar ficando grande demais.

Atravessei a sala e o hall de entrada, olhei pelo olho mágico e franzi o cenho.

Destranquei a porta e a abri lentamente, mas a mulher do outro lado a empurrou e entrou, me ignorando de primeira, até que parou no meio do movimento e sorriu, como se só então tivesse notado minha existência.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora