Cap 13

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Mike estava destruído.

Havia tanto sangue escorrendo de sua boca machucada que precisei usar quase meu estoque inteiro de gaze cirúrgica para estancar tudo; sem contar que um dos dentes parecia solto e eu pude constatar que se ele não fosse logo ao dentista, aquilo não ficaria nada bem.

Mas Michael era teimoso e continuava repetindo que estava bem e que logo que o sangramento parasse, tudo voltaria ao normal.

─ Como isso aconteceu? – Perguntei pela décima vez.

Ele afastou minha mão e cuspiu mais uma poça de sangue dentro da pia da lavanderia.

─ Eu já disse, foi um cara no trânsito... – Cuspiu de novo. – Ele me fechou, eu fui reclamar e o cara era maluco, me agrediu. Pronto.

Peguei mais um pouco de água gelada que havia trazido minutos antes e o fiz usar para bochechar.

─ Mas isso não é certo! Você precisa ir à delegacia.

Michael negou com um movimento rápido de cabeça.

Ele cuspiu fora a água que tinha na boca.

─ Não vai adiantar, o cara fugiu, eu nem anotei a placa. – Suspirou enquanto tocava no lábio inferior que estava muito vermelho. ─ Não quero falar mais sobre isso.

─ Mike, você foi agredido, está muito machucado, não pode simplesmente se calar! – Protestei. – Vamos, eu te levo na delegacia.

─ Já disse que não! – Michael tocou meu braço chamando minha atenção. – Está tudo bem, linda. Eu juro. Não quero confusão.

Afastei o braço de seu toque e pigarreei me virando para apanhar uma toalha que estava no varal.

─ Então vai tomar um banho, eu vou pegar gelo e depois a gente dá uma compressa ai. – Apontei para boca dele e entreguei a toalha. – Vai logo, você tá todo sujo.

Não esperei para ouvir se ele protestaria ou aceitaria minha sugestão, apenas virei de costas e marchei de volta para a cozinha dando de cara com os sacos de lixo.

Os sacos onde os lençóis estavam.

Olhei por cima do ombro e vi pela janela entreaberta Mike tirando a camisa e jogando dentro da máquina de lavar, me agachei e empurrei os sacos para baixo da pia, depois puxei a cortina que Vó Margô havia posto ali e, naquele momento, serviu para camuflar os sacos.

Eu não queria pensar na noite passada, não naquele momento. Pelo menos naquela circunstância eu precisava estar no controle da minha mente e das minhas ações, porém, enquanto abria o congelador em busca do gelo, uma coisa me veio à cabeça como uma martelada.

Mike não sabia que eu iria ficar em casa. Então o que ele estava fazendo ali?

Tudo havia acontecido tão abruptamente, sua chegada, o machucado, o sangue... Eu nem havia tido tempo de questionar seu aparecimento súbito ali.
Ele tinha as chaves, mas sem eu estar em casa, o que ele faria?

Meu noivo passou por mim seminu e com a toalha apoiada no ombro, tocou minha cintura rapidamente e seguiu para o banheiro.
Um arrepio percorreu minha espinha mesmo depois que sua mão saiu dali.

Não era sobre a noite passada. Era sobre a presença de Mike depois do que havia acontecido e sua completa falta de empatia.
Ele nem sequer havia notado meu distanciamento ou o fato de eu não chegar tão perto dele.

Mas o pior era que minutos antes dele aparecer, eu... Eu nem estava pensando nele.

Quando Ruggero me tomou nos braços e nossas bocas se tornaram praticamente uma, tudo havia paralisado e naquele instante éramos apenas nós.
Eu não era a garota exemplar, noiva do Michael. Não. Eu era uma versão livre e despreocupada, porém totalmente entorpecida pelas sensações que seu corpo despertava em mim.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora