Cap 16

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Eu havia passado o resto do dia pensando no Ruggero.

Acho que nunca pensei nele tanto quanto naquele dia. Eu roçava uma perna na outra lembrando do quanto precisava de suas mãos na minha pele, de seu hálito quente no meu pescoço, de sua boca na minha, de sua voz rouca e altamente ardilosa ao pé do meu ouvido.

Eu até tinha ido almoçar com as meninas, mas a concentração havia me abandonado.

O maldito havia conseguido me prender pelos meios mais baixos possíveis, mas o problema era que era muito bom.

Quando finalmente as pessoas começaram a ir embora, eu quase chorei de felicidade. Parecia bom demais para ser verdade.

Recolhi minhas coisas e enfiei tudo dentro da bolsa e quando ia bloquear a tela do celular, alguém se jogou na minha cadeira e pegou uma das minhas canetas.

Candelária.

─ Quanta pressa, novata.

Não. Não naquele dia. Eu não estava afim de provocações.

─ O que você quer? – Perguntei rispidamente pegando minha caneta de sua mão. – Fala logo, estou com pressa.

─ Ah. Bom, então eu vou ser bem direta. – Seu tom de voz me fez olhá-la com atenção. Parecia que ia me atacar a qualquer momento. ─ Eu sei que você está dando pro Ruggero. Eu sei que vocês têm um caso.

Se havia algum resquício de cor no meu rosto, desapareceu naquele momento.

Abri a boca e fechei igual um peixe.

Estreitei os olhos e me apoiei na mesa.

Ela estava blefando. Não teria como saber.

Cruzei os braços da forma mais casual que consegui.

─ Está bêbada por acaso? – Ri, mas era de nervoso. – Não tenho nada com Ruggero, apenas um relacionamento profissional.

─ Não se faça de tonta! – Ficou de pé. Cara a cara comigo. ─ Eu ainda não tenho como provar, mas assim que eu tiver as provas, vou ferrar com você por ficar no meu caminho.

Ergui o queixo e estufei o peito tentando passar a imagem de alguém que não se importa, mesmo que por dentro estivesse absolutamente tremendo de medo.

Ninguém podia saber.

─ Faça o seu melhor então. – desafiei. – Mas duvido que descubra algo, até porque isso é pura imaginação sua.

Candelária riu como se eu fosse maluca.

─ Eu sei muito bem que ele está com você! Havíamos combinado de sair umas semanas atrás, mas ele simplesmente esqueceu. E, o mais engraçado, é que foi no mesmo dia que você faltou ao emprego... Suspeito, né? Ou será só coincidência?

Naquele momento eu queria rir.

Então ele havia deixado ela esperando para ficar comigo... Nem sei o que deveria sentir, mas fui atingida por uma mistura de alivio e uma certa raiva.

Porque ele não me contou?

De qualquer forma, eu gostei de saber disso.

─ Não tenho tempo para suas teorias da conspiração. – Abanei a mão no ar, enfiei o celular na bolsa e passei por ela empurrando-a para o lado. – Tenha uma boa noite!

Apressei meus passos e, mesmo sem olhar para trás, sabia que ela estava me olhando, desejando abrir um buraco na minha cabeça com sua visão de ódio.

Mas isso não me importava.

Entrei no banheiro e molhei a nuca, depois o rosto e passei um pouco de perfume e batom.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora