Eu não tinha conseguido pregar o olho, por isso Valentina havia me feito beber um chá de camomila, e foi só depois dele que consegui dormir um pouco, mas fui acordada pela chuva forte que caia e batia contra a janela do meu quarto.
Me levantei ainda sonolenta e calcei as sandálias. Havia um curativo no meu pé. Só quando cheguei em casa na noite anterior foi que notei que os cacos da garrafa de vinho haviam me machucado.
Sai do quarto e segui pelo pequeno corredor, porém fui barrada pela minha irmã antes de chegar à sala.Ela parecia ligeiramente nervosa.
─ Valentina, o que aconteceu? Eu quero ir na cozinha beber água. – Argumentei.
Ela continuava bloqueando meu caminho com o corpo.
─ Eu pego pra você, vai deitar um pouco.
Balancei a cabeça.
Isso não tinha lógica.
─ KAROL! KAROL, SE VOCÊ TIVER ME OUVINDO, EU TE PEÇO PERDÃO! EU TE AMO, KAROL. EU TE AMO MAIS DO QUE TUDO NA MINHA VIDA!
Ruggero.
Ruggero estava gritando por mim. Era ele.
Num primeiro momento eu paralisei, pois não queria vê-lo, mas estava chovendo muito forte e ele poderia ficar doente. Além do mais, talvez ele precisasse que eu dissesse mais uma vez e com todas as letras que tínhamos acabado para sempre.
O meu lado que ainda o amava se negava a deixá-lo na rua.
Avancei contra minha irmã, indo para a janela, mas Valentina agarrou meu pulso, puxando-me.
─ Valu!
─Não, Karol! Não faz isso. Esse cara só te magoou, lembra? Deixa ele mofar lá fora. Uma hora ele vai embora.
Tentei arrancar meu pulso de sua mão, mas não obtive sucesso.
Os gritos continuavam do lado de fora.
─ Valu, isso não é humano! O Ruggero pode pegar uma pneumonia. – Contrapus. – Só preciso falar pra ele que acabou, só isso. Ai ele vai embora.
─ Nem você acredita nisso, Mana. Karol, por favor, só estou te protegendo! Você não merece passar por mais um sofrimento, já basta.
Desisti de lutar contra ela.
Minha irmã tinha toda razão, eu sabia disso. Mas... Me doía profundamente que ele estivesse passando por aquilo, apesar de que... Eu não conseguiria olhá-lo sem lembrar daquela mulher beijando-o, falando como se fossem velhos amantes – talvez até fossem mesmo, mas eu não precisava passar por aquilo.
─Eu sei, eu sei. – Me desvencilhei de suas mãos e me encostei na parede gelada. ─ Mas é que eu ainda o amo, sabe? Eu amo aquele homem com todas as forças que tenho e não consigo lutar contra esse maldito amor. Não consigo, Valu.
Valentina me abraçou com força, acariciando minhas costas.
─ Eu sei que é difícil, mas tenta, por favor! Agora você vai ter um bebê, precisa pensar nele primeiro, lembra? Pense em você e nele, depois no Ruggero, certo?
Assenti me afastando e passando a mão pela minha barriga.
─ Você está certa. – Admito. ─ Ruggero não é minha prioridade agora.
----------------------------------------------------------------------------------
O dia havia se arrastado lentamente e, por incrível que pareça, comecei a agradecer os dias de folga que Ruggero havia me dado; era melhor não vê-lo tão cedo. Talvez eu até pedisse demissão assim que o Senhor Bruno voltasse. Ele já estava pra voltar mesmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Luxúria
FanfictionSINOPSE LUXÚRIA: "Três anos atrás Karol havia feito uma coisa que se arrependia amargamente; ela havia traído o, até então, namorado. Pensar nisso a fazia ter dores de cabeça. Trair significava que ela não era a mulher perfeita que Michael esperava...