Cap 15

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Três semanas depois...

Nos dias que se seguiram, a minha vida foi voltando aos eixos – pelo menos era o que eu queria pensar.

Não que as coisas com Mike estivessem indo bem, afinal ele não parava de me ligar e, vez ou outra, eu acordava com ele batendo na porta do meu apartamento, caindo de bêbado e me implorando para voltar. E tinha as vezes que ele ia até a empresa me esperar na saída.

Vê-lo dessa forma acabava comigo, pois o que eu sentia por ele ainda não havia acabado.

E foi mais ou menos por isso que acabei cedendo as suas investidas algumas vezes e acabamos na minha cama, enroscados e, logo depois, brigando, pois eu não conseguia esquecer todas as mentiras; em contrapartida, Ruggero e eu também nos encontrávamos bastante e não era nem só no trabalho. Por vários dias acabávamos saindo para comer algo e sempre, sempre, sempre acabava em sexo.

Eu estava com os dois e me odiava por isso, mas também não conseguia parar.

Eu também havia contado tudo para Valentina e, depois de xingar Michael com pelo menos uns mil palavrões diferentes, ela simplesmente gargalhou até quase cair do sofá.

Aparentemente, para ela, minha vida amorosa era um daqueles filmes de comédia romântica; mas eu não achava a mínima graça nisso tudo.

Eu me sentia péssima.

─ Isso se chama "sexo", mana. E sexo é sempre bom. – Valentina disse enquanto entravamos na empresa. ─ Tirando o Michael, essa coisa toda está muito boa pra você, não acha?

Acenei para Otávio que nos viu entrar e coloquei minha bolsa em cima da ilha da recepção.

─ Ruggero é meu chefe. Quanto tempo até o Senhor Bruno descobrir tudo e eu acabar no olho da rua?

─ Eu não acho que o patrão faria isso, e, caso aconteça, relaxa pelo menos você aproveitou bemmmm muito! – E me lançou uma piscadela.

Havia momentos que eu tinha vontade de acertar um soco bem no meio da cara da minha irmã, mas no fundo eu estava querendo rir daquilo tudo.
Nem em mil anos havia passado pela minha cabeça algo assim.

Três semanas antes eu estava sendo pedida em casamento e, dias depois, eu estava fodendo com meu chefe como se não houvesse amanhã – com o chefe e com o ex-noivo traidor.
No fundo todos éramos traidores.

Enterrei meu rosto nas mãos e respirei fundo.

─ Eu estou ferrada!

Valu se debruçou sobre a ilha e puxou minha mão para que eu pudesse vê-la.

─ Karol, se não quiser mais, é só parar. – Sorriu. – Mas eu suspeito que o problema é justamente esse, né?

Relutantemente concordei.

─ Eu não quero parar.

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Pouco antes da hora do almoço, apanhei algumas pastas para levar até a sala de Ruggero e, não posso negar, pensei em pedir que Lio fizesse isso. Talvez eu devesse cortar o mal pela raiz logo e conversar com Rugge, pedir que ele esquecesse tudo, mas antes que eu pudesse tomar uma decisão, lá estava meu corpo agindo por conta própria e indo até a sala dele.

Bati na porta apenas uma vez, mas ela estava entreaberta então simplesmente entrei; Ruggero estava em sua cadeira lendo algo e quando me viu, começou a tagarelar:

─ Sabia que, de acordo com uma pesquisa, cerca de setenta por cento dos brasileiros são insatisfeitos sexualmente? – Ele ponderou por alguns segundos, depois voltou a ler. – E levando em conta que quarenta e nove por cento faz sexo três vezes por semana... Isso é muita coisa.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora