Fiquei encarando as costas de Ruggero quando ele foi embora.
Havia uma pressão no meu peito como se uma mão invisível segurasse meu coração e o espremesse e era a sensação mais aterradora que já senti.
Ele havia partido levando todas as palavras que proferi no calor do momento e não havia como voltar atrás e remediar.Ele me odiava. E tinha motivos.
Sem dúvida Ruggero não iria mais querer me ver, talvez até me demitisse e eu merecia. Talvez ele me afastasse pra sempre.
E, o pior de tudo era que doía mais do que eu me atreveria a admitir.─ Amor, vamos entrar.
Fechei os olhos por alguns segundos e engoli o sentimento amargo que descia pela minha garganta seca.
Girei nos calcanhares e encarei Mike.
─ Quero que vá embora também.
Ele riu mas não havia humor.
─ Está brincando? – Guinchou. – Sou eu. O seu noivo, Karol! Eu te perdôo pelo seu casinho com aquele playboy e, sem mágoas, poderemos seguir nossas vidas juntos.
Passei a mão pelos cabelos.
Michael havia me traído e eu o havia traído também. Se ainda restava amor, com certeza estava afundado em mentiras e, do fundo do coração, eu estava exausta demais pra aguentá-lo.
─ Não pedi seu perdão e, sinceramente, não tenho a intenção de pedir. – Deixei claro. – Você me traiu e eu te traí. Mike, do que adianta continuar com isso? Não há futuro pra nós.
─ Amor, não fala assim. – Ele segurou meu rosto nas mãos e senti seu hálito quente contra minha pele. – Eu te amo. Eu te amo de verdade e sei que você também me ama. Já passamos por tanta coisa juntos, isso é só mais um obstáculo, mas o nosso amor vai vencê-lo.
Me afastei de seu toque, pois não conseguia e não queria ficar tão perto dele.
Eu estava cansada demais, meu corpo doía e meus pensamentos giravam em torno do Ruggero e de como ele havia saído magoado, ou foi o que pareceu pelo menos.
─ Eu quero ficar sozinha. – Falei e o empurrei para passar, mas antes que eu conseguisse fechar a porta, ele entrou também. – Mike, por favor, vai embora. Eu estou pedindo.
Ele negou calmamente com um movimento rápido de cabeça; fechou a porta com uma pancada barulhenta e depois se virou pra mim.
Parecia outra pessoa.
Um olhar que eu não conseguia decifrar.
─ Eu já estou ficando cheio desse seu mimimi todo, sabia? – O tom de voz grave. – Já chega de tanta frescura. Estamos juntos há seis anos, Karol. Seis anos! Quem mais você acha que vai te aguentar tanto tempo? Hein? Você pode ser insuportável às vezes.
Inconscientemente eu estava dando passos curtos pra trás, mas acabei esbarrando nas costas do sofá e precisei parar.
Algo dentro de mim me pedia pra gritar, agir, expulsá-lo logo, mas eu não conseguia.
Sempre que ele falava daquela forma, eu ficava amedrontada demais. O medo falava mais alto.─ Não fala assim comigo, Michael. Só pedi que você fosse embora. Só isso.
Meu ex-noivo riu com escárnio e se aproximou o suficiente para me coagir ainda mais.
Eu estava tão encolhida que poderia atravessar o sofá a qualquer momento, mas ele parecia se divertir com aquilo; havia um lampejo de excitação em seu olhar.─ Mas acontece que eu não quero ir, Princesa. – Retrucou contornando minha bochecha com a ponta do dedo indicador. Um calafrio subiu pela minha espinha. – Eu amo você, mas às vezes é dá um trabalho do cacete. Você poderia facilitar as coisas.

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Luxúria
FanfictionSINOPSE LUXÚRIA: "Três anos atrás Karol havia feito uma coisa que se arrependia amargamente; ela havia traído o, até então, namorado. Pensar nisso a fazia ter dores de cabeça. Trair significava que ela não era a mulher perfeita que Michael esperava...