Cap 4

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Lionel havia nos visto juntos e aquele fofoqueiro de uma figa podia abrir a boca a qualquer minuto ou segundo.

Era isso, bastava Ruggero aparecer e eu me metia em problemas. Primeiro foi lá no Clube A Sós, agora seria no meu trabalho, diante das pessoas que me conheciam fora dali, que sabiam do meu namoro, que me admiravam por ser tão correta.

Ele era o filho do dono, o garanhão, o treinador de sexo que ganhava a vida flertando e ensinando a flertar, mas eu não.
E eu devia ter levado isso em conta.

Estúpida, estúpida, estúpida!

Aquele filho da puta gostoso!

Enterrei o rosto nas mãos e me encostei à parede gelada do corredor que levava até um pequeno depósito onde ficavam algumas remessas que chegavam, mas que ainda precisavam passar por alguma inspeção.
Ali ninguém ia muito, por isso preferi me refugiar naquele lugar e pensar.

Colocar meus pensamentos em ordem.

Meus pensamentos e a minha amiguinha lá de baixo que teimava em ficar eufórica demais quando Ruggero estava por perto.

Traidora.

− Rá! – O grito de Lionel reverberou pelas paredes e explodiu dentro dos meus ouvidos me fazendo sair de perto da parede como se ela estivesse pegando fogo. – Eu sabia que ia te encontrar aqui.

Pousei as mãos sobre o peito e senti meu coração bater tão forte que estava até tendo tonturas.

− Que merda! – Exclamei com os lábios tremendo. – Lio, por favor, para de fazer isso!

− Desculpa Kah, mas não precisa ficar assim. Vem. – Ele abriu os braços e me puxou para um abraço carinhoso enquanto acariciava os longos fios do meu cabelo. – Eu não queria te assustar, só queria te tirar desse poço de arrependimento.

Me desvencilhei de seu abraço bruscamente e encarei seus olhos azuis que me fitavam com algo que não era tipo "vou te entregar para todo mundo" mas sim algo como "Fica tranquila."

─ Lio...

─ Mona, vai por mim, eu sei como é sentir esse fogo todo por alguém e ao mesmo tempo não saber o que fazer com isso. – Ele enxugou uma lágrima que eu nem notei que tinha escorrido dos meus olhos. – Não vou contar para ninguém, se esse é seu medo.

Eu nem sabia o que sentir, nem o que falar, por isso joguei meus braços em volta de seu pescoço e ele praticamente me ergueu do chão com seu abraço de urso.

Nós nos conhecíamos desde que eu entrei aqui e, de todos, ele sempre foi o que ficou mais comigo, que ia até meu cubículo bagunçar minha mesa e repassar fofocas, mas acho que nunca o tinha visto como amigo mesmo.

Mas as pessoas costumam nos surpreender.

─ Obrigada. – Murmurei meio sorrindo, meio chorando de alivio. – Eu não quis aquilo, entende? Mas eu não sei... quando ele chega perto...

─ A sua piriquita fica assanhada. Entendo. – Sorriu. – Olha, então é o gostoso do nosso chefe o cara que você transou?

Passei as mãos pelos cabelos e suspirei pesadamente.

─ Sim. É ele. Mas já faz uns três anos.

Lio estava roendo a unha do dedão e sorria com tanta malicia que temi que tivesse tendo aulas com Ruggero.
Pousei uma mão na lombar e esfreguei a testa.

A maldita dor de cabeça aparecendo.

─ Então você traiu o mikebuste?

─ Mikebuste? – Repeti.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora