Cap 11

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Acordei um tanto desorientada e levei alguns segundos para entender que estava no sofá e não no meu quarto e na minha cama.

Eu havia deixado um bilhete ao lado da cama avisando a Mike que não conseguia dormir e ia para sala assistir algo e talvez acabasse adormecendo – e foi verdade – exceto pela parte que eu quis dormir na sala. Eu não conseguia dormir na cama com ele.

Demorei um pouco para tomar ciência das dores que despontavam nas minhas coxas e o leve incômodo na minha intimidade que ardia ainda; sentei-me devagar como se meu corpo fosse feito de cristais e só então vi um pedaço de papel no centro de vidro com a minha aliança em cima.

A noite passada havia mesmo acontecido.

Não havia sido um pesadelo.

Ainda sonolenta e um pouco desnorteada, apanho o papel e o levo para perto do rosto para conseguir ler a caligrafia curvilínea de Mike. Eu reconheceria aquela letra em qualquer lugar.
Ele dizia que não quis me incomodar e que me amava, mas também questionava o motivo da aliança estar sobre um móvel no quarto e não no meu dedo. Ele frisou que adorou a noite e me deixou um beijo.

Um gosto amargo preencheu minha garganta.

Peguei a aliança com a ponta dos dedos e o objeto pareceu queimar a minha pele; a recoloquei em cima do vidro e amassei o papel onde havia o recado.

Estava tudo muito silencioso e isso era raro.

Minha irmã sempre havia sido a pessoa mais bagunceira e barulhenta do mundo, era estranho toda a calmaria que escorria pelo apartamento, como se ele estivesse abandonado.

Peguei meu celular que estava no chão perto do pé do sofá e acendi a tela e foi então que entendi.

Eu estava atrasada.

E não era só um atraso. Era um ATRASO.

Eu já deveria estar na empresa há mais de uma hora.

Merda!

Levantei o mais rápido que pude e me arrependi na mesma hora. Meu corpo doía absurdamente, parecia que eu havia levado uma queda ou corrido uma maratona sem a devida preparação.

Eu me sentia mal.

Parei perto da poltrona e me apoiei.

Meu coração batia acelerado no peito e a minha respiração estava ficando entrecortada, sem contar que algo no meu estômago se remexia... Meu corpo parecia fora do meu controle.
E foi ai que o medo se apossou dos meus movimentos.

Paralisei.

Minhas mãos suavam absurdamente e eu não me reconhecia. Nunca havia tido nada disso e o mais bizarro era não conseguir, de forma alguma, parar.

Eu simplesmente não conseguia.

Puxei o ar com força e depois soltei devagar...

Respirei.

Respirei.

O ar estava ficando pesado.

Levei a mão até o peito e apertei a blusa com força.

Ataque de pânico.

Eu já tinha lido algo sobre isso em algum lugar.

Uma agonia fora do controle subia pelos meus braços como se fossem mil formiguinhas andando pelo meu corpo, querendo devorar minha carne, me machucar.

Arranquei a blusa apressadamente e me encolhi.

Meu Deus!

Sentei no chão e escondi o rosto entre os joelhos.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora