Meses depois...
Não havia sido fácil abrir mão do Ruggero e do nosso amor, mas também não era fácil estar com ele quando tudo que eu mais precisava era me cuidar sozinha e pensar mais em mim mesma.
Estávamos quebrados e não havia como consertar aquilo tudo juntos. Precisávamos seguir nossas vidas, era o melhor caminho.Nos primeiros dias eu achei que fosse morrer, peguei o telefone dezenas de vezes e disquei o número dele, porém desisti.
Ainda nos falávamos uma vez ou outra, mas nada muito demorado, já que eu tinha voltado para a empresa, e ele estava trabalhando muito na Argentina.Mas havia um vazio. Um vazio que tempo nenhum no mundo ajeitava.
O senhor Bruno e a Dona Antonella me tratavam da melhor forma possível e não me deixavam sozinha, eles realmente me viam como uma filha agora, apesar de tudo e, para falar a verdade, eu gostava muito disso.
Mas secretamente eu estava sondando algumas faculdades fora do Rio de Janeiro, para tentar entrar em Direito. Eu havia posto na cabeça a idéia de ser advogada e, de alguma forma, ajudar mulheres que passaram por algum tipo de abuso físico ou psicológico; eu queria trabalhar no Ministério Público e ser útil na vida de alguém.Não era tarde pra mim. Eu poderia passar noites em claro, prestar vestibular e ir atrás de tudo que deixei no passado por causa de medo.
Aliás, medo era algo que eu estava riscando do meu dicionário. Valentina estava me acompanhando a uma psicóloga todas as terças e quintas e, as segundas-feiras eu ia à psiquiatra, pois necessitava de alguns remédios para dormir e para a ansiedade, porém almejava deixá-los de lado logo.Era um passo por vez.
─ Eu adorei seu cabelo novo, mona! – Lio exclamou assim que entrei na empresa e encontrei-o com Valentina na recepção.
Meu cabelo estava mais curto, um pouco acima do ombro; eu também havia pintado-o de castanho e isso foi muito bom, eu me sentia mais leve, era como começar do zero.
E o cabelo parecia um ótimo começo.
─ Eu também adorei, sabia? – Valu disse, sorrindo. ─ A Karol parece tão mais...
─ Feliz? – Arrisquei. ─ Sim, me sinto mais feliz. Tranquila, talvez. Contudo, é uma nova fase, acho que eu precisava... Ser mais eu, sabe?
Deixei-os fofocando mais um pouco e subi para ir para minha mesa.
Assim que sai do elevador dei de cara com Candelária, mas ela me ignorou. Havíamos voltado a estaca zero, tipo quando eu comecei a trabalhar aqui e ela fingia que eu era insignificante demais para merecer suas palavras e seu tempo.
E eu preferia assim.Sentei-me na minha cadeira e liguei o computador, chequei os compromissos do dia do Senhor Bruno e separei alguns envelopes que comportaria os contratos que eu ia imprimir mais tarde naquele dia; voltei minha atenção para o computador e entrei no meu e-mail para baixar algumas coisas que eu tinha deixado salvo, mas assim que abri minha caixa de entrada dois emails me chamaram a atenção.
O primeiro era de uma faculdade em São Paulo e o segundo era...
─ Ruggero... – Sibilei sorrindo.
Deslizei a setinha do mouse e abri a mensagem do Ruggero.
Havia uma foto dele segurando três gatinhos miúdos que dormiam no calor de seus braços, ele estava sorrindo como um bobo e na legenda dizia: "O Peter (o nosso gato) e a Lica, a esposa dele, tiveram filhos! Eu sou o avô mais babão do mundo, Coração!"
Nosso gato.
Coração...
Lica e Peter eram namorados – casados, como Ruggero sempre enfatizava quando mandava mensagens sobre eles – e agora tinham filhotes!
Eu gostaria de abraçar todos...
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Luxúria
FanfictionSINOPSE LUXÚRIA: "Três anos atrás Karol havia feito uma coisa que se arrependia amargamente; ela havia traído o, até então, namorado. Pensar nisso a fazia ter dores de cabeça. Trair significava que ela não era a mulher perfeita que Michael esperava...