Cap 6

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Dois dias depois...

Ela estava esquisita.

Karol e eu nos conhecíamos desde que éramos crianças, nos afastamos por um tempo, mas logo depois voltamos a nos aproximar e tudo culminou em um relacionamento duradouro, pautado em confiança mútua e amor. Entretanto, já fazia dois dias que ela parecia nervosa e um pouco dispersa.

Eu a conhecia bem o suficiente para saber que algo estava acontecendo, mas era difícil lê-la, era praticamente impossível adivinhar o que estava passando em sua cabeça, e isso me deixava maluco, colérico.

Ela tinha que me contar tudo, no entanto, parecia afundada em pensamentos que só a levavam para mais longe de mim.

─ Está tudo bem? ─ Perguntei, tocando sua coxa por cima da calça jeans.

Estávamos no meu carro indo para a empresa que ela teimava em trabalhar.

No fundo, eu sabia que ela só estava querendo se impor, mostrar que não precisava de mim, porém eu não entendia.
Eu podia sustentá-la, mesmo sendo estagiário, eu logo estaria em um bom cargo e Karol não precisaria mais ir a essa... Essa coisa que chamam de empresa.

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Nunca iria concordar com isso.

Eu a amava mais que a mim mesmo e não via sentido em vê-la apenas poucas horas por dia. Se ela ficasse o dia inteiro em casa, eu poderia sempre almoçar com ela, sem contar que eu não achava que era correto Karol trabalhar tantos dias com aquele tal chefe novo.

─ Tudo bem, amor. ─ Ela respondeu, mas seu olhar não combinava com suas palavras.

O sol da manhã entrava sorrateiramente pelo vidro entreaberto da janela do lado dela e se deitava sobre seu colo; quando saímos da via expressa, ela suspirou profundamente.

─ Karol, você está estranha.

Ela girou a cabeça para o meu lado, forçando um sorriso.

─ Impressão sua. Só estou um pouco atarefada essa semana. – Karol mexeu no cinto de segurança como se tivesse algo fabuloso ali que merecia toda sua atenção, mas eu sabia que estava apenas me evitando. ─ E como vai o seu estágio?

Parei o carro no sinal vermelho e ouvi a estação de rádio mudar sozinha.

Merda de carro velho!

─ Acho que logo serei efetivado. – Falei, apertando alguns botões do rádio acoplado ao painel. ─ Só estou esperando meu chefe voltar de um congresso. Mas eu sei que serei efetivado, sou o melhor ali.

─ Eu pensei que houvesse outros concorrendo pela vaga.

Assenti.

─ E há mesmo, mas nenhum é melhor que eu. – Garanti, porque era a verdade. ─ Além do mais, me esforcei muito para chegar onde estou. Sou praticamente o braço direito do Sr.Gonçalves De Almeida.

Karol sorriu orgulhosa enquanto deitava a cabeça no meu ombro.

Botei o carro para funcionar de novo quando o sinal ficou verde.

─ Você é muito bom, amor. – Suspirou. – Tenho muito orgulho de você.

Eu podia sentir meu peito inflando de felicidade e satisfação; eu sabia que ela se sentia assim, podia ver em seus olhos, mas ouvi-la dizendo era muito melhor.
Me fazia sentir grande, poderoso, dono da situação.

─ Então... – Tirei uma mão do volante e a apoiei em sua coxa acariciando de leve. ─ Esse seu novo chefe é legal? Você não fala nele.

Isso vinha me incomodando bastante.

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